Uma nova Bruxa de Blair?

A Viúva das Sombras é a mais recente ao subgênero found footage

Em 1999, A Bruxa de Blair alcançou sucesso sem precedentes ao apresentar uma suposta história verídica no formato found footage – filmagem encontrada, na tradução literal. A câmara amadora, na mão dos personagens, criava um sentimento de participação que exacerbava o terror diante do desconhecido, da possibilidade de encontrar a tal bruxa do título. O lucro astronômico a partir de um investimento relativamente baixo fez com que o found footage também se tornasse querido pelas produtoras, que garantiram a longevidade do subgênero. A Viúva das Sombras, com direção de Ivan Minin e roteiro assinado por Minin, Natalya Dubovaya e Ivan Kapitonov, é o mais recente acréscimo a essa categoria.

Em A Viúva das Sombras um grupo de voluntários entra em uma densa floresta para resgatar um adolescente desaparecido. Durante a busca, eles encontram uma mulher nua e, preocupados com a saúde da senhora, tentam removê-la para um hospital. Porém forças sobrenaturais parecem estar decididas a impedi-los de sair da floresta, e eles logo descobrem que a senhora que tentavam resgatar não é tão inofensiva quanto aparenta.

Sem se aprofundar em seus personagens – tudo o que sabemos sobre eles são seus nomes e que estão dispostos a entrar em florestas para ajudar pessoas – A Viúva das Sombras tem um potencial que não é completamente alcançado. Mesmo sua escolha de formato é abandonada ao longo do filme: o found footage frequentemente dá lugar à câmera em terceira pessoa, e música não diegética (que não faz parte do universo fílmico) pode ser ouvida em momentos chave para criar tensão no espectador. Embora sofra com esta dupla identidade, a direção de fotografia do longa merece destaque por não cair no lugar comum de escurecer completamente o campo de visão para favorecer sustos não merecidos. Tudo o que acontece na tela pode ser visto com clareza.

No reino dos potenciais não alcançados está a própria Viúva, cuja trajetória e folclore são expostos de maneira confusa. Baseada em uma suposta lenda dos arredores de São Petersburgo, não fica claro o que exatamente a entidade pretende com suas vítimas. Outro personagem desperdiçado pelo roteiro é o cachorrinho que compõe a equipe de resgate. Em determinado momento seu tutor deixa claro que ele é treinado para buscar pessoas vivas, o que pode parecer um prenúncio do que está por vir. Infelizmente o animal acaba tendo pouco a fazer.

Com 1h20min de duração, A Viúva das Sombras é uma boa escolha para quem quer começar a expandir suas fronteiras cinematográficas sem mergulhar de cabeça em histórias mais complexas e pouco familiares. Paralelamente, a produção completamente russa demonstra o quanto pode ser difícil escapar da hegemonia do cinema hollywoodiano.

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