“Curitiba tem vários apartheids sociais”, diz Mocellin

Professor há 40 anos e historiador, Renato Mocellin (PV) foi o terceiro entrevistado da série do Plural

Na entrevista concedida ao Plural nesta quinta-feira (1º), o candidato Renato Mocellin (PV), afirmou que, se eleito, quer fazer de Curitiba uma cidade mais inclusiva, com civilidade e menos desigual. Para Mocellin, a capital paranaense apresenta vários “apartheids sociais” e desníveis em distribuição de renda. “Eu quero ser prefeito de Curitiba para administrar Curitiba não para grupos, mas para todos”, diz.

Mocellin é historiador e professor de cursos pré-vestibulares do Colégio Positivo há cerca de 40 anos. Ele foi o terceiro da série de 12 entrevistas do Plural com os principais nomes na corrida à Prefeitura de Curitiba. Além de ter falado sobre desigualdade, o candidato revelou quais são os seus planos para a educação, meio ambiente, crise hídrica, transporte coletivo e sobre políticas para o combate da Covid-19. Temas como polarização política e intolerância também foram abordados.

O candidato do PV é formado em Direito, História e Estudos Sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), além de ser mestre em Educação na UFPR e pós-graduado em História da Arte pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Mocellin tem livros publicados e escreve apostilas para ensino fundamental e médio.

Na conversa com o jornalista Rogerio Galindo, Mocellin falou sobre a importância de restabelecer o plano de carreira para os professores da rede municipal de ensino, que foi suspenso durante a gestão de Rafael Greca (DEM). O candidato defende que o gestor público ouça os professores, para que juntos todos possam buscar uma solução e valorizar aquele profissional que está lecionando.

“É fácil falar de modelo pedagógico se você não está lá (sala de aula), o prefeito deve ouvir os professores. Eu acho que esse personalismo de que tem que fazer assim, tem que fazer assado é ultrapassado, vamos resolver juntos!”, sustentou o candidato.

Veja trechos da entrevista:

O senhor é historiador, escreveu livros em que se posicionava sobre a história do Brasil, mas até dois anos atrás nunca tinha disputado eleição. Agora está disputando a Prefeitura. Foi uma coisa que o senhor sempre quis? Como foi essa mudança?

A culpa de eu estar na política é de um amigo, o Giem Guimarães, que sugeriu “professor, porque o senhor não sai candidato?”. Vivemos em que a política estava sendo criminalizada largamente e nós precisamos renovar, não necessariamente em idade, mas em ideias.

Eu refleti e achei que poderia de alguma maneira contribuir com uma visão diferente daquilo que temos na política. Eu acredito em programa partidário, acredito na pluralidade, na transparência e penso em fazer política desta maneira. Como historiador sei que o Brasil está eivado de práticas patrimonialistas em que o político confunde o público com o privado. Temos também nepotismo praticado em larga escala, aqui no Paraná e no Brasil de forma geral, além do familismo.

Se você pegar uma análise do professor Ricardo Oliveira, do Departamento de Sociologia da UFPR nessa área, mostrando o quanto a família é importante na política paranaense. Eu entrei na política para tentar dar uma contribuição, para fazer política conforme eu entenda que deva ser a política né.

Você sabe que os gregos tem a palavra “idiota” que era usada para descrever aqueles que não queriam participar da vida pública da pólis, da política, é claro que a palavra veio para nós com um sentido bastante depreciativo, então o cidadão deveria participar da vida política e da vida da cidade. Eu acredito que nós só atingiremos um nível melhor de desenvolvimento quando a maioria da população quiser discutir política e queira buscar informações que sejam confiáveis. O sujeito lê lá uma postagem de “fake news” e fica repassando.

Eu penso em uma política realmente diferente, uma política em que você saiba que está votando no Renato Mocellin do Partido Verde porque existe um programa, uma pessoa comprometida com as questões ambientais. Você não terá um candidato pulando para uma visão diferente daquela que um partido prega. Infelizmente, você conhece bem como jornalista que a política brasileira não é assim, as pessoas mudam de partido. Se você perguntar para muitos candidatos qual é o ideário programático do seu partido, esse candidato terá dificuldades para dar os princípios básicos.

O PV tem pessoas como o senhor, e tem por exemplo, um Cristiano Santos (PV), que é jornalista policial, e o Roberto Accioli. Tem uma série de candidatos que não parecem muito alinhados entre si.

