Pacote de Greca reduz força de trabalho dos sindicatos pela metade

Organizações se unem e prometem campanha contra a reeleição dos apoiadores

As novas regras aprovadas pela Câmara Municipal de Curitiba nesta semana impõem mudanças na relação do município com os sindicatos. Caso a medida permaneça inalterada no segundo turno, as organizações perderão mais da metade dos diretores cedidos pelas secretarias para o trabalho de base.

Com a justificativa de “reorganização” e “saneamento da legislação de pessoal”, a Prefeitura estipulou que sindicatos com até 300 representados terão 1 dirigente liberado; de 301 a 1 mil representados, até 2 liberados; de 1.001 a 2 mil, até 3 dirigentes e acima de 2.001 representados, no mínimo 3 liberados, acrescentando-se 1 a cada 2,5 mil membros da categoria, até o limite de 6 dirigentes.

Gabriel Conte, diretor do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), fala das consequências da redução do contingente no trabalho sindical. “O impacto vai ser grande no funcionamento dos sindicatos e acho que eles querem justamente isso, inviabilizar o funcionamento.” Atualmente, a organização conta com dez diretores. Com a nova medida, serão apenas cinco, uma redução de 50%.

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), que realiza visitas a mais de 800 locais de trabalho, sofrerá um desfalque ainda maior. Apenas seis dos 16 diretores poderão continuar a trabalhar em tempo integral na organização. Segundo Gabriel, “não há dúvida que esse trabalho de representação, que exige uma conversa com a categoria e visitas aos locais de trabalho, vai piorar. Vai ser mais difícil fazer a coisa ser representativa de fato.”

Aline Selbach, diretora do Sismuc, afirma que a redução de quase dois terços do número de profissionais liberados é, a princípio, negativa. Em contrapartida, vai forçar uma união ainda maior entre os sindicatos. “As categorias estão agitadas e com uma promessa de campanha bem árdua contra os vereadores e o prefeito para próxima eleição, como a que fizemos na eleição passada para deputado estadual. Nenhum dos que participaram do pacote de maldades conseguiu ir pra assembleia. E a gente vai fazer esse mesmo movimento. É uma promessa.”

O projeto prevê, também, a regulamentação das atividades dos servidores que não são da direção e participam eventualmente dos sindicatos em horário de trabalho. Segundo o diretor da Sismmac, a medida é preocupante pois não há detalhamento do que será feito. O receio é que as participações esporádicas sejam proibidas. “Estão atacando de dois lados. Atacam a direção, diminuindo o tamanho, e atacam o conjunto dos servidores, impedindo de participar de atividades sindicais.”

O documento do Executivo informa que os trabalhadores cedidos para os sindicatos representaram, em maio deste ano, uma despesa de R$ 153,9 mil. Afirma, ainda, que na análise de pedidos de eventual dispensa com manutenção da remuneração, serão priorizados aqueles nos quais a entidade sindical se comprometa a realizar o ressarcimento mensal das despesas com o pagamento dos servidores ou empregados públicos liberados.

Os diretores reclamam da falta de diálogo entre o governo e a base, não apenas na questão da liberação para trabalho sindical, mas em todo o pacote de medidas do prefeito. “Não houve diálogo nenhum, descobrimos o projeto na Câmara”, indigna-se Gabriel. “Ninguém perguntou nada para a gente e eles se recusaram a conversar quando a gente tentou suspender a votação pra que houvesse discussão. Os vereadores que defendem o prefeito sequer tiveram a capacidade de ir lá defender o projeto. Então não é pra conversar mesmo, é pra inviabilizar o trabalho sindical.”

Colaborou Rafaela Moura.

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