Mirele Camargo é a nova diretora do MIS e museu terá perfil menos acadêmico

Gestão da nova coordenadora deve começar a partir desta segunda-feira

A produtora cultural e turismóloga Mirele Camargo é a nova diretora do Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR). A indicação foi confirmada nesta segunda-feira (7) pela Secretaria de Comunicação Social e da Cultura do Paraná (SECC).

A troca na direção do museu causou um rebuliço entre a classe artística do Paraná. Na segunda-feira (31), temendo interferência política no MIS, centenas de artistas, com apoio de diversas entidades, enviaram uma carta ao governador Ratinho Jr. (PR) para tentar impedir a troca na gestão. No documento, o grupo elogiou o trabalho da antiga diretora, Cristiane Senn, e alegou que não haveria motivo para a substituição, “visto que o trabalho impecável de Senn levou o MIS-PR novamente ao seu lugar de protagonismo como espaço cultural do Paraná, sendo celebrado tanto local como nacionalmente”. 

Mirele Camargo, entretanto, afirmou ao Plural que o motivo da troca não tem relação com questões políticas, é apenas “uma nova forma de ver a necessidade do próprio MIS”. “A gestão do museu estava muito relacionada à técnica acadêmica, e a direção atual está buscando um perfil mais empreendedor. Não tem nenhum problema com a gestora anterior e não tem nenhuma influência política, [a nomeação] é puramente técnica”, afirma.

Mirele acredita que o pânico causado na classe artística foi por conta de “uma informação mal passada”. A produtora cultural afirma, inclusive, que diversas pessoas que assinaram o documento são colegas de profissão de longa data. “Eles não sabiam que era eu a indicada a essa posição e acabaram assinando. Não os condeno, entendo perfeitamente, acho que foi uma informação mal estabelecida. Eu sou uma fazedora de cultura, sou igual a eles, eu sou eles.”

Atuando há mais de 16 anos na área da Cultura, e desde o início de 2021 diretamente na SECC, Mirele já vem fazendo o processo de transição com a atual diretora desde o começo de maio.

Para o MIS, Mirele diz ter planos de gestão que envolvem muito diálogo e colaboração de todos. “Quero conversar primeiro com os meus pares, a AVEC [Associação de Cinema e Vídeo do Paraná], o SATED [Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Paraná], a própria equipe do museu, a sociedade civil organizada do audiovisual, para que seja uma gestão aberta, que agregue e que não seja excludente. Não pretendo impor nada. Não sou dona do espaço, ele é do povo, da classe artística”, observa.

A nova diretora do museu ainda promete valorizar não só a área do cinema, mas também a música e a fotografia de uma maneira inovadora, além de continuar impulsionando a pesquisa. “O MIS tem um potencial gigantesco, um acervo riquíssimo. Existe uma possibilidade de exploração muito grande em todos esses setores e acho que é isso que o público precisa e quer”, conclui.

De acordo com a superintendente-geral da Cultura da SECC, Luciana Casagrande Pereira, Mirele “reúne as credenciais técnicas” que o órgão busca para a direção do museu e ressalta que a troca “nada mais é do que uma mudança natural, técnica, referente a ajustes que julgamos necessários neste momento”.

“Temos um grande apreço pelo trabalho da Cristiane até aqui à frente do museu e aproveitamos para agradecer publicamente a sua dedicação ao MIS. Hoje entendemos os museus como instituições vivas, que devem fazer a diferença na vida cultural das pessoas, e por isso mesmo estamos sempre reavaliando e fazendo alterações em todas as instituições”, completa Luciana.

A presidente da AVEC, Paula Gomes, relata que após a publicação da carta, a classe artística se reuniu com a superintendente-geral da Cultura da SECC para expor o descontentamento com a mudança. “A gente não precisou fazer nenhum esforço para aqueles nomes todos assinarem a carta, todo mundo ficou muito movido e triste com a saída da Cris. Não é nenhum desabono à pessoa que irá substituí-la, porque afinal de contas não é sobre isso, mas sobre interromper uma boa gestão que estava em curso”, afirma.

Em meio a um momento de desmonte das políticas de preservação audiovisual, Paula diz que a classe espera da nova gestão a continuação do excelente trabalho que Senn vinha fazendo. “Esperamos que haja seriedade para seguir com a política de preservação e que a gestão continue trazendo a comunidade para perto do museu, para colocá-lo no mapa da cultura. Para olhar para frente a gente precisa cuidar do nosso passado.”

Colaborou: Maria Cecília Zarpelon

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6 comentários em “Mirele Camargo é a nova diretora do MIS e museu terá perfil menos acadêmico”

  1. Fabio Elias Faiad

    Boa sorte e sucesso para a Mirele Camargo, que sempre prestigiou e se empenhou pela nossa música. Uma excelente escolha para o cargo no MIS. Abraços!

  2. Barbara Schmider

    Parabéns à competente Mirele Camargo, certamente dará continuidade ao excelente trabalho da gestão anterior , inclusive agregando e impulsionando o setor com ainda mais força.

  3. desejo que a contribuição da querida Mirele seja de propostas agregadoras, como ela disse, que se realize e seja um trabalho estratégico para o fortalecimento da cultura e memoria.

  4. Destruição da cultura, da educação; militarização das escolas. Uma nova ditadura avança a passos largos. O próprio pai do governador expôs recentemente seu apreço por esse tipo de regime.

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