Com investimento de R$ 460 milhões, queijaria deve industrializar 800 mil litros de leite por dia, em Ponta Grossa

Operação deve ser iniciada em 2023 e vai gerar mais de mil empregos diretos e indiretos

Muçarela, cheddar, prato e massa de queijo. Este será o ‘menu’ da nova queijaria do grupo Unium, que deve começar a operar no ano que vem, em Ponta Grossa. A planta recebeu investimento de R$ 460 milhões e deve gerar 55 empregos diretos, além de mais de mil indiretamente.

De acordo com o governo do estado, a demanda interna de queijos no Brasil é consideravelmente maior do que a oferta por produtores locais, com o mercado nacional em crescimento. O consumo do produto no país, por exemplo, é de pouco mais de cinco quilos per capita, bem abaixo dos 37 quilos da Alemanha e menos da metade do que os vizinhos Uruguai e Argentina, que têm um consumo de 11 quilos por ano por pessoa.

De olho neste potencial, a Unium realizou estudos de mercado que a levaram a fazer o investimento milionário nos Campos Gerais. A projeção em curto prazo é de que a produção da empresa represente quase 2% do consumo nacional.

A Unium é a marca institucional das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, que já processam leite UHT em Ponta Grossa. Com a queijaria, os quase mil cooperados terão mais demanda para a produção, que é feita no Paraná e no estado de São Paulo.

“O nosso negócio trabalha com a terceirização. Já produzimos o UHT, leite condensado, creme de leite, leite em pó, então naturalmente a próxima etapa era chegar aos queijos”, explicou ao Plural, Rogerio Wolf, coordenador Comercial da Unium. O grupo fatura anualmente R$ 7 bilhões.

Uma das fábricas de processamento da Unium está alocada justamente em Ponta Grossa. Este foi o motivo para que a queijaria fosse instalada na cidade: toda a parte de infraestrutura já estava pronta. A escolha foi comemorada pela administração do município.

Segundo a prefeita Elizabeth Schmidt (PDS), os investimentos fortalecem o setor industrial do município, de forma a consolidar a cidade como um polo industrial no ramo de queijo, não apenas no estado do Paraná. “Ponta Grossa desenvolve a cada dia, através da atração de novos investimentos e da ampliação das indústrias da cidade”, disse.

Tecnologia

Dos R$ 460 milhões investidos na instalação da fábrica em Ponta Grossa, quase metade foi destinada para aquisição de maquinários. Eles serão fornecidos pela Tetra Pak, a mesma empresa que faz as famosas embalagens.

A Tetra Pak já é fornecedora da Unium em outros serviços, e na planta da queijaria o escopo contratado inclui todas as etapas de processamento do leite para queijo: coagulação, drenagem e acidificação, filagem, formação de blocos, resfriamento e salmoura.

O maquinário também tem tecnologia complementar para tratar o soro gerado durante a industrialização. O soro é usado sobretudo na formulação de bebidas que têm alto teor de proteína.

“Os equipamentos estão sendo fabricados nos Estados Unidos e Europa e até o fim do ano já devem estar instalados”, salienta Ana Paula Forti, diretora da área de processamento.

O know-how da Tetra Pak em estruturar plantas permitirá que grande parte da industrialização seja feita de forma automatizada, reduzindo riscos e custos para a Unium.

“A indústria de laticínios tem avançado e para atender essa demanda é importante que também o processamento seja versátil. Nós já temos outras plantas e esse projeto da queijaria utilizará será para produção em larga escala”, destaca a diretora. A capacidade da fábrica é para produção de 80 toneladas diárias de queijo.

Mais negócios

Antes que a operação seja iniciada em Ponta Grossa, a Unium está negociando a marca que levará os produtos industrializados na planta.

Na prática, o que vai acontecer é que os cooperados fornecem o leite, processam até produzir queijo e envasam para uma marca específica – justamente o que ainda não foi definido.

Reservado, Wolf não detalha em que pé está a conversa e nem quais marcas são prospectadas pela Unium, mas a definição deve ocorrer ainda neste ano, movimentando mais o mercado leiteiro paranaense.

O fornecimento de queijos produzidos na planta pode atender o varejo, B2B (venda para empresas) bem como as redes de food service. Alternativas que demonstram a expansão do consumo de queijos, sobretudo durante o período em que houve mais restrições por conta da pandemia da Covid-19.

Pesquisa realizada pela Tetra Pak em parceria com Lexis Research, consultoria global de estudo de mercado, indica que a pandemia estimulou o consumo de queijos no mundo. No Brasil, quase metade dos entrevistados (46%) afirmam ter aumentado a ingestão do alimento durante a pandemia, índice acima da média global, de 1/3 dos entrevistados.

De acordo com a Tetra Pak isso se deve, em parte, ao fato de mais pessoas estarem passando tempo em casa, o que proporciona mais oportunidades para o consumo do alimento, como ao assistir TV (36%) ou ao acompanhar uma bebida – como aperitivo (35%) ou em um lanche rápido (35%). No Brasil, a maioria (84%) consome queijo no café da manhã e como tira-gosto no fim de tarde (51%).

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