Pré-candidatos já podem arrecadar fundos para a campanha por meio de vaquinhas on-line

Apesar da facilidade, especialista ainda avalia que apoiadores ainda são tímidos no que diz respeito ao financiamento de campanha

Está aberta a temporada de financiamento coletivo de campanhas eleitorais, as chamadas “vaquinhas on-line”. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a arrecadação só pode ser feita por meio de empresas especializadas e que estejam previamente cadastradas no TSE.

A arrecadação virtual já é permitida desde 2017. Nas eleições de 2018 e 2020 elas foram utilizadas e são uma forma de dar mais robustez aos caixas dos candidatos depois que foi vedada a doação feita por pessoas jurídicas.

Segundo dados do TSE, na primeira vez que as vaquinhas ocorreram no processo eleitoral foram arrecadados aproximadamente R$ 19,7 milhões. Nas eleições de 2020, foram arrecadados R$ 15,8 milhões.

Pelas regras, apenas pessoas físicas podem doar e não há limite para a captação de recursos. No entanto, valores superiores a R$ 1.064,10 somente podem ser recebidos mediante transferência eletrônica ou cheque cruzado e nominal.

Da parte do pré-candidato ou candidata, é obrigatório emitir um recibo e, caso a candidatura seja retirada, todos os recursos precisam ser devolvidos, com o desconto da taxa de serviço da empresa utilizada para arrecadação.

Engajamento

Apesar da facilidade para doar, ainda há pouco engajamento do eleitorado nesta modalidade. “Diferente de outras democracias as pessoas se envolvem pouco ativamente. Até está melhorando a participação das pessoas no debate político, o que é muito bom, é saudável para gente, mesmo com essa questão da polarização, mas ainda é muito tímido o engajamento, principalmente quando se fala em financiamento. O público não adere, nesse sentido, colocando dinheiro”, destaca Daniel Gutierrez, especialista comunicação política e diretor da Agência MKT Gutierrez, de Curitiba.

Especialista acredita que adesão ao financiamento coletivo no Brasil ainda é tímida | Foto: divulgação MKT Gutierrez

O que aconteceu na prática é que o financiamento feito por pessoas físicas fortaleceu o poder dos partidos, que agora detêm o controle do fundo eleitoral e fazem a distribuição entre os candidatos conforme a estratégia mais adequada para eleger mandatos.

Daí a importância de encontrar fontes alternativas. “As campanhas que conseguem captar algum tipo de recurso têm, em primeiro, um apelo digital forte porque é lá que a própria vaquinha vai acontecer. E uma causa e um público definido. O eleitor, para ele se engajar a ponto de doar recursos, tem que entender que aquilo, aquela causa, é muito interessante para ele”, explica Gutierrez.

Conforme o especialista, em termos de planejamento de campanha, menos de 10% dos detalhamentos preveem as vaquinhas como fundos de recursos. Isso se aplica mesmo a candidatos “influencers”, ou seja, aqueles que já detêm muitos seguidores nas redes sociais, mas que não conseguem traduzir a popularidade em votos.

“A gente nunca pode desconfiar da inteligência do eleitor. O eleitor ele sabe dividir as coisas, existe uma tendência de voto dele. Se a vida daquele artista não tem diálogo com a política, ele não vai ser eleito”.

O primeiro turno será realizado no dia 2 de outubro, quando os eleitores vão às urnas para eleger presidente da República, governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais. Um eventual segundo turno para a disputa presidencial e aos governos estaduais será em 30 de outubro.

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