O Partido Verde tem os seus problemas como todos os partidos tem. Eu posso responder por mim. As pessoas, aquilo que elas pensam, o que elas fazem, não tenho como responder. Mas eu, você tenha certeza que os princípios do PV, o pacifismo, a diversidade, a cidadania feminina, tudo isso faz parte do meu ideário. Se pessoas que fazem parte do PV não comungam com essas questões, ai eu acho que é um problema mais delas.

O senhor escolheu o PV pela questão ambiental? Eu lembro mais de um discurso do senhor sobre questões de distribuição de renda. Houve uma transformação no seu pensamento?

Eu vejo o momento atual como uma encruzilhada, depende muito do caminho que nós tomarmos, e as consequências disso daqui 20, 30, 40 anos poderão ser nefastas. Acredito que hoje a questão ambiental é fundamental, o Thomas Piketty (economista francês), tem um livro muito interessante, chamado o Capital no Século XXI, em que ele analisa a concentração de renda inclusive em países desenvolvidos.

E o que a gente observa é que no Brasil a concentração de renda foi enorme. Entre 2004 e 2005, houve algumas melhorias e nós voltamos a ter um número que era mais tão alvissareiro. Eu acredito que não dá para dissociar a questão ambiental da questão social, por exemplo, Curitiba, é uma cidade que precisa se tornar uma cidade inclusiva. Nós temos verdadeiros apartheids sociais aqui, nós temos desníveis bastante expressivos.

Eu acho que essa questão ambiental é importante e fundamental, mas não pode estar dissociada da econômica, da política, da cultural, tudo isso está inter-relacionado. Quando você tem um capitalismo predatório, ai há uma discussão sobre se o capitalismo pode deixar de ser predatório, mas que você não pode de forma nenhuma esquecer da questão social, as coisas tem que andar juntas.

Eu não mudei, apenas despertei para uma outra questão que estava latente. Nos últimos anos, eu fiquei incomodado com as coisas que estavam acontecendo e também lendo, estudando, sempre fui de ler bastante, um livro que me impactou bastante foi sobre a destruição da Mata Atlântica do Warren Dean. Eu queria buscar mais elementos para ver a situação aqui no Paraná né, como que as nossas araucárias foram sendo dizimadas.

Outra coisa que me chamou a atenção foi quando eu fiz a pesquisa sobre a Guerra do Contestado. Eu comecei a estudar como naquela região entre Paraná e Santa Catarina nós tivemos a ambição econômica destruindo araucárias.

O senhor foi personagem de uma história que ficou muito famosa aqui há alguns anos atrás, quando a gente estava iniciando essa polarização.

Eu estava no banco Rogério e tinha televisão no banco, estávamos esperando e apareceu uma reportagem na TV. Aí um rapaz começou a dizer que o Lula tinha que morrer. Eu disse “Não, morrer não, deixa de dizer besteira. Se porventura o Lula está envolvido em algumas falcatruas, existe todo um processo legal”. O sujeito começou a gritar, me chamar de petista, me xingar. Foi uma cena até meio grotesca, porque tiveram que separar, ele me ameaçou. Eu acho um absurdo isso, eu acho que a gente pode ter divergências, mas dentro da civilidade.

No Brasil, tivemos ao longo da história uma direita natural, conservadora, de políticos com pensamento conservador, o próprio Bento Munhoz da Rocha aqui no Paraná, mas eram pessoas polidas. Você tinha de um lado alguém com um ideal democrata, outro com ideal cristão, liberal, hoje não.

Muitas pessoas falam em esquerda, direita, agora se você perguntar o que é direita ou esquerda, você sabe que esses conceitos são muito flutuantes. Por exemplo, na Revolução Francesa, os girondinos eram esquerda e com a ascensão dos jacobinos ficaram à direita, é um conceito muito fluido para você usar a qualquer momento. Hoje você tem várias esquerdas, várias direitas, então é um momento de intolerância.

A situação em que nós chegamos, a pessoa lê uma postagem, você vê os comentários sobre o que você dizia, comentários absurdos, sem respeitar. Nós podemos divergir mas jamais sem perder a civilidade, o respeito e na democracia a gente tem que persuadir, convencer, e isso infelizmente se perdeu bastante no Brasil. Aquele era um momento crítico, ainda não saímos desse momento né, eu volte e meia sou taxado de socialista. É preciso ter cuidados e respeitar, obviamente, os pensamentos que são diferentes do nosso.

