As margens do rio Perequê-Açú, em Paraty (Rio de Janeiro) viraram palco – e divisória – da polarização política brasileira durante a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) de 2019. Manifestantes tentaram impedir uma mesa com participação do jornalista americano Glenn Greenwald, do Intercept usando som alto e fogos de artifício.
A mesa Os desafios do jornalismo em tempos de Lava Jato compôs a programação da FLIPEI, a Festa Literária Pirata das Editoras Independentes. Dentro do barco pirata, a socióloga Sabrina Fernandes mediou as falas do humorista Gregorio Duviver, do jornalista Alceu Castilho, do sociólogo Sérgio Amadeu e da atração central para ambos os lados: Glenn Greendwald.
Durante o evento, que teve início após as 19h, manifestantes pró Lava-Jato, contrariados pela presença de Greenwald, organizaram um protesto na margem contrária. Ao longo de parte das falas da mesa, fogos de artifício foram disparados, e o hino nacional foi executado – até mesmo em um remix de funk. Bandeiras podiam ser vistas demarcando a posição dos manifestantes.
Mesmo com o uso de microfones e caixas de som, foi preciso que os debatestes elevassem o tom de voz. Grande parte dos rojões disparados pelos manifestantes estouraram logo acima do barco em que os debatedores estavam.
Provocações de todos os lados
Os participantes do evento não deixaram por menos. Houve gritos chamando Sergio Moro de “juiz ladrão”, de “fascista não passarão” e “ei Bolsonaro vai tomar no c*”. Uma projeção, feita em um painel ao lado do palco no barco, também foi usado para responder aos manifestantes do outro lado. Frases como “E aí? Querem mais batom na cueca?” podiam ser lidas em letras garrafais.
“O mais importante em uma democracia é a informação, e eles sabem disso”, declarou Glenn durante a mesa que lotou uma porção considerável da margem esquerda do rio Perequê-Açú.
Apesar da tensão, o bom humor prevaleceu durante o evento, inclusive entre a plateia. Por volta de 20h40, os ânimos se abrandaram de ambos os lados.