“Luta por justiça” mostra o que faz um bom advogado

Filme com Michael B. Jordan e Jamie Foxx narra história real de um homem negro inocente condenado à morte pelo assassinato de uma garota branca de 18 anos

Uma parte importante dos filmes de tribunal se passa, é claro, no tribunal: o advogado-herói apresenta sua defesa (quase sempre é uma defesa) de maneira espetacular, constrangendo o advogado-vilão e destruindo as testemunhas da acusação. Tem sido assim de “O sol é para todos” (1962) até “Tempo de matar” (1996).

“Luta por justiça”, em cartaz nos cinemas, é um tipo diferente de filme de tribunal. A ação que importa não se passa na corte, mas fora dela – na cidadezinha do Alabama que serviu de cenário para essa história verídica.

O advogado Bryan Stevenson acaba de se formar em Harvard e, em vez de seguir um caminho mais óbvio e fazer dinheiro trabalhando em escritórios importantes, ele decide usar o que aprendeu para ajudar pessoas que não teriam como contratá-lo e que, por algum motivo, não têm acesso à justiça.

Ele viaja para o Alabama, disposto a defender negros condenados à morte que não tiveram julgamentos justos. São os anos 1990 e Stevenson é negro. Para os negros, o Alabama dos anos 1990 parece estar ainda no século 19 e o racismo é regra.

Os prisioneiros assistidos por Stevenson são pessoas simples que foram negligenciadas pelo sistema. Acusados de assassinato, foram defendidos por advogados apontados pela corