Ana Júlia, a nova queridinha do PT

Candidata de 20 anos fez 4,5 mil votos e é esperança de renovação em partido desgastado

Os milhares de eleitores que apostaram suas fichas na jovem Ana Júlia Ribeiro passaram a noite de domingo (15) roendo as unhas. Em alguns sites, a candidata chegou a ser dada como eleita. Em outros, aparecia fora. A contagem do TRE emperrou e ninguém sabia se podia comemorar ou não.

No fim, a primeira campanha de garota, de apenas 20 anos, terminou com uma primeira suplência. Mas nem de longe isso acabou com a sensação de que o primeiro passo de uma caminhada estava dado: apenas dois anos depois da maioridade, Ana Júlia teve a confiança de 4,5 mil eleitores e foi mais votada do que 18 vereadores eleitos.

“Claro que a gente queria a cadeira na Câmara, mas eu fiquei feliz de qualquer jeito”, diz a candidata, que encarou tudo com bom humor. “Imagina, eu tive mais voto do que muita gente que tem idade pra ser meu pai lá na Câmara”, diz ela, sorridente.

Ana Júlia ficou famosa quando apareceu no plenário da Assembleia Legislativa em 2016. Convidada à tribuna, defendeu ao alto de seus parcos 16 anos os alunos que estavam ocupando escolas em todo o estado em nome de mudanças no ensino médio. O discurso foi bombástico, e no mesmo dia ela aparecia nas capas de todos os jornais da cidade.

Filha de um casal de Assis Chateaubriand que se mudou para a capital, Ana Júlia desde então terminou o ensino médio e entrou em duas faculdades: faz Direito na PUC e Filosofia na UFPR. Seguiu em sua militância estudantil e começou em outras lutas – filiou-se ao PT e trabalha no Instituto de Defesa da Classe Trabalhadora, liderado pelos correligionários Wilson Ramos e Mírian Gonçalves.

Sobre a candidatura, ela diz que nem sabe como tudo começou. “Fui entrando para a política profissional sem nem perceber. Fomos formando um coletivo e de repente pareceu que seria egoísmo não colocar meu nome à disposição”, diz ela. Agora, depois da primeira disputa, ela já pensa nas próximas, e afirma que sem dúvida será candidata em 2022 (só falta saber a qual cargo).

No PT, Ana Júlia faz parte de uma aposta do partido. Com nomes que estão há décadas na vitrine, a ideia é renovar os candidatos. No caso da disputa pela prefeitura de Curitiba, não deu tão certo: Paulo Opuszka acabou em oitavo lugar com pouco mais de 2,4% dos votos. No caso dos vereadores, funcionou melhor – dois novatos chegaram à Câmara, além da experiente Professora Josete.

Ana Júlia, uma das queridinhas da nova safra, teve um bom apoio do partido. Recebeu R$ 45 mil do PT, em parte, segundo ela, por se encaixar em critérios estabelecidos pela legenda. Havia dinheiro extra para mulheres e jovens, por exemplo. E ainda conseguiu mais R$ 60 em doações externas.

Na campanha, também chamou a atenção. Com projeções de imagens provocativas, conseguiu uma briga com Delegado Francischini (PSL) que só animou mais sua torcida. Na semana final da campanha, renovou a dose, com projeções de posições políticas, entre outros lugares, na sede da Havan.

“Embora a campanha fosse municipal, o eleitor tem direito de saber o que os candidatos pensam sobre os grandes temas do país”, diz ela, que tinha uma equipe tão jovem quanto ela – o mais experiente tinha 30 anos. “Foi um bom começo”, diz ela, pronta para a próxima.

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