Na crise, mercado de imóveis de luxo cresce 250% em Curitiba

Crise no mercado imobiliário vale só para a classe média. Apartamentos de alto padrão podem custar até R$ 17 milhões

A crise econômica no Brasil parece não ter atingido uma parcela da população: a classe A. Para famílias e empreendedores de alto poder aquisitivo, o mercado imobiliário nunca esteve tão bem. Só em Curitiba, o número de edifícios de luxo ou superluxo lançados subiu 250% em 2019.

No primeiro semestre do ano passado, foram apenas dois colocados à venda na Capital. No mesmo período deste ano, foram sete. Se compararmos o número de apartamentos lançados nos dois períodos, o crescimento é ainda maior: de 60 para 229, um aumento de 281%. Os dados são da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), em parceria com a Brain Inteligência Corporativa.

Nestes empreendimentos, o metro quadrado pode custar R$12 mil e um único apartamento ultrapassa a casa dos milhões. “Temos apartamentos de R$ 17 milhões”, conta Henrique Fernandes, diretor da Greenville, imobiliária e incorporadora.

Há 28 anos no mercado de alto padrão, Fernandes assegura que não há crise neste segmento. “A procura sempre existe e na crise o investidor compra ainda mais, pois os imóveis têm os valores reduzidos e há dinheiro”, explica, destacando que Curitiba é muito procurada por investidores estrangeiros e também por empresários de outras regiões, como Sudeste (RJ/SP) e Nordeste, que buscam melhor infraestrutura e segurança. A localização estratégica da cidade é outro atrativo.

Com destaque para a qualidade do material da construção e, especialmente, para o acabamento, imóveis de luxo são sempre grandes; o menor apartamento tem 400 m2 de área privativa. Já as casas têm pelo menos 700 m2 e podem chegar a R$ 30 milhões, dependendo da localização.

Onde estão

Os bairros mais procurados pelas construtoras destes imóveis continuam sendo: Batel, Ecoville e Bigorilho. No Campo Comprido se concentram os condomínios e em Santa Felicidade as casas de alto padrão. “Ahú e Juvevê também vêm se destacando, mas houve um bom crescimento no Cabral, onde a infraestrutura vem melhorando e a opções gastronômicas atraem”, avalia o empresário Milton Ribeiro, da Axis21, imobiliária especializada em empreendimentos de luxo.

Em seus negócios, Ribeiro percebe um aumento na venda de imóveis para moradia. “Houve uma queda no número de investidores nos últimos anos. Quem compra é daqui, do interior, ou quer morar aqui. São pessoas que estão casando, saindo de casa ou querendo dar um upgrade para um imóvel melhor.”

De acordo com Ribeiro, houve um pequeno declínio na procura no início de 2019, logo recuperado. “Este é um mercado que nunca parou. Dinheiro na classe A sempre tem, então, a compra depende de vontade política. Depois da Reforma da Previdência deu uma boa alavancada, principalmente pelo investidor entender que a economia começa a se recuperar.”

Para o presidente da Ademi, Leonardo Pissetti, este é um mercado de nicho em Curitiba, com uma demanda bastante específica. “O fato de ser o setor que registrou um dos maiores crescimentos é bastante relevante. O padrão atende ao movimento de upgrade, ou seja, pessoas que buscam um imóvel maior ou mais moderno e usam o apartamento atual como parte do pagamento.”

O comprador deste segmento não utiliza financiamentos nem empréstimos, quase sempre compra à vista. “São empresários, agricultores, profissionais liberais, advogados, médicos, profissionais de TI, de exportação e funcionários públicos”, observa Ribeiro.

Números

Edifícios de luxo e superluxo lançados em Curitiba

1º semestre de 2019 – 7 empreendimentos
1º semestre de 2018 – 2 empreendimentos

Apartamentos de luxo e superluxo lançados em Curitiba

1º semestre de 2019 – 229 apartamentos
1º semestre de 2018 – 60 apartamentos

Apartamentos de luxo e superluxo vendidos em Curitiba

1º semestre de 2019 – 194 apartamentos
1º semestre de 2018 – 143 apartamentos

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