Netflix: seis bons filmes para fazer sua cabeça em 2022

Para salvar o fim de semana, uma seleção com alguns dos melhores filmes na Netflix para ver em 2022

Semanas são longas e fins de semana, curtos. Assim, ver um filme ruim pode ser uma experiência extremamente frustrante. Se você tem mais ou menos duas horas para dedicar a uma história, que ela seja bem contada. A seguir, os filmes na Netflix capazes de fazer sua cabeça em 2022.

Benedict Cumberbatch interpreta o vaqueiro Phil Burbank: impossível que não leve o Oscar de melhor ator. (Foto: Divulgação)

1. “O ataque dos cães”

Tudo em “O Ataque dos Cães” é sutil e um pouco enganoso. O filme de Jane Campion que venceu o Globo de Ouro de filme e o Oscar de direção passa longe de estereótipos. Ao longo da trama, você vai aos poucos descobrindo que o filme (e principalmente o caráter dos personagens) tem nuances imprevistas.

Começando pelo gênero do filme. As imagens panorâmicas do Oeste americano podem passar a impressão de que se trata de um faroeste – mas nada poderia ser mais falso. De fato, estão lá os caubóis fazendo coisas de caubóis. Mas exceto pelo fato de se tratarem de fazendeiros criando gado naquele ambiente pouco civilizado, a única coisa que lembra um faroeste tradicional talvez seja o personagem de Benedict Cumberbatch. (Rogerio Galindo)

Leia mais em: “É preciso ver ‘Ataque dos cães’ com espírito aberto”.

Leonardo DiCaprio em cena de “Não olhe para cima”, em cartaz na Netflix. (Foto: Divulgação)

2. “Não olhe para cima”

O filme é fácil de ser compreendido, as caricaturas de personagens a pessoas reais e a construção de estereótipos é muito clara. Ou seja, não é um filme que exige um alto grau cultural. Além disso, é repleto de cenas hilárias, sátiras, grandes atores hollywoodianos e ótimos efeitos especiais.

É um filme que propõe o rompimento de algumas barreiras que se solidificaram nos últimos anos e que têm impedido o estabelecimento do diálogo entre grupos com posições distintas. É uma louvável tentativa de furar a “bolha” que aprofundou o fenômeno que vem sendo chamado como “pós-verdade”. O termo, segundo o dicionário Oxford, quer dizer “que fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou às crenças pessoais”. (Guilherme Carvalho)

Leia mais em: “‘Não olhe para cima’ e a culpa da imprensa”.

3. “A filha perdida”

“A filha perdida”aborda a maternidade de um ponto de vista pouco explorado. Aqui, embora o amor da mãe por suas filhas seja evidente, a responsabilidade aliada à sobrecarga gera sentimentos bastante complexos. A maternidade tem o poder de apagar e reconstruir identidades. Dessa forma, a mulher deixa de ter um nome, se torna “Mãe”. Esse vínculo não se forma sem arrependimentos. Sejam eles com relação aos erros cometidos na criação dos filhos ou à vida que deixará de ser vivida para que aqueles pequenos sejam transformados em seres humanos independentes. Uma mãe daria a vida pelos filhos – e é exatamente isso que se espera que elas façam.

Leda, porém, decidiu seguir por outro caminho. Diante da oportunidade de viver as experiências que sempre desejou, ela optou por si mesma. E essa escolha também lhe trouxe culpa. Na maternidade, a culpa é inescapável. “A filha perdida” é uma reflexão sobre essas culpas e uma tentativa de torná-las algo que vá além disso. (Luciana Santos)

Leia mais em: “‘A filha perdida’ leva a uma viagem íntima pelas culpas da maternidade”.

