Deputados que apoiaram reforma devem R$ 165 mi à previdência

Levantamento mostra conflito de interesses na hora da votação

As empresas de 25 dos 379 deputados que votaram pela aprovação do texto-base da reforma da previdência somam pouco mais de R$ 165 milhões em dívidas previdenciárias. Segundo dados do Ministério da Economia referentes a um levantamento realizado em maio passado, R$ 121 milhões são de dívidas em negociação, e R$ 44 milhões são de dívidas ainda irregulares dos parlamentares.

Se a conta milionária dos parlamentares não é o suficiente para agravar a falta de sustentabilidade da previdência, o voto dos devedores, por outro lado, mostra no mínimo um conflito de situações e interesse.

Cerca de 80% das dívidas com a previdência são de empresas de três deputados. O maior valor, de R$ 45 milhões, é referente a dívidas da deputada federal pelo MDB do Pará, Elcione Barbalho. O débito com a previdência é de empresas que a deputada tem em sociedade com o ex-marido, o senador pelo MDB, Jader Barbalho, como o Diários do Pará e a emissora Rede Brasil Amazônia de Televisão.

Na sequência da lista de maiores dívidas com a previdência está o deputado pelo PP do Rio Grande do Sul, Pedro Bandar Westphalen, com débito de R$ 44 milhões, e o deputado pelo PP de Goiás, Alcides Ribeiro Filho, cujas empresas em que é sócio devem R$ 42 milhões à previdência. O empresário e deputado pelo MDB de Minas Gerais, Newton Cardoso Júnior também está na lista, com uma dívida de cerca de R$ 18 milhões.

Na outra ponta da lista, entre os devedores com menor valor de dívida previdenciária está o Vicentinho Júnior, do PL de Tocantins, com débito de R$ 1,3 mil; o jornalista e deputado pelo PSC de Santa Catarina, Hélio Costa, com dívida de R$ 12 mil; seguido do deputado Silvio Costa Filho, do PRB de Pernambuco, que deve R$ 21 mil à previdência.

Ainda entre as menores dívidas está o pastor Marco Feliciano, do Podemos de São Paulo, cuja empresa em que é sócio, a Kakeka Comércio de Brinquedos, tem um débito de R$ 26 mil em dívidas previdenciárias. Nestes últimos quatro casos, as dívidas apontadas pelo governo são menores que o salário que os deputados recebem mensalmente da Câmara Federal, de R$ 33,7 mil.

É muito maior

Apesar de alta, a dívida dos parlamentares com a previdência é menos da metade do total de débitos que as empresas em que são sócios ou administradores tem com a União. Somadas as dívidas em parcelamento e as irregulares, 139 deputados acumulam uma dívida de pouco mais de R$ 450 milhões com o governo federal.

A maior parte, R$ 275 milhões, é de dívidas não previdenciárias. Já os débitos com a previdência somam um montante de R$ 170 milhões. Os parlamentares somam ainda R$ 3,8 milhões em débitos de Fundo de Garantia não depositados para funcionários.

No total das dívidas, a deputada Elcione Barbalho continua na liderança, acumulando um débito de R$ 101 milhões com a União, entre contas com a Previdência, FGTS e dívidas não previdenciárias. Na sequência, segue também o deputado Newton Cardoso, com débito de R$ 91 milhões, e Pedro Bandarra, que deve R$ 67 milhões aos cofres públicos.

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