Entre a massa e o espeto: num mês, deputados gastam R$ 50 mil em restaurantes

Churrascarias, pizzarias e casas de massa ajudam a consumir cota de parlamentares

No primeiro mês de trabalho, os deputados da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) gastaram ao todo cerca de R$ 50 mil com alimentação e promoção de eventos. Com a apresentação de notas fiscais, os valores gastos são devolvidos aos parlamentares. O tipo de ressarcimento é o mesmo analisado no processo que resultou no bloqueio de R$ 103 mil do deputado federal Felipe Francischini (PSL). O atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal é investigado por suspeita de gastos irregulares com alimentação quando ocupou vaga na Alep entre 2015 e 2018.

Dos valores usados da verba de ressarcimento pelos parlamentares em fevereiro com as rubricas referentes à alimentação e promoção de eventos, a maior parte foi em carne assada, massas e pizzas. Das notas apresentadas para o ressarcimento dos R$ 50 mil, cerca de R$ 8,5 mil (16%) foram de restaurantes e casas de culinária italiana. Na sequência, entre a preferência dos parlamentares no mês analisado, vêm as churrascarias. Foram apresentados R$ 8,1 mil em notas de almoços e jantares em espeto corrido e casa de carnes.

Mas o apetite dos deputados não se resume em massa e carne. Frutos do mar, fast food, buffet, bares e petisquerias, comida japonesa e chinesa, grill, doceria, comida mineira, culinária portuguesa e até francesa está no cardápio dos deputados no dia a dia para enfrentar a rotina da atividade parlamentar. Os dados foram compilados pelo Plural com base nas informações disponíveis no portal da transparência da Alep.

O ressarcimento com alimentação é previsto no regimento da assembleia e integra uma lista de 29 tipos de rubricas que podem abranger os gastos dos parlamentar com a cota. Pela regra da casa, por mês, cada parlamentar tem direito a uma cota de R$ 31,4 mil em ressarcimento de gastos. Caso o deputado não gaste o total daquele mês, o valor restante soma-se ao do outro mês, acumulando ao longo do ano.

Ressalta-se que tal valor não é o salário do deputado. Além do ressarcimento de R$ 31,4 mil, cada parlamentar ainda conta com salário de R$ 25 mil – com direito a décimo terceiro -, e R$ 78 mil como verba de gabinete para contratação de assessores.

Na legislatura passada, entre 2015 e 2018, segundo levantamento feito pelo Livre.jor no observatório Na Conta do Deputado, os parlamentares usaram R$ 74 milhões da verba de ressarcimento. A maior parte, R$ 11,6 milhões, foi para pagar combustível. Os deputados gastaram ainda entre os quatro anos de mandato R$ 10 milhões para pagamento de serviços técnicos profissionais e mais R$ 9 milhões em aluguel de veículos.

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