Greve na educação acabou apesar de postura inflexível de Ratinho

Foi preciso que políticos com mais jogo de cintura entrassem em cena e protegessem Ratinho contra sua estratégia

A manobra de última hora do governo funcionou. Com a promessa de que os professores temporários serão contratados pelas mesmas regras de sempre (sem a exigência de provas, como quer o novo secretário de Educação), a greve da APP-Sindicato oficialmente foi encerrada neste fim de semana.

Em certo sentido, foi um primeiro teste de Ratinho Jr. (PSD) como governante. (O segundo será a greve das universidades estaduais, que persiste.) Mas embora a situação tenha se resolvido, é difícil atribuir a solução ao novo governador. A estratégia que ele desenhou no começo, e da qual precisou ser demovido, não levaria a nada.

Quando se viu em meio a uma greve geral, com cinco meses de governo, Ratinho se portou de maneira absolutamente imatura. Preferiu se ver como vítima de uma injustiça, ao invés de tentar entender a profundidade do problema. Achava que tendo acabado de assumir, não merecia ser alvo de greve.

Ora, a greve não se faz contra um governante, se faz contra uma política, e Ratinho estava mantendo exatamente a mesma política de arrocho salarial inventada por Beto Richa (PSDB) e prolongada por Cida Borghetti (PP). Para os servidores, tanto fazia o nome do governador. O que eles queriam era que o salário não baixasse ainda mais, depois de chegar a 17% de defasagem.

Ratinho fez birra, disse que não ia negociar e pronto. À beira da paralisação, ainda insistia: se pararem, aí é que não tem conversa mesmo. Mero autoritarismo, coisa de quem está acostumado a ser patrão em empresa privada e nunca precisou lidar com democracia.

Júnior não havia entendido que o funcionalismo público não seria cordato como os funcionários de suas rádios e tevês. E que, caso não gostasse da postura deles, não poderia simplesmente demiti-los em massa e contratar outros.

Foi preciso que políticos com mais jogo de cintura entrassem em cena e protegessem Ratinho contra sua própria falta de jeito para o governo. O líder na Assembleia, Hussein Bakri (PSD), teve papel fundamental, botando panos quentes e chamando os sindicatos para conversar num momento em que o governador só queria saber de frases de efeito e viagens para os EUA.

No fim das contas, os servidores foram mais tranquilos do que poderiam, aceitando um parcelamento pouco atraente e que só resolve parcialmente o buraco aberto pelos antecessores.

Ratinho teve mais sorte que juízo. Passou por um aperto e se livrou graças aos outros. Resta saber se aprendeu algo com isso.

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