“Tomorrowland” lembra que é preciso sonhar

Disney faz o que sabe fazer melhor em um filme edificante sobre como o futuro só depende de nós

“Um inventor desiludido (George Clooney) e uma jovem apaixonada por ciência embarcam em uma missão perigosa para descobrir os segredos de uma realidade alternativa.” Em linhas gerais, essa é a síntese da ficção científica “Tomorrowland”, uma produção de 2015 em cartaz na Netflix.

O que o terrível resumo do serviço de streaming esquece de dizer é que, em meio ao roteiro meio óbvio de salvamento da terra, o filme do diretor Brad Bird nos lembra de algo essencial: é preciso sonhar.

E depois de sonhar, é preciso fazer as mudanças acontecerem. A terra do amanhã é um pouco disso: a consequência das nossas escolhas individuais, em um somatório coletivo que tentamos mudar, ou com o qual nos resignamos. De inventor desiludido e de jovem apaixonada, todos temos um pouco.

Em meio a explosões, ambientes tecnológicos futuristas e robôs humanoides, “Tomorrowland” pergunta: Qual dos dois personagens você alimenta?

É um pouco como a lenda cherokee que a narrativa usa de base: dois lobos estão sempre brigando dentro de cada um de nós. Um é o lobo da desesperança e do medo, o outro da luz e da esperança. Qual deles vai vencer? A resposta é: “aquele que você alimenta”.

“Em cada momento há a possibilidade de um futuro melhor, mas vocês não acreditam nisso. E porque vocês não acreditam nisso, não fazem o que é preciso para tornar [esse futuro] realidade. Ficam se lamentando sobre esse futuro terrível e se resignam. Por um motivo: porque esse futuro não exige nada de vocês hoje”, brada Nix, o típico vilão da Disney interpretado por Hugh Laurie (o médico protagonista da série de tevê “House”).

Soa patético dizer isso, mas com o torpor de uma quarentena voluntária em razão de uma pandemia, a magia da Disney fez efeito. Não haverá um amanhã melhor se ninguém sonhar com ele, nem se nos resignarmos às possibilidades terríveis que nos assolam todos os dias. Repetindo o ensinamento cherokee, vence o lobo que alimentarmos hoje.

Serviço

“Tomorrowland: um lugar em que nada é impossível” tem classificação indicativa de 10 anos e está disponível na Netflix.

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