Acho que podemos mudar, a pessoa que estuda muitos temas, eu mudei muitas coisas inclusive nos meus livros didáticos. Se você pegar um livro meu de 1980, vai ver que vou dizer que a CLT foi inspirada no fascismo italiano. Na verdade, houve uma forte influência na doutrina social da igreja, além do direito trabalhista alemão e francês. Quer dizer, não tem nada demais em você dizer, “não foi bem do jeito que eu coloquei”, você reconstitui, reflete em cima de novas pesquisas né e você muda, não tem nada de mal em fazer isso.

Como o senhor se imagina fazendo campanha em um ambiente como esse, sabendo que para ser prefeito o senhor precisa ter maioria dos votos. Uma campanha menos a direita pode ir longe em uma cidade como Curitiba?

Eu acho que nós devemos mostrar, eu até vou lançar um livro sobre a história de Curitiba. A cidade teve avanços, equívocos, mas nós podemos através do debate, da persuasão, de um programa que seja abrangente, com propostas, conseguir um apoio significativo. Eu quero ser prefeito de Curitiba para administrar Curitiba não para grupos, mas para todos. Fazendo obras que sejam essenciais, você não deve em momentos como esses de carências diversas usar mal o dinheiro público.

Você percebe que o político brasileiro sempre diz “ah comprei tantos ônibus”, e eu digo “você não comprou tantos ônibus”, na tarifa está lá um percentual que é para renovar a frota. Então quem comprou os ônibus foram os usuários. No Brasil o “eu” está presente, uma coisa egocêntrica, então a gente ama Curitiba, mas eu penso em preservar Curitiba, nós queremos uma Curitiba que seja de todos.

Muito comum também em política as respostas simples para questões complexas. Essas respostas simples em termos eleitorais muitas vezes são de grande apelo, mas isso é uma pobreza intelectual e falta de sinceridade enorme. Como você vai resolver um problema? Ai eu dou uma resposta de 40 segundos, não é bem assim.

Eu li bastante sobre como os EUA saiu da crise de 1929. O presidente americano na época fez o New Deal e tinha um programa em que ele sentava ao pé da lareira e falava o que tava acontecendo, muitas vezes recuava. Os republicanos o chamaram de comunista. Mas ele disse, não eu não sou comunista, estou salvando o capitalismo. Houve problemas, mas hoje com os meios que nós dispomos com aplicativos, nós podemos instalar na Lei Orgânica que a democracia é representativa, mas isso também pode acontecer de maneira direta, com plebiscito, se usa isso.

Para você saber o que as pessoas do Tatuquara, da Caximba, de bairros pequenos estão pensando sobre o que o Poder Público está fazendo. Então, eu penso numa Ágora onde você pode ter acesso a aquilo que as pessoas querem, desejam e ver se é viável. Me disseram que “ah mas você não tem experiência administrativa”, eu disse que “isso é bom”, eu não tenho os vícios da classe política tradicional, e eu não tenho a pretensão de fazer carreira política. Sou contra a reeleição, acho que isso é uma coisa viciosa.

Eu acho que nós devemos ter mais e mais uma burocracia qualificada de funcionários públicos, seriam os comissionados. É a minha visão de política, e eu acho o seguinte, devemos selar a democracia, a diversidade, o respeito ao outro, e de vez em quando as vezes me perguntam as coisas e eu não sei.

Quando eu comecei a dar aulas me falaram “cuidado, tem aluno que pergunta e já sabe a resposta, ele ta te testando”. Então volte e meia, Segunda Guerra Mundial é um tema que conheço razoavelmente. Então um aluno veio me fazer um dia e eu respondi que “não sei, nunca ouvi falar nisso”. Imagine você em uma Prefeitura, um Estado ou um país, tem tanta coisa que nós não sabemos. Onde está sua sabedoria se você for prefeito, governador? É cercar-se de pessoas nas mais diversas áreas, e que sejam bem menos ignorantes que você, pra você ter pessoas qualificadas para fazer aquilo que é bom para a maioria e não para alguns poucos.

Um dos temas que vai ser muito importante no próximo mandato é a licitação do transporte coletivo. O que o senhor imagina para esse setor?

O Ney Braga quando foi prefeito na década de 50 procurou regulamentar porque era um caos. O sujeito pagava um ônibus lá na Barreirinha e ia pro Centro e não tinha nem uma regulamentação. Na década 70 surge um pseudo Expresso e existiam várias empresas que atuavam nesse setor. Como o Expresso era caro, as pequenas foram engolidas por algumas poucas que se tornaram praticamente hegemônicas né.

Ai veio a eleição do Requião em 1985, ai o Requião peitou essas empresas e nós vamos ter o setor público controlando boa parte do transporte coletivo. Em 1988, o Jaime Lerner volta né. Hoje nós temos as mesmas empresas lá, que levaram a melhor na década de 70.

