Levado ao Conselho de Ética, petista se diz convicto sobre vereadores “trambiqueiros”

Renato Freitas acusou pastores evangélicos de enganarem população

Prestes a enfrentar um julgamento no Conselho de Ética da Câmara de Curitiba, Renato Freitas (PT) afirma que não vai recuar de suas declarações. O vereador, que está em primeiro mandato, comprou briga com a bancada evangélica e com os defensores do suposto “tratamento precoce” contra a Covid-19. Nesta semana, a corregedora da Câmara, vereadora Amália Tortato (Novo), admitiu a abertura de processo por quebra de decoro e sugeriu a pena de censura pública.

“A carapuça serviu para alguns. E eu realmente tenho essa opinião. E não é só uma opinião, como eu tentei demonstrar com as notícias”, afirmou o vereador em entrevista nesta sexta (4) ao Plural. Segundo ele, as afirmações foram genéricas, e não voltadas a um vereador específico.

“Vou só pra frente. Estou muito convicto dos meus ideais e vou aproveitar essa oportunidade de dizer o que nunca foi dito”, afirmou.”E não foi dito justamente porque pessoas como eu nunca estiveram lá. E agora que estamos, custe o que custar, temos que manifestar a nossa voz e a nossa posição política”, afirmou.

Originalmente, os vereadores que se sentiram ofendidos com as frases de Freitas pediram a cassação dele, apontando cinco supostas violações do regimento. A corregedora, porém, considerou que uma pixação realizada pelo vereador não devia ser levada em conta por ter ocorrido antes da posse (ele escreveu a palavra “Racista” em um toldo do Carrefour depois do assassinato de um homem negro dentro de um mercado da rede); e a crítica ao tratamento precoce foi enquadrada dentro dos limites da liberdade de manifestação do parlamentar.

O que leva o caso adiante foi a acusação de “trambiqueiros” feita por Freitas a vereadores evangélicos. A crítica ocorreu durante uma sessão da Câmara em que um médico depôs a favor da ivermectina, remédio sem efeito para a Covid, mas que é incentivado por bolsonaristas como suposto tratamento para a doença. De acordo com o petista, o médico “se prestou a um papel ridículo” e “mentiu”. Como reação, Freitas fez um comentário no chat do YouTube da Câmara.

“Essa bancada conservadora dos pastores trambiqueiros não estão nem aí para vida, só pensam no seu curral eleitoral bolsonarista, infelizmente”, disse o vereador. A palavra “trambiqueiros” foi o estopim para a reação dos evangélicos.

“Mantenho o que disse, com certeza”, disse Freitas ao Plural. Segundo ele, a crítica foi gerada pelo interesse de algumas igrejas neopentecostais em receber recursos para comunidades terapêuticas que tratam dependentes químicos – e também pela defesa do tratamento precoce. “Se utilizar de um papel social tão importante para vender uma mentira tendo em vista um benefício pessoal,, que é a manutenção do poder a partir de sua ligação com o governo federal, caracteriza o trambique.”

Freitas afirmou que o destino da votação no Conselho de Ética dependerá da formação da junta que vai decidir sobre o caso. Cabe ao presidente do Conselho, Dalton Borba (PDT), convocar três vereadores que votarão a possível punição. “Está muito dividido”, disse ele.

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