O baiano Nelson Sauer, CEO da HandOver, startup focada em tecnologia, tem metas ambiciosas para a empresa. Embora a matriz fique em São Paulo, neste mês será inaugurado um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Boqueirão, em Curitiba.
O P&D vai ocupar um espaço de mil metros quadrados e o investimento deve superar R$ 25 milhões em três anos. No local, a HandOver vai concentrar a produção de lockers, os armários inteligentes.
A startup surgiu para resolver um problema de Sauer, enquanto morava no Canadá, em 2018. Durante a conversa por vídeo com o Plural, ele lembra que comprou uma mercadoria pela internet e precisava retirar o pacote em um local que tinha horário de atendimento comercial.
“Eu pensei: seria muito mais fácil fazer uma transferência bancária e pegar o produto no horário que eu pudesse em um armário desses com chave mesmo”, conta Sauer.
No retorno ao Brasil, em uma pesquisa realizada na avenida Paulista, durante a Copa do Mundo de 2018, constatou que este não era um problema só dele. Das 360 pessoas ouvidas, 81% disseram que tinham a mesma dificuldade em receber ou retirar encomendas.
Os armários podiam suprir esta necessidade, mas era preciso deixá-los mais seguros. Assim, foi desenvolvido um software que “turbinou” os tradicionais armários de aço. Entregador e clientes se comunicam diretamente com a empresa, que por meio do aplicativo monitora e libera a entrega. Sem cadeado, tudo feito eletronicamente.
“Quem é responsável pela entrega escolhe o tamanho do locker, deixa a encomenda e o comprador é comunicado por meio do aplicativo. Aí ele retira quando puder”, explica.
Atualmente 82 armários estão em operação. Todos eles utilizados por empresas, que podem adquirir o produto (o preço varia de acordo com o número de portas) e pagar uma mensalidade de R$ 25 ou alugar pelo preço médio de R$ 1,2 mil mensais.
A logística de entrega e instalação é feita pela própria empresa – que está apta para atender todo Brasil.
Em Curitiba, o P&D vai permitir que toda operação seja feita pela HandOver, incluindo a fabricação. Em três anos devem ser gerados 140 empregos na capital paranaense.
Estratégia
Ainda neste primeiro semestre, o CEO e parte do staff da startup deve ir aos Estados Unidos. A pretensão é expandir a atuação, embora sejam reservados quanto aos negócios internacionais.
Curitiba tem papel central neste planejamento: a localização da cidade permite mais facilidade em atender aos estados do Sul e também aproxima clientes de países vizinhos.
“Curitiba é considerada umas das cidades mais inovadoras da América do Sul e até do mundo. A nossa empresa é uma empresa de tecnologia, de inovação, por isso faz todo sentido estar aqui.”
E-commerce
Um dos clientes atendidos pela HandOver em São Paulo é a Dafiti, que atende na modalidade e-commerce. A empresa mantém armários em diversos pontos da cidade para facilitar a logística aos entregadores.
Somente no ano passado, o e-commerce brasileiro faturou R$ 161 bilhões, segundo levantamento da consultoria Neotrust.
Para este ano, a previsão é de que haja crescimento de 9%, atingindo um faturamento de R$ 174 bilhões e pelo menos 379 milhões de pedidos.
O cenário promissor faz com que HandOver projete um faturamento anual de R$ 110 milhões em três anos.