4. “A mão de Deus”

Estamos nos anos 80. Fabietto é um adolescente introspectivo, de 15 ou 16 anos, interpretado pelo novato Filippo Scotti. O jovem vive em Nápoles, sul da Itália, com a família de classe média. Na galeria de personagens, há os pais, o irmão simpático, as tias, os primos, a vizinha que se diz aristocrática. Eles se encontram, conversam, riem, brigam, falam do passado, fazem um modesto passeio de barco no mar azul do Mediterrâneo. Fabietto observa esse ambiente doméstico com muita curiosidade e simpatia. No entanto, na escola, ele é um solitário.

O filme mostra sua paixão pela tia sensual, sua atração pelo cinema (incluindo o fascínio de assistir a uma filmagem), a amizade com um contraventor (um de seus únicos amigos) e muitos outros fatos do cotidiano e das memórias do diretor, incluindo alguns acontecimentos muito pessoais e incompreensíveis para o espectador.

Mas esse último detalhe não importa. O filme seduz e acompanhamos com prazer as descobertas de Fabietto, tendo como cenário a cidade de Nápoles e sua costa mediterrânea, que Sorrentino fotografa com um arrebatamento de cores. (Gilberto Bonk Jr.)

Leia mais em: “A santíssima trindade por trás de ‘A mão de Deus'”.

Andrew Garfield foi indicado ao Oscar pelo papel em “Tick, Tick… BOOM!”. (Foto: Divulgação)

5. “tick, tick… BOOM!”

O musical da Broadway é uma instituição americana, assim como o Super Bowl, a Oprah Winfrey e o apoio a ditaduras na América Latina. Hoje, se milhares de jovens atletas sonham em ser o mais novo Tom Brady, outros tantos mais afeitos à música dariam tudo para ser o próximo Stephen Sondheim (1930–2021). “Tick, Tick… BOOM!” é a história real de um deles – uma história de tremendo sucesso, ainda que póstumo.

Jonathan Larson escreveu um dos grandes sucessos da Broadway de todos os tempos: “Rent”, um musical que ficou anos em cartaz, rendeu milhões de dólares e influenciou uma geração. Mas morreu um pouco antes da estreia, sem saber que o trabalho de sua vida tinha sido, finalmente, reconhecido.

“Tick, Tick… BOOM!” fala de um momento da vida dele, no começo de carreira, em que o jovem compositor precisa conciliar o trabalho em seu primeiro musical (fadado a ser um fiasco comercial) com o trabalho de garçom. As coisas vão se deteriorando e ele quase desiste de tudo para ganhar dinheiro com publicidade (as cenas maldosas com o mundo da publicidade estão entre as melhores do filme). (Rogerio Galindo)

Leia mais em: “Chegada dos 30 anos é como uma bomba prestes a explodir em ‘tick, tick… BOOM!'”.

Penélope Cruz, em cena do filme “Mães paralelas”. (Foto: Divulgação)

6. “Mães paralelas”

Em “Mães Paralelas” (2021), o cineasta Pedro Almodóvar retoma o que há de mais fascinante em sua obra: uma percepção notável das complexidades do universo feminino. Em drama, comédia e, claro, quando aborda a questão sexual, o diretor espanhol apresenta mulheres que não estão no comando político e econômico de uma sociedade machista, com homens mostrados como indiferentes, egoístas e abusadores. Muito pelo contrário, elas são fotógrafas, atrizes, bailarinas, escritoras e chefs de cozinha.

Essa abordagem não significa que elas sejam incapazes de ocupar influentes cargos políticos e de gestão na sociedade capitalista. Almodóvar sabe muito bem disso, mas quer afastá-las desse mundo carregado de ganância e interesses ocultos – e assim, com uma lente de aumento, investigar as almas femininas em um estado mais “puro”.

E ele consegue de novo, de maneira admirável, em  “Mães paralelas”, colocando-as à frente de um projeto que tem o objetivo de garantir dignidade à memória de pessoas mortas pela ditadura. Mas não só: elas também dão à luz filhas e filhos, completando uma dinâmica que vai do início ao fim da vida. Sempre elas. (Gilberto Bonk Jr.)

Leia mais em: “Almodóvar tem de fato uma percepção notável do universo feminino”.

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