Denúncia da bancada evangélica contra Renato Freitas é arquivada na Câmara de Curitiba

Renato Freitas (PT) criticou parlamentares da bancada evangélica por defenderem o 'kit covid'

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) arquivou, nesta segunda-feira (18), o Processo Ético Disciplinar (PED) 1/2021 contra o vereador Renato Freitas (PT), acusado de criticar a bancada evangélica da Casa. O processo teve cinco votos pelo arquivamento – Indiara Barbosa (Novo), Salles do Fazendinha (DC), Sidnei Toaldo (Patriota), Dalton Borba (PDT), Denian Couto (Pode) – e um pela pena de censura pública, de Eder Borges (PSD).

Renato Freitas foi denunciado por vereadores da bancada evangélica sob a alegação de ter cometido “ofensas discriminatórias”, “ofensas morais e à dignidade” e “intolerância religiosa” ao chamar os parlamentares de trambiqueiros. O comentário foi feito no chat do Youtube da CMC no dia 1º de abril. Na ocasião, Renato Freitas escreveu: “Essa bancada conservadora dos pastores trambiqueiros não estão nem aí para vida, só pensam no seu curral eleitoral bolsonarista, infelizmente.”

De acordo com o parlamentar, a frase foi dita dentro do contexto das discussões da sessão plenária do dia, que debatia o uso do chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19. No dia 24 de agosto, em depoimento ao Conselho de Ética, Renato Freitas afirmou que a crítica era geral aos parlamentares municipais, estaduais e federais que defendem o uso da cloroquina no tratamento contra o Sars-COV-2 – medicamento sem eficácia contra o vírus.

Dalton Borba, presidente do colegiado, apresentou parecer pelo arquivamento do processo. “Procurei fazer uma análise bastante técnica e imparcial, aplicando a principiologia não só da Constituição da República, mas também do Direito Penal, que é nosso direito punitivo e mantendo dois grandes pilares que são o princípio da presunção de inocência e do in dubio pro reo – aliado a uma perspectiva inseparável desse julgamento que é a liberdade de palavra que nosso sistema constitucional atribui ao parlamentar”, disse. Eder Borges apresentou um voto em separado propondo a pena de censura pública contra Freitas.

Apesar dos votos pelo arquivamento do processo, os parlamentares refletiram sobre o contexto e o teor das falas de Renato Freitas. “A imunidade parlamentar, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é um privilégio do vereador, do deputado ou do senador, é um direito de quem o elegeu”, defendeu o vereador Denian Couto. “Ainda que as palavras postas pelo vereador Renato Freitas possam se entendidas como ofensa, elas se deram no ambiente da discussão em plenário e na sua extensão, que é o chat da CMC.”

Segundo o parlamentar, aplicar a punição neste caso seria autorizar que “toda e qualquer manifestação possa vir a sofrer uma censura do Conselho. Censura, se houver, precisa ser de uma ofensa pessoal e direta, o que não é o caso da manifestação do vereador Renato Freitas”.

Foto: Carlos Costa/CMC

O caso

Os vereadores da bancada evangélica Ezequias Barros (PMB), Sargento Tânia Guerreiro (PSL), Osias Moraes e Pastor Marciano Alves (ambos do Republicanos) acusaram Renato Freitas (PT) de violar o Código de Ética e Decoro Parlamentar da Casa ao proferir “ofensas discriminatórias”, “ofensas morais e à dignidade”, por “intolerância religiosa” e “quebra de decoro” em declarações durante e fora das sessões plenárias.

A corregedora da CMC, Amalia Tortato (Novo), admitiu parcialmente a representação contra o vereador Renato Freitas, requerendo ao Conselho a abertura de instrução e aplicação de censura pública pelo cometimento de infração ético-disciplinar. Na época, Amalia afirmou que o comentário feito por Renato Freitas era um “ataque pessoal e dirigido, não ao discurso, mas aos colegas vereadores”.

Desde o dia 1º de junho, o Conselho de Ética investiga o caso, delegado à Junta de Instrução formada por Dalton Borba, Eder Borges e Indiara Barbosa.

Quatro vereadores não participaram do julgamento por se declararem suspeitos, conforme o artigo 25 do Código de Ética e Decoro Parlamentar: Pastor Marciano Alves (Republicanos), por ser um dos representantes da denúncia; Maria Leticia (PV), por integrar bloco com o PT; Noemia Rocha (MDB) e Toninho da Farmácia (DEM) pela ligação com a comunidade evangélica. 

Reportagem sob orientação de João Frey 

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Denúncia da bancada evangélica contra Renato Freitas é arquivada na Câmara de Curitiba”

  1. Nobre vereador, vc tem razão, essas bancadas evagelicas são na maioria mercadores da fé, principalmente nas camadas mais baixas. São mais negociadores que pastores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima