Depois de passar a campanha inteira falando em “nova política” governador Ratinho Júnior (PSD) nomeou nada menos do que oito ex-deputados para seu governo. A justificativa é de que os nomeados são “exceção”, carregam experiência política e podem somar na gestão. Porém, se somados, os salários dos ex-parlamentares chegam a R$ 88 mil por mês, o que equivale a pouco mais de R$ 1 milhão por ano.
A lista dos nomeados começa com Alexandre Guimarães (PSD), assessor especial da Vice-Governadoria. Sempre fiel a Ratinho, o ex-deputado tem remuneração de R$ 19.571,71 por mês.
Filho de um ex-prefeito de Campo Largo, Guimarães já teve bens bloqueados pela justiça em 2017, por gastar “dinheiro público de forma abusiva e indiscriminada”. Na época, ele era acusado pelo Ministério Público (MP) de usar dinheiro da Assembleia Legislativa para uso pessoal em bares e restaurantes, porém recorreu ao Tribunal de Justiça (TJ-PR) e foi inocentado.
Outro ex-parlamentar com salário alto é Rasca Rodrigues (Podemos). Servidor público de carreira, o deputado já recebia R$ 9.432,57 por mês por ser um agente profissional da Secretaria do Meio Ambiente. Em fevereiro, foi nomeado para mais um cargo na Sema, dessa vez em comissão do tipo DAS-1. Com isso, ele passou a receber um adicional de R$ 10.997,46. Somando as duas funções, seu salário é de R$ 20.386,46 mensais. Atualmente, Rasca responde a um processo por improbidade administrativa.
Claudio Palozi (PSC), que se tornou superintendente do Serviço Autônomo Paraná Educação, recebe R$ 14.729,18. Ele também é professor na cidade de São Jorge do Patrimônio e tem uma remuneração adicional de R$ 2.946,25. Os seus dois salários totalizam a quantia de R$17.675,43 mensais.
Miltinho Pupio também é um ex-deputado nomeado. Tem uma função comissionada DAS-1 na Casa Civil e seu salário é de R$ 10.922,75
Também empregado por Ratinho, José Maria Ferreira está em um cargo em comissão AE-1 na Fundepar e recebe R$ 17.538,39 mensais. Ele já foi condenado pela Justiça em uma ação por improbidade administrativa, em que é suspeito de fraudar uma licitação quando era prefeito de Ibiporã.
Edson Praczyk foi deputado por cinco mandatos na Assembleia e enfrenta processos na Justiça. Ele foi nomeado pelo governador em fevereiro e ganhou um cargo como assessor da diretoria da Celepar. Seu salário é de R$ 8.434,23.
O ex-parlamentar Luiz Accorsi, que também está sendo processado e conseguiu um cargo comissionado DAS-2 na governadoria, tem salário de R$ 4.395,54.
Quanto ganha?
Há um dos oito salários que não é divulgado. Ademir Bier, que ficou na Assembleia Legislativa durante cinco legislaturas, foi nomeado para o cargo de diretor de Obras da Cohapar. Além de se garantir, ele conseguiu emplacar a filha num cargo comissionado na Comec.
O salário do ex-parlamentar não pode ser divulgado em razão de uma decisão judicial iniciada por um dos sindicatos que representa os empregados da Cohapar. A empresa não pode divulgar a remuneração de seus funcionários, sob pena de receber uma multa diária de R$ 10.000.
No final do ano passado, Bier foi um dos alvos da Operação Mustela, que apurava irregularidades nas filas do SUS. Na ocasião, o Gaeco cumpriu um mandado de busca e apreensão em três de suas residências e no seu gabinete da Assembleia Legislativa.