A estudante de medicina Vanessa Fogaça, de 32 anos, teve Covid-19 em março do ano passado. A doença trouxe complicações, uma delas foi a mielite transversa, que a obrigou a adotar uma dieta nasogástrica.
Assim como Vanessa, quem não consegue mais se alimentar pelo método tradicional, e depende de sonda ou ostomia para nutrição, costuma enfrentar um grande obstáculo: fazer suas refeições quando está fora de casa.
As embalagens das fórmulas para nutrição geralmente são de um litro, parecidas com as de leite, o que dificulta a vida dos pacientes que têm mobilidade. “Mais de 50% das pessoas que usam nutrição conseguem sair de casa, só que não saem porque é muito trabalhoso o preparo [do alimento] ou saem e não tomam a nutrição”, explica a analista científica Gabriela Oliveira, da Prodiet.
A empresa curitibana percebeu que havia um grupo de consumidores em potencial e durante 24 meses desenvolveu uma embalagem que contém menos quantidade de alimento, 250 ml, o Trophic Dose Única. O produto chegou às prateleiras e é o único do tipo no Brasil.
A produção é feita no CIC, em Curitiba, onde fica a matriz da Prodiet. A empresa, que tem cerca de 130 colaboradores espalhados pelo país, também conta com um centro de distribuição e logística em Araucária, na região metropolitana.
A fórmula do alimento é a mesma utilizada nas versões com embalagem maior, e o desafio foi desenvolver um produto que pudesse proporcionar mais autonomia para os clientes. A pesquisa desenvolvida pelo time de inovação constatou que 36% dos pacientes tinham condições de preparar a própria dieta, como Vanessa.
“Para mim facilitou bastante. A embalagem de um litro tem um problema que é a durabilidade, depois de aberta deve ser consumida em seis horas, e também havia dificuldade quando eu ia para as consultas médicas”, observa.
O diferencial é que ao invés de preparar a refeição, o Trophic vem pronto para o consumo. A conservação deve ser feita em bolsa térmica, assim como qualquer alimento nutricional. O equipamento, por sua vez, precisar ser o da própria marca (assim como as marcas de celulares fazem carregadores que não servem nas concorrentes).
Números
Para os consumidores, um ponto positivo é o custo. “Às vezes o de um litro parece ser mais barato, mas acaba não compensando por causa do tempo. Então, se pesquisar bem, dá para a economizar”, pontua a estudante.
Por estratégia comercial a empresa não divulga números, mas revela que no Brasil há 150 pontos de venda que comercializam o novo produto.
Além disso, de acordo com a Prodiet, após atender a demanda interna deve seguir para exportação. Outros produtos são vendidos para países da América Latina, bem como Arábia Saudita e Polônia.
“O retorno [financeiro do produto] está dento do planejado”, destaca Mihaela Theer Moura, coordenadora de Marketing.
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