Empresa paranaense desenvolve tecnologia biométrica para embarque em aeroportos

Pacer concorreu e venceu uma licitação feita pela Infraero e tecnologia será implantada em Congonhas, Belém e no Santos Dumont

No Vale do Pinhão, em Curitiba, nasceu a tecnologia biométrica para facilitar o embarque de passageiros em aeroportos brasileiros. A expectativa é de que até o fim do semestre a operação comece em Congonhas (SP), Santos Dumont (RJ) e Belém (PA).

A responsável pela façanha é a Pacer, sediada no Hipe Innovation Center, e que usa a inovação para nortear os negócios.

A primeira empreitada no ramo da aviação da startup foi o Wavemaker, o “tapete” digital utilizado pela empresa Azul, que usa realidade aumentada e inteligência artificial para dar mais agilidade no processo de embarque.

A partir daí, em 2019 a tecnologia foi aprimorada e nasceu o desenvolvimento do mecanismo do embarque biométrico.

O trabalho foi realizado em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) para atender ao programa Embarque + Seguro 100% Digital do governo federal, que foi pensado pelo Ministério da Infraestrutura.

Além da agilidade, a ideia é tornar o trânsito aéreo mais seguro no Brasil. Para isso, o passageiro que entrar na parte restrita terá o cartão de embarque validado por meio da leitura biométrica facial, que vai confirmar se aquela pessoa é tripulante ou tem bilhete para determinado voo e só aí liberar o acesso.

De outubro de 2020 a janeiro deste ano, cerca de 6,2 mil passageiros participaram da fase de testes do programa, realizada em sete aeroportos do país.

Negócios

Reservada quanto aos valores investidos para desenvolvimento da biometria facial, a Pacer foi vencedora da licitação por um valor ao menos 1/5 menor que as demais concorrentes (pouco mais de R$ 1 milhão).

A empresa, além da tecnologia, também tem que oferecer a logística de entrega de tudo que é necessário para que o programa funcione.

A Pacer integra o Grupo RP Info, que atua no desenvolvimento de soluções e softwares para o varejo, sediada em Mariópolis, no sudoeste do Estado. A RP Info também é um dos sponsors do Hipe Innovation Center na qual a Pacer é residente.

Daí saíram os primeiros membros da equipe que trabalhou na biometria facial. A meta era atender uma demanda que Giuliano Podalka, diretor da empresa, conhecia bem. Ele foi gerente de inovação na Latam e na Azul e agilitar o embarque era uma necessidade importante para os clientes.

Neste cenário, ele conheceu o paranaense Ricardo Pocai, fundador da Pacer, que foi o criador do tapete digital. Podalka deixou o ramo de aviação e veio para a Curitiba para trabalhar com inovação.

O retorno será a longo prazo, mas a aposta é que a biometria facial seja adotada também em outros setores.

A homologação do processo licitatório deve demorar dez dias para ser finalizado.

Privacidade

Para quem é avesso à tecnologia, o uso da biometria facial pode parecer meio Black Mirror. A série da Netflix questiona a hiperdependência humana da tecnologia e apresenta as consequências disso ao longo de episódios.

O tratamento de dados com o reconhecimento facial nos embarques dos aeroportos, porém, deve gerar mais segurança aos usuários. “Quando você embarca em um voo não tem como saber quem está ali. Com esses dados é possível ter um controle sobre as pessoas que circulam pelos aeroportos”, pontua Podalka.

Para o futuro é possível que a biometria facial seja obrigatória. Até lá o passageiro pode optar por fazer embarque tradicional – com bilhete e conferência manual.

Durante o trâmite do reconhecimento facial do passageiro, as imagens não são salvas pelas companhia de aviação, apenas pelo governo. Funciona assim: o passageiro chega ao totem, que registra a imagem em nuvem e a identificação é validada pelo Serpro, que devolve a confirmação para a empresa aérea. Com a tecnologia paranaense, este processo leva, em média, três segundos.

O Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, ainda não está na lista de terminais que irão receber a tecnologia neste primeiro momento.

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