Bolsonaro, o triste ditador que não manda em ninguém

O "presidente" é desautorizado por ministros, não comanda sua base e só tuíta quando o filho deixa

Se o BuzzFeed fizesse um teste para descobrir “Que tipo de governante autoritário você é?”, Jair Bolsonaro com certeza cairia no quadrante que soma duas características: “Não tem a mínima ideia do que está fazendo” e “Acha que manda mas não manda”.

A falta de, digamos, brilho intelectual do presidente não é surpresa para ninguém. Jair fez campanha usando sua falta de letras como argumento político. Chega dessa gente lida que foi à universidade: é hora de escolher um ignorante que diz não entender de economia. Por estranho que pareça, deu certo.

Já a incapacidade de comando pode ter sido uma surpresa. Bolsonaro sempre foi agressivo, do tipo que compra briga por qualquer coisa. Parece aquele marido que a mulher teme, o pai que mantém os filhos na rédea curta. Imaginava-se que governaria com mão de ferro. Que nada.

Na semana que passou, Bolsonaro deu mais uma prova de que é um governante que não governa. Ligou na frente de diversos deputados para o ministro da Educação, supostamente seu subordinado, e deu uma ordem: Abraham Weintraub estava intimado a acabar com o contingenciamento da educação. O que aconteceu? Nada.

Em questão (ou qüestão) de minutos, os ministros de Bolsonaro começaram a desmenti-lo. A Casa Civil mandou uma nota à imprensa que basicamente significa: “não prestem atenção ao que esse homem diz”. O contingenciamento continuou e o Planalto deu a entender que malucos eram os deputados que testemunharam o telefonema.

Fosse um caso isolado, vá lá. Mas na mesma semana já houve mais provas de que Bolsonaro não manda em nada. Numa entrevista à rádio Bandeirantes, o “presidente” disse duas coisas que pareciam importantes e viraram manchete:

1- Ele tinha um compromisso de botar Sergio Moro no STF;

2- O governo descongelaria a tabela do Imposto de Renda.

No primeiro assunto, foi desmentido por Moro e teve que botar o rabo entre as pernas. No segundo, o Ministério da Economia desautorizou o presidente e disse que Paulo Guedes (o verdadeiro chefe) vai pensar no assunto.

Bolsonaro não manda nem nos filhos, que lhe tomam a senha do Twitter quando ele é mau menino. Não manda no partido. Não manda na bancada de seu próprio partido, que vota como quer. Não manda na coligação. Atrás da pose de ditador há um tolo que acha que manda, mas é enganado por todos.

Seus ministros não o respeitam, sua base no Congresso vota como quer, o governo é uma balbúrdia. Não é de espantar que Bolsonaro considere o país ingovernável. Para quem não sabe se impor nem a seus ministros, tudo deve parecer impossível.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima