Por pura diversão, Vigor Mortis estreia série inédita de humor e terror no YouTube

“A macabra biblioteca do dr. Lucchetti” leva a marca da companhia de teatro e cinema que completa 25 anos e é uma das mais queridas e bem-sucedidas de Curitiba

Em 30 segundos, fica claro que você está assistindo a uma produção da Vigor Mortis: é a fonte dos créditos, a música da trilha sonora, a estética de quadrinhos… É a tensão de um filme de terror com a empáfia de uma comédia. Uma mistura que alguém espirituoso batizou de “terrir”. Algo feito para divertir.

A cena em questão serve de introdução para “A macabra biblioteca do dr. Lucchetti”, uma série que estreia neste sábado (29), às 17 horas, no canal da Vigor Mortis, no YouTube.

A companhia de Paulo Biscaia Filho é uma das mais bem-sucedidas de Curitiba e também umas das mais queridas pelo público. Uma trupe que usou a experiência de palco para fazer cinema – e que agora desembarca na web. Em 2022, ela completa 25 anos de existência e seu vigor é notável: mal encerrou a produção da série, já tem um filme engatilhado para 2023.

“A macabra biblioteca do dr. Lucchetti” se divide em 10 episódios, o mais curto com 5 minutos e o mais longo com 16. Depois da estreia, novos episódios serão exibidos às quartas e sábados, sempre às 17 horas, sempre no YouTube. Para aliviar a espera (ou piorar, dependendo da pessoa), haverá uma contagem regressiva de 24 horas antes de cada exibição. Uma semana depois do YouTube, cada episódio será veiculado nos perfis do grupo também no Facebook e no Instagram.

O último episódio irá ao ar no dia 2 de março. Depois disso, Biscaia vai editar o material e fazer dele um filme, com muito mais sangue do que é permitido nas redes sociais.

A trupe da Vigor Mortis produziu “A macabra biblioteca do dr. Lucchetti” em estúdio com fundo verde. (Foto: Nika Braun/Vigor Mortis)

Loucura

Numa conversa pelo WhatsApp, na noite de quinta-feira (27), o diretor da Vigor Mortis disse que “estar trabalhando com teatro e cinema depois de 25 anos é uma forma de marcar os 25 anos” da companhia. E mais: “Estar trabalhando depois de dois anos de pandemia. Estar trabalhando num país com pouca esperança para a produção artística é uma forma de celebrar. Mostra a paixão que a gente tem. Loucura e paixão”.

A série é uma obra de ficção, mas o dr. Lucchetti do título existe de fato: o sr. Rubens Francisco Lucchetti é um paulista autor de mais de mil livros de horror, no formato que os americanos chamam de pulp fiction (livros de gênero, quase sempre policial ou terror, feitos num papel barato e para consumo rápido). Lucchetti completa 92 anos neste sábado (29).

Biscaia é um leitor fã de Lucchetti e, a partir dos personagens do “mestre do horror”, criou uma peça de teatro que estreou em 2017 com o título “A macabra biblioteca do dr. Lucchetti”. “Apesar da história ser uma só, a gente sempre soube que a peça teria um bom diálogo com o formato de série”, diz Biscaia. “Ela funciona bem também numa experiência de sessão única. Então farei uma reedição com algumas coisinhas diferentes e teremos os dois formatos [série e filme] mais adiante.”

Série da Vigor Mortis assume a influência do filme “Sin City”: fotografia em preto e branco com alguns detalhes coloridos. (Foto: Nika Braun/Vigor Mortis)

De detetive

O Plural teve acesso aos dois primeiros episódios da série. A história dá vários saltos temporais, começa em Amsterdã durante a Segunda Guerra Mundial e avança até Lisboa nos anos 1970. Mas a principal parte da ação ocorre em Curitiba, em 1959.

O detetive pé-rapado John Clayton (vivido por Ed Canedo) recebe a visita de uma mulher bonitona e aflita chamada Helen Zola (Michelle Rodriguez). Ela paga um bom dinheiro para que o pobre Clayton investigue seu marido (um cientista) e descubra se ele é infiel ou não. “Zola é polonês”, diz ela. A trama envolve nazistas e experiências bizarras.

A estética é uma referência clara e assumida ao “Sin City” (2005), de Frank Miller, Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, com uma fotografia em preto e branco pontuada por detalhes em vermelho. Para dar conta dos efeitos, a equipe de Biscaia foi perspicaz e rodou a série inteira em um estúdio com fundo verde.

Terrível

O resultado é impressionante, ainda mais se você levar em consideração que a série e o filme que será feito dela custaram R$ 150 mil, um valor baixíssimo num mundo em que as cifras são sempre em milhões de dólares. “A macabra biblioteca do dr. Lucchetti” foi realizada com a ajuda de leis de incentivo à cultura e se encaixa à perfeição num currículo que tem peças como “Morgue Story” (2004, adaptada para o cinema em 2009) e “Graphic” (2007). Todas terrivelmente divertidas.

Série

“A macabra biblioteca do dr. Lucchetti”, de Paulo Biscaia Filho. Uma série em dez episódios que estreia no canal da companhia Vigor Mortis, no YouTube, neste sábado (29), às 17h, com exibição gratuita. Episódios novos às quartas-feiras e aos sábados.

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