Tem gente que entra no carro e imediatamente liga o rádio. Nem se preocupa em mudar de estação, porque já sabe o que quer. Mas nos últimos meses o dial do rádio em Curitiba passou por um pequeno terremoto: emissoras trocaram de mãos, estações trocaram de posição e muita gente ficou sem saber onde encontrar seus programas preferidos. Até porque muitos deles simplesmente deixaram de existir.
Bom, se você é dos muitos fãs de rádio ou tem interesse em saber o que está acontecendo, aqui vai um pequeno guia das mudanças. E antes, um spoiler: vem mais mudança por aí.
1. CBN – 95.1
Boa parte das mudanças no dial teve origem num divórcio. Joel Malucelli, provavelmente o homem mais influente do radiojornalismo paranaense, deixou de ser o responsável pela retransmissão da CBN em Curitiba. Dependendo de quem você ouvir, a história varia. Malucelli, que também é dono da frequência BandNews em Curitiba, diz que não quis mais ficar com as duas rádios, e abriu mão da que rendia menos, a CBN. Outras pessoas dizem que o grupo Globo não ficava feliz por Joel comandar duas rádios de grupos concorrentes e preferiu achar outro parceiro. Não importa.
O fato é que Amarildo Lopes, que já retransmitia a CBN em Londrina, abocanhou a emissora curitibana também. Como a frequência pertencia a Malucelli, ele comprou o 95.1, que era da Transamérica Light,e passou a usar para a CBN Curitiba. A grade continua a mesma, praticamente. Gil Rocha assumiu o jornalismo, e até o imortal Luiz Geraldo Mazza voltou aos microfones.
2. Alpha – 90.1
Com isso, uma das posições mais cobiçadas do rádio, o 90.1, ficou liberado. E Joel Malucelli resolveu ocupá-lo agora com uma emissora de música. De novo, foi buscar uma parceira fora, e passou a retransmitir a programação da Alpha. Para isso, chamou bons nomes da locução, como Betina Muller e Margot Brasil. A rádio em certo sentido faz concorrência para outras de música suave, como a Ouro Verde.
3. CNN – 100.3
No jornalismo, outra novidade é a chegada da CNN ao rádio curitibano. A Transamérica, que tem rádios em diversas cidades, fechou um acordo para transmitir notícias da rede americana durante toda a semana. São seis horas diárias, das 6h ao meio-dia, além de uma hora adicional a partir de 18h30, no horário mais nobre do rádio.
4. Educativa – 97.1
A mais triste mudança é a que vem acontecendo com a Educativa. A emissora estatal foi praticamente desfigurada no governo Ratinho Jr. (PSD). Aos poucos, toda a programação de fato “educativa” foi sendo eliminada da grade em troca de programas mais comerciais. Horários que antes eram dedicados ao jazz, à música erudita e à cultura de outros países foram minguando até sumir. Programas clássicos como “Caleidoscópio”, “Tempo de Jazz” e “Radiocaos” desapareceram. Além disso, houve a demissão de funcionários com 20 anos de casa ou mais.
5. Banda B – 79.3
Uma mudança que havia ocorrido antes, mas que pode ser a precursora de muitas outras novidades, foi a chegada da Banda B à FM. Uma das campeãs do AM, a emissora tomou a iniciativa de aceitar a passagem para o 79.3, uma frequência que sequer existia até pouco tempo atrás. Isso porque o governo já anunciou que vai desligar o sinal analógico das AMs de todo o país – e quem não correr para passar para FM perderá a frequência.
6. FM estendido – antes do 90.1
Isso significa que mais emissoras devem passar em breve para uma nova faixa de FM, que fica antes do 90.1 e que até aqui não era usada no país. São emissoras AM que poderão pagar preços mais baratos por uma FM, mas que também terão de enfretar dificuldades (nem todo aparelho é capaz de pegar essas frequências hoje). Em geral, uma rádio FM hoje custa até R$ 6 milhões em Curitiba, mas nessa faixa, as AMs poderão comprar uma frequência por cerca de R$ 1 milhão.
Só 6 tópicos?
É lamentável o que este governo fez e faz com a nossa Rádio e TV Educativa. A melhor programação sempre foi da 97,1 FM. Ainda estou perdida, cada dia buscando uma rádio para chamar de minha.
Isso é que é informação útil, Rogério. É muita mudança em pouco tempo e tava impossível entender! Que triste o que fazem com a minha querida 97.1. A produção local ainda tem lugar na Educativa, mas tudo isso que você comenta é realmente lamentável…
Bela matéria. O povo ouve as rádios, mas desconhece os interesses econômicos por detrás delas. Não sei se muda alguma coisa o J. Malucelli não ter duas rádios de notícias, pois a Band é o berço do reacionarismo. Ao menos os jornalistas terão opção de trabalho.