Conheça as mulheres eleitas na Região Metropolitana de Curitiba

São José dos Pinhais, Pinhais e Rio Branco do Sul serão comandadas por prefeitas, novidade em duas das cidades

A representatividade feminina nos poderes Legislativo e Executivo ainda é pequena, mas a cada eleição elas avançam. Na Região Metropolitana de Curitiba, das 29 cidades, três delas serão comandadas por prefeitas, o que nunca ocorreu na história política de duas delas.

Em Pinhais. Marli Paulino (PSD) foi reeleita em 2020. Mas sua carreira política começou bem antes, em 1996, quando foi a primeira mulher vereadora na cidade. Após três mandatos, tornou-se vice de Luizão Goulart, o Luizão, com quem ficou no Executivo por oito anos. Em 2014, conquistou a suplência de deputada estadual, com 34,2 mil votos. Em 2016, fez novamente história ao se eleger como a primeira prefeita mulher em Pinhais, com 82% dos votos, acompanhada de outra mulher, a vice Rosa Maria (Republicanos).

Desta vez, elas prometem dar continuidade ao trabalho que as levou a conquistar 62% dos eleitores, com 36.671 votos. A coligação foi entre PSD, Republicanos, PSC, Cidadania, PROS e PSB. “Enfrentamos em muitos momentos ataque dos adversários com uma campanha de baixaria e fake News. Fizemos uma campanha limpa e de propostas, mostrando nossas realizações. Agora, com a cidade organizada, temos um novo desafio pela frente. Apresentamos um plano de governo com 55 propostas”, ressalta, apontando como um de seus maiores compromissos o novo Hospital de Pinhais. “Além, é claro, de olhar com atenção e responsabilidade para todas as áreas, como educação, assistência social, infraestrutura, organização da cidade de maneira geral. Temos também a missão da retomada econômica neste período de pandemia.”

A prefeita reafirma projetos já realizados em sua gestão. “Inauguramos o Parque das Águas, a Escola de Dança, o Parcão, o Centro de Iniciação ao Esporte, fizemos uma grande revitalização na Avenida Maringá a qual foi duplicada, reformamos seis unidades de saúde e algumas com ampliações, realizamos Mutirões de Saúde que retiraram mais de 13 mil pessoas da fila de espera por consultas com especialistas.”

Para Marli, a representatividade feminina “é de extrema importância e nós duas temos uma grande responsabilidade. Ainda temos um longo caminho para melhorar este cenário, por isso é tão necessário que as mulheres ocupem estes espaços”, observa.

A vice, Rosa Maria, e a prefeita Marli Paulino durante a votação. Foto: Facebook

A nova política

Em Rio Branco do Sul, cidade com 32 mil habitantes, Karime Fayad (Republicanos) teve 12.117 votos (57,8%) e venceu a campanha ao lado de Airton Nodary (PDT), com a coligação Republicanos, PODE e PDT. Ela é a primeira mulher eleita para a Executivo local. A carreira política de Karime, contudo, começou cedo, ainda adolescente, quando protestava por duplicação de rodovias e áreas de lazer em sua cidade natal, Rio Branco. Como cidadã, ela participou de conselhos sociais, de saúde, de segurança e de juventude – tem apenas 30 anos.

Em 2016, se candidatou à Prefeitura e fez 6.976 votos. “Fui a primeira candidata mulher, que não comprou voto em uma cidade com passado tenebroso, com morte de dois ex-prefeitos assassinados e coronéis na política. Eu era um nome completamente novo. Minha família não tem passado político e nós surpreendemos muita gente”, conta a nova prefeita.

Em 2018, Karime se lançou deputada estadual e conseguiu 14.119 votos, em uma campanha de 45 dias, sem nada planejado nem base de apoio em outros municípios. “Fui a mais votada de Rio Branco e de Itaperuçu, município vizinho. Nenhum candidato tinha feito tantos votos assim. Ninguém esperava isso de uma menina, que é como me chamam, e ainda muçulmana, numa cidade com 90% do povo cristão. Sofri muito pro ser mulher e também de uma religião não cristã, o preconceito foi muito, muito grande. Mas viemos desconstruindo isso nestes últimos anos e agora entramos fortes na campanha, com uma boa coligação e elegemos seis vereadores, a maioria na Câmara”, destaca.

Solteira, sem filhos, mas com a família ameaçada, ela conta que precisa andar com seguranças e em carro blindado. Porém, nunca se intimidou, mesmo com a ameaça de morte que recebeu no início da campanha. “Temos uma cidade com muita pobreza, em que metade da população está no Cadastro Único do governo federal; é muito triste e a droga tomou conta, o tráfico está crescendo e se tornando um braço político.”

Arquiteta urbanista, com especialização em Gestão Urbana e Direito das Cidades, na França, e mestre em Planejamento Urbano pela UFPR, Karime atuou por cinco anos na cidade de Pinhais, onde passou pelas secretarias de urbanismo, obras e educação. De lá, trouxe a experiência e o apoio político do então prefeito Luizão.

Em sua gestão, pretende reforçar a transparência, reduzir a corrupção, e buscar o equilíbrio social e o desenvolvimento econômico. “Mas sempre com uma gestão voltada às pessoas, com pavimentação, tratamento de esgoto, saúde e educação, a única maneira de tirar as crianças das drogas.”

Sobre ser mulher num cenário predominantemente masculino, Karime diz que é preciso ser dura. “Nosso olhar é diferente, né. Num cenário de homem ‘macho’, tem muitos que me respeitam. O eleitor masculino me respeita mais do que as mulheres pois há um preconceito entre nós mesmas muito grande. A gente tem força, equilíbrio emocional e temos que mostrar isso na postura. Tem que ser dura, se não passam por cima. Mas é um orgulho ser uma mulher na política”, admite.

Karime Fayad não parou nem com ameaças. Foto: Facebook

A primeira em 167 anos

Em São José dos Pinhais, Nina Singer (Cidadania) conquistou a Prefeitura com 39.526 votos (30,5% do total), ao lado do professor Assis (Podemos). Eles tiveram apoio da coligação Cidadania, Patriota, PODE, PROS, PSB e PSD. Assistente social, Nina ingressou na política em 2012, quando foi eleita a primeira mulher presidente da Câmara dos Vereadores. Em 2016, ela foi reeleita e agora faz novamente história ao chegar à Prefeitura como a primeira mulher a gerir o maior município da RMC, desde sua emancipação política de São Paulo, em 1853. São José dos Pinhais também possui, depois de Curitiba, o maior colégio eleitoral da Região Metropolitana.

“Para mim, é uma grande conquista; eu fico muito feliz, mas ainda temos pouca representatividade na política”, avalia ela, lembrando que o Legislativo Municipal perdeu duas cadeiras femininas. Apenas uma mulher estará entres os 21 vereadores da cidade.

Nina Singer garante que vai focar no planejamento, desburocratização e transparência em sua nova gestão. A área rural – que representa 70% de São Jose dos Pinhais – também terá atenção especial. “Precisamos valorizar, qualificar e apoiar nossos agricultores, fortalecendo a economia e o Turismo Rural.”

Sua política será de prevenção. “Tanto no social quanto na saúde, chegando na segurança. Buscaremos os recursos necessários dos governos estadual e federal”, diz Nina, que teve apoio político do deputado estadual Francisco Bührer e do governador Ratinho Jr, ambos do PSD. “Tenho capacidade para trabalhar por nossa cidade, e faremos isso numa gestão democrática e participativa.”

Nina Singer quer planejamento, transparência e prevenção. Foto: Facebook

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