Marca curitibana Esmo conquista espaço no ramo de cerâmica artesanal

Esmo cerâmica segue tendência do mercado de decoração que destaca itens feitos à mão e valoriza produtos locais

Bruna Vuelma Dala Rosa largou o mundo corporativo para se tornar ceramista seis anos atrás e criou a Esmo cerâmica há quase dois. Apesar do pouco tempo de vida, a empresa já é um sucesso e chega a vender 1.000 peças por mês – um número significativo nesse meio. 

“A cerâmica surgiu como um hobby na minha vida”, diz Dala Rosa. O que mais encantou a ceramista e empresária foram as qualidades “orgânicas” do trabalho artesanal.

Com o tempo, ela percebeu que suas cerâmicas eram cada vez mais admiradas por amigos e familiares em busca de peças exclusivas. No início de 2020, Dala Rosa começou a procurar espaço para abrir um ateliê. À medida que cresciam as demandas, o projeto de um ateliê passou a ser também o de uma loja – aberta em outubro daquele ano, em plena pandemia

“A intenção da Esmo sempre foi democratizar a cerâmica e trazer esse universo para um público que ainda não o conhecia. Queria que as pessoas tivessem a cerâmica no seu dia a dia.”

Bruna Vuelma Dala Rosa, dona da Esmo

Hoje, o público da Esmo é formado majoritariamente por mulheres de Curitiba e de outras cidades. Além das pessoas que procuram a Esmo por indicação de arquitetos que incluem cerâmicas em seus projetos. 

Decoração

A cerâmica tem ganhado cada vez mais destaque e é apontada como uma das tendências mais fortes no mercado de decoração. Na visão de Dala Rosa, esse crescimento de produtos feitos à mão está associado a uma maior conscientização sobre consumo e à valorização de produtos locais.

Além disso, a pandemia também ajudou, de certo modo, a fomentar a cerâmica. “As pessoas começaram a reformar e decorar suas casas. Passaram a buscar marcas que fizessem mais sentido, que tivessem um propósito por trás”, diz Dala Rosa. “Acho que a cerâmica teve um boom porque as pessoas precisaram olhar para dentro de casa e ter esse aconchego.”

Esmo Cerâmica

Com uma equipe de quatro pessoas, a produção da Esmo é focada em peças utilitárias como pratos, xícaras e tigelas, e decorativas, como vasos e centros de mesa. Contabilizando apenas as xícaras, são produzidas cerca de 500 peças por mês. 

A proprietária explica que, normalmente, os produtos cerâmicos são feitos por encomenda, mas que a ideia da Esmo é sempre ter um estoque para quem procura. 

O ateliê da Esmo fica nos fundos da loja. Foto: Tami Taketani/Plural

Produção

Uma peça na Esmo passa por dois processos: o torno, uma máquina usada pelos artesãos para dar forma ao objeto; e a placa, que é como modelar massinha, segundo Dala Rosa. O primeiro passo é dividir e pesar o pedaço de argila, que vem em cubos, conforme cada peça. “Brinco dizendo que a argila é uma coisa viva”, conta Dala Rosa. “Ela retrai, é temperamental, depende do clima, tudo isso interfere.”

A etapa inicial da produção, que envolve a modelagem e as várias queimas da peça, leva em torno de 10 a 15 dias. A segunda fase, de pintura, dura cerca de cinco dias, por necessitar de várias camadas. Isso significa que, em geral, o tempo de produção de uma única peça da Esmo é de pelo menos 20 dias. Para produtos encomendados, a proprietária afirma que é solicitado um mês, como uma margem de erro. 

A argila

“São muitos os fatores que influenciam. A argila tem o tempo dela. Ela não pode secar muito rápido e não pode ser colocada no sol porque pode trincar. O forno também tem o tempo dele, que leva oito horas para esquentar e 15 para resfriar. Por isso o que fazemos é brincar com mistura, textura, cores e temperaturas diferentes para criar peças únicas”, diz.

“Com a cerâmica, a gente sente que é sempre uma surpresa, nós programamos, produzimos, fazemos testes, mas por ser artesanal, as peças são únicas, daí também vem o nome Esmo, que significa medida incerta.”

Bruna Vuelma Dala Rosa, dona da Esmo cerâmica

O forno

Depois de modelada, a peça vai para a primeira queima, em que vira biscoito (estado dos vasinhos laranjas encontrados em floriculturas). Como os produtos da Esmo são utilitários, é preciso esmaltá-los na fase da pintura e colocá-los no forno novamente, em uma temperatura que pode chegar a 1240ºC. “É um vidrado, na verdade, que vem em pozinho. Assim a peça não absorve água nem um molho, por exemplo.”

No ateliê, a ceramista mostra uma peça já pintada, mas sem ter ido ao forno. De acordo com ela, antes da queima, a maioria das tintas tem uma aparência diferente do resultado final porque a cor só aparece com o calor do forno.

As xícaras

De todas as peças, as que têm o processo mais difícil são as xícaras, por causa das alças. Como é um acessório pequeno, todo o processo de modelagem, queima, pintura e transporte precisa ser mais cuidadoso. 

Quando algo dá errado, as peças são reutilizadas. Se há uma rachadura, trinca ou mancha, por exemplo, a Esmo adota algumas estratégias para o descarte. Segundo a proprietária, às vezes a própria equipe leva os produtos para casa para usar como vasos de plantas ou há um bazar para realizar a venda dessas peças por um preço menor. “A cerâmica tem toda essa relação com a natureza, então existe muito esse pensamento de ser sustentável”, diz.

O futuro

Dala Rosa conta que precisou se afastar um pouco da produção para que o negócio evoluísse. Apesar de muitas etapas do processo ainda dependerem inteiramente dela, a ceramista agora planeja o futuro da Esmo.

“Hoje, eu me considero mais uma empresária do que uma ceramista”, diz. Com um ano e meio de loja, ela sempre busca trazer novidades em produtos e serviços. Agora, a Esmo se prepara para lança uma manteigueira francesa e um prato de massas, a pedido dos clientes. “Pretendemos desvincular o ateliê da loja e aumentar a equipe. Assim vamos poder fazer workshops de cerâmica no ateliê. O próximo passo também é criar um site e profissionalizar algumas áreas”, diz.

E tudo indica que, até o final de 2022, Curitiba pode ganhar uma segunda loja da Esmo. 

Esmo cerâmica

A Esmo cerâmica fica na Alameda Prudente de Moraes, 1.239 – Centro. Outras informações, no perfil da loja, no Instagram.

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