Você sabe que não há nada demais em você querer a iniciativa privada em algum setor, mas tem que ser tudo claro, a planilha tem que ser clara. Nós temos tido um declínio na qualidade do transporte coletivo, algo evidente, tanto é que eu tenho reclamado bastante. A tarifa é cara em relação as outras capitais, ter a renegociação? É claro que sim, mas com uma clarificação bastante expressiva do que está sendo cobrado.

Eu acho que o setor público tinha que entrar de uma maneira incisiva pra você reduzir drasticamente o preço das passagens para incentivar mais e mais o uso do transporte coletivo. O administrador público tem uma situação bastante difícil porque quando tem a atuação da iniciativa privada, a iniciativa não entra no setor apenas pela beleza dele, o que move é o lucro. Então você tem que tomar cuidado para que aqueles que pagam não sejam lesados.

Eu acho que nós temos uma tarifa muito alta e é um setor que tem que ser regulamentado de uma maneira mais incisiva. Você deve reduzir o preço da passagem para incentivar a retomada de mais usuários no transporte coletivo, pra você tirar os carros. Há regiões onde os congestionamentos estão sendo bastante expressivos.

O senhor falou do fim da pandemia, um dos temas que a gente sempre pergunta é exatamente esse. O que o senhor acha da gestão que o prefeito Rafael Greca teve em relação ao Coronavírus? Caso seja prefeito, o que o senhor imagina?

Nós temos que aprender com o passado e com o que está próximo de nós. O Brasil foi um dos últimos países a ser atingido pela pandemia. Então nós vimos os exemplos da China, da Coréia do Sul, da Nova Zelândia, vimos o péssimo exemplo da Itália. Bérgamo, por exemplo, falaram “não precisa usar máscara, pode trabalhar tranquilo”, foi uma catástrofe! mas nós não aprendemos.

O Governo Federal não aprendeu e o municipal procurou não desagradar alguns setores da sociedade. Quando você não procura desagradar você acaba desagradando bem mais do que você imagina. Fecha dois meses, vai ter problemas econômicos? Vai! Mas o que aconteceu foi um fecha, abre, fecha, abre, você não tem uma política incisiva em relação ao enfrentamento da pandemia.

Devemos ser honestos que estamos nos deparando com uma situação inusitada, não é fácil você ser administração pública em um contexto desses, as pressões são as mais diversas. Só que você não deve pensar em termos eleitoreiros, muitas vezes você tem que tomar medidas que não são populares, mas que são benéficas a população.

O Dr Oswaldo Cruz já conseguiu convencer Rodrigues Alves que a vacina deveria ser obrigatória. O governo errou ao não persuadir as pessoas para dizer que aquela vacina fazia bem à população. A varíola matava milhares de pessoas todos os anos. A morte pela varíola era terrível e teve aquela revolta da vacina. Mais tarde, as pessoas viram que a vacina era benéfica e a varíola foi sendo erradicada.

Por isso que eu acredito que quando alguém vive da política, ele não toma as medidas que são as mais habituadas. Ele esá preocupado se a pesquisa vai dar que ele deve agir assim ou assado. Eu acredito que nosso presidente deveria ter dado o exemplo e dizer “estamos em uma situação difícil, nós temos que evitar aglomerações, usar máscara” e não negar.

Sobre a crise hídrica, o que o prefeito pode fazer?

Eu acho que nós devíamos captar água das chuvas, em um sistema onde você teria nesses momentos de crise como minimizar. Mas essa questão é de fundo, a água que nós tomamos em Curitiba não vem de Curitiba é da Região Metropolitana né. As políticas adotadas nos últimos 30, 40 anos estão levando a uma degradação ambiental. Na Região Metropolitana há uma degradação ambiental ambiental mais acentuada.

Nós temos os rios né, vamos pegar o Rio Belém que todos conhecem e passa por 36 municípios, é um rio morto. Temos o Ivo, Barigui, então uma gestão que venha a priorizar a recuperação desses rios e que tenha uma política com a Região Metropolitana. Não pode ficar restrita a Curitiba porque a poluição de Araucária, com o uso de agrotóxicos nos rios, por exemplo o rio Capivari tem consequências fora do município de Colombo.

Nós acreditamos que precisamos dar uma atenção especialíssima à tudo isso que eu falei. Não pode ser uma gestão em que o economicismo esteja em primeiro plano. Você tem que pensar adiante! Nós temos que refletir e recusar certas práticas que tem sido comuns e nisso acredito que a juventude tem um papel fundamental.

Eu percebo que nós jovens há uma preocupação muito maior do que tem a minha geração. Também sou muito ligado a causa animal e percebo também nos jovens a percepção de que a crueldade com um cão, gato, nós temos que repudiar e denunciar. Uma política nesse setor também será uma das nossas prioridades.

Queria falar sobre educação, o senhor dá aula há 40 anos, mas já lidou com o ensino público?

Durante nove, dez anos, eu fui professor amigo da escola lá no colégio Carlos Alberto Ribeiro lá em Bocaiúva do Sul, em escola pública. Muitos dos nossos alunos fizeram escola pública e passaram em bons vestibulares. Ás vezes eu vejo jovens falaram em política e repetirem educação, educação, educação. Mas qual educação? Eu acredito que os professores da rede municipal estão descontentes porque não há plano de carreiras.

Se você pegar países como a Finlândia e a Dinamarca, as pessoas que lecionam são altamente preparadas e remuneradas. O que nós precisamos aqui na educação de Curitiba? De um plano de carreira para os professores. Devemos também buscar dar a esses professores cursos dos mais variados, e o professor consegue fazer um mestrado. Quero dar a ele o incentivo para que ele consiga fazer esse mestrado.

A questão salarial é premente, as reposições, o professor revelou para muitos pais que não é fácil ficar com 2,3 crianças e ensinar. Um pai chegou pra mim: “Mocellin eu percebi que não sei nada de matemática, a minha filha foi fazer umas perguntas e eu dizia: vai perguntar pra sua mãe”. A valorização daquela professora, como você pode esperar que o país chegue a um patamar mais elevado quanto algumas castas do funcionalismo público tem salários exorbitantes. Aqueles que atuam nos primeiros anos escolares tem salários reduzidos, insignificantes.

Nós temos que buscar que jovens queiram ser professores. Você chega em uma sala de aula e pergunta “quem quer ser professor aqui?”, você encontrará pouquíssimos. A profissão de professor tem que ser valorizada, que tenhamos mais e mais jovens querendo fazer o curso de licenciatura. Para isso você precisa de salários adequados e infraestrutura nas escolas, nós temos 185 escolas aqui e muitas delas tem carências.

Nós devemos destacar em relação à educação a falta sintonia do gestor público com sala de aula. Eu quero ver você falar de educação e entrar em uma sala de aula depois do intervalo, em um calor danado e controlar 40 alunos de sétima série. É fácil falar de modelo pedagógico se você não está lá e o prefeito deve ouvir os professores. Eu acho que esse personalismo de tem que fazer assim, tem que fazer assado é ultrapassado, vamos resolver juntos!

Quais as carências? Devemos ter escola em tempo integral, o aluno fica e não está a mercê do traficante, da casa, para resguardá-lo. A escola em tempo integral tem que ter qualidade, tem que ter não só a questão pedagógica e os conteúdos, mas também artes e educação para democracia. Educação também para as questões ambientais.

São essas crianças que vão mais tarde refletir essa visão que a gente acha que é dita de um cidadão amplo, que vai ter uma visão política, social, ambiental e valores éticos. A educação é fundamental e é preciso saber qual educação e como? Não apenas falar como conversa de antes de uma eleição. Como disse Otto Von Bismarck: “Nunca se mente tanto como antes de uma eleição, durante uma guerra e depois de uma caçada”.

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2 comentários em ““Curitiba tem vários apartheids sociais”, diz Mocellin”

  1. Estou gostando muito das entrevistas com os candidatos, parabéns Plural.
    Não me convenceu também, falou, falou de livros e autores e esqueceu da vivência com pessoas. Obviamente um prefeito deve estudar e conhecer livros e autores, mas nada é tão importante quanto conversar com pessoas de verdade, que vivem em Curitiba, saber qual a opinião delas e o que elas querem e esperam do prefeito!!!
    P.S: E outra, a Revolta da Vacina não foi causada por pessoas que não queriam tomar vacina, mas por um política higienistas dos governantes do Rio de Janeiro que queriam expulsar famílias de suas casas, em prol de uma “civilidade”, que o senhor tanto fala.

  2. Irma E G B Patzsch

    Não me convenceu. Há 40 anos dando aula para a elite curitibana no Positivo e só 10 anos atuando como “professor amigo” em escola pública? Falta conhecer de fato esse “Todo” para quem ele pretende trabalhar, não é não? Não precisa ser prefeito para trabalhar pela inclusão.

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