“Wasp Network: rede de espiões” mexe com história e geopolítica

Em cartaz na Netflix, filme relata a história de soldados da inteligência cubana infiltrados em grupos contrarrevolucionários de Miami

“Prefiro morrer de pé do que viver de joelhos”, disse Emiliano Zapata (1879-1919), líder da revolução mexicana. Para ele, era preferível morrer lutando por seus princípios do que viver subordinado aos interesses alheios. Esse parece ser o princípio que move os soldados da inteligência cubana em “Wasp Network: rede de espiões”, do francês Oliver Assayas. O filme está em cartaz na Netflix e é inspirado no livro “Os últimos soldados da Guerra Fria”, do jornalista brasileiro Fernando Morais.

No contexto dos embates políticos-ideológicos entre Washington e Havana, os agentes cubanos se infiltram em grupos contrarrevolucionários de Miami, na Flórida, para descobrir atos terroristas contra Cuba.

Em 1990, após a queda da antiga União Soviética, Cuba fica à míngua. Esse momento na história ficou registrado como “Período Especial”, no qual faltavam alimentos, energia elétrica, comida, remédio, gasolina e outros insumos básicos. O turismo era o que mantinha (e ainda mantém) o país funcionando.

Diante desse cenário desastroso, muitos arriscavam a vida em alto-mar, viajando em busca da democracia americana – eram os balseiros. Outros trabalhavam para destituir Fidel Castro do poder – eram os integrantes do “Concílio Cubano”.

Os grupos terroristas tinham o objetivo de atacar os hotéis cubanos para causar pânico nos turistas, enfraquecendo a economia local. Dessa forma, a Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), comandada por Jorge Mas Canosa, conseguiria recuperar o que tanto almejava: indústrias açucareiras, cassinos e cabarés. Isto é, reviver a Cuba dos anos 1950, voltada aos interesses do capital estrangeiro.

Do ponto de vista cinematográfico, a narrativa se perde em alguns momentos, esquecendo de dar continuidade à história dos personagens (aliás, o elenco tem estrelas como Penélope Cruz, Wagner Moura, Gael García Bernal e Ana de Armas). Sem contar que falta um desfecho para o filme, que termina abruptamente.

Mas a fotografia é belíssima, com enquadramentos dos aviões de caça sobrevoando o mar do Caribe; e as ruas de Cuba são retratadas com aquele colorido arquitetônico que encanta.

Se você curte história e geopolítica, o filme é brilhante.

Serviço

“Wasp Network: rede de espiões” está em cartaz na Netflix.

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