Nesta semana, a vereadora Indiara Barbosa (Novo) enviou uma proposição para a prefeitura de Curitiba sugerindo que o Executivo revise os projetos e use a modelagem Building Information Modeling (BIM), para agilizar o andamento do trecho 4.1., da Linha Verde, no Atuba. Somente neste trecho a prefeitura já gastou cerca de R$ 16,6 milhões.
“A obra já teve dois contratos rescindidos, com diversos aditivos e alterações por conta de inconsistências entre projetos e planilhas orçamentárias. Para evitar os mesmos erros, seria prudente uma revisão consistente do edital como todo, e, embora possa adiar o início do certame, pode sim ganhar celeridade na execução”, diz o documento.
Essa modelagem é a mesma empregada para expansão da linha 5 do metrô de São Paulo e, de acordo com a parlamentar, pode reduzir em 22% o custo da construção e em 33% o tempo de execução da obra.
Em dezembro do ano passado a prefeitura rompeu o contrato com o consórcio Estação Solar, responsável pela obra por conta de descumprimentos no cronograma.
Transtornos
“A obra da Linha Verde foi iniciada para ajudar, mas atrapalha muito a vida do curitibano”, critica a parlamentar.
No Atuba quem sai de ônibus da região da Vila Esperança, por exemplo, demora ao menos quinze minutos para atravessar de um lado para o outro da Estrada Ribeira por conta do fluxo intenso de veículos. De carro o sofrimento não é menor: os motoristas demoram no mínimo 20 minutos para escapar do trânsito até chegarem à Linha Verde, cuja obra segue parada.
O término facilitaria a vida de quem se desloca pelo trecho, como o engenheiro mecânico Caio Reis. “Iria ajudar muito [a conclusão das obras] economizar esses 20, 30 minutos no trajeto diário”, analisa.
O documento apresentado pela parlamentar também sugere que a Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP) reveja planilhas de custos e siga o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices (Sinapi). “A obra conta com financiamento da Caixa. Diferenças de preços nestas tabelas podem gerar mais atrasos”, afirma Indiara.
Este lote foi licitado pela primeira vez em 2018. A vencedora do certame, a Terpasul, foi substituída pelo consórcio Estação Solar após inconsistências na execução do projeto. Agora uma terceira empresa vai assumir a obra.
Ao Plural, a SMOP informou que o novo edital para retomada do cronograma será lançado ainda neste mês. De acordo com a pasta, o prazo de conclusão será de 18 meses após a assinatura da ordem de serviço, ou seja, em 2024, se não ocorrerem novos percalços.
Novela
As obras da Linha Verde estão em andamento há 15 anos. Em janeiro de 2007, o então prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB/2005-2010), autorizou o início e prometeu entregar o primeiro trecho (Pinheirinho ao Jardim Botânico) em 15 meses. No entanto, além do tempo previsto, foram necessários outros 13 meses para conclusão.
E essa dinâmica foi seguida por todos os prefeitos subsequentes e a penúltima previsão de entrega da Linha Verde na gestão de Rafael Greca (DEM) era para o ano passado (agora revista para 2024).
A delonga motivou o vereador Professor Euler (PSD) a pedir a abertura de uma CPI para investigar os investimentos na Linha Verde. “Quanto tempo mais, além desses 15 anos, vai demorar para ficar pronta?”, questiona o parlamentar por meio de um vídeo publicado nas redes sociais. Ele já havia sugerido a abertura de uma CPI em 2019, mas não conseguiu votos suficientes.
O Executivo ainda não se manifestou sobre o documento enviado pela vereadora Indiara Barbosa.