Apesar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter autorizado, na segunda-feira (11), a reabertura de academias, barbearias e salões de beleza, o governador Ratinho Júnior (PSD) novamente não se posicionou sobre as ações do presidente. No entanto, o Executivo estadual já informou que não vai seguir as novas diretrizes sobre serviços essenciais estabelecidas pelo governo federal.
Como é aliado do presidente, Ratinho tem procurado desconversar quando é questionado sobre as decisões de Bolsonaro. No último dia 18, o governador não assinou uma carta de repúdio à participação do presidente em manifestações que pediam o retorno da ditadura militar e do AI-5. Na ocasião, 20 chefes de Executivos estaduais assinaram o documento em defesa da democracia.
Segundo nota emitida pelo governo, é a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que vai decidir sobre o funcionamento de serviços essenciais e não essenciais. Além disso, o comunicado informou que uma comissão estadual, formada por especialistas em saúde, está avaliando a possibilidade de reabertura de atividades econômicas.
O governo estadual ressalta que o principal critério de análise é o comportamento da crescente curva do coronavírus no estado. Nas próximas semanas, o Paraná deve ampliar os testes na população. Para o Executivo paranaense, os resultados devem permitir uma melhor avaliação do cenário da doença e vão ajudar na tomada de decisões no estado.
Reabertura de comércios
O governador tem conversado com representantes de centros comerciais sobre a possibilidade de uma reabertura gradual de alguns segmentos. Na segunda-feira, por exemplo, a reunião foi com um representante da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce). No entanto, ainda não há qualquer acordo para o retorno das atividades.
Embora o governo tenha informado que o retorno das atividades essenciais dependerá de aval da Secretaria da Saúde, a reunião de Ratinho com o diretor da Abrasce, Vander Giordano, não teve a presença do secretário da Saúde, Beto Preto. De acordo com o Executivo, a decisão de reabertura dos centros comerciais é da Sesa, mas o diálogo do Poder Público com representantes de todos os setores econômicos é permanente.
Bolsonaro amplia serviços essenciais
Com o aval para a reabertura de academias, barbearias e salões de beleza, 57 setores já estão autorizados para reabrir durante a pandemia no Brasil. Contudo, ainda que o governo federal possa estabelecer quais atividades devem funcionar em meio à pandemia, os estados e municípios têm autonomia para decidir se vão seguir ou não as instruções do presidente.
Essa nova ampliação dos serviços essenciais foi feita sem o aval do Ministério da Saúde. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, o ministro Nelson Teich foi avisado por jornalistas sobre a decisão de Bolsonaro. Ao demonstrar surpresa, ele afirmou: “Saiu hoje? Não é atribuição nossa, isso aí é uma decisão do presidente”.
Além do Paraná, outros nove estados e o Distrito Federal já se posicionaram contra as medidas de Bolsonaro. Mesmo com o constante aumento de casos confirmados e de mortes por covid-19, o presidente disse ontem, ao chegar no Palácio do Alvorada, que pode autorizar novas aberturas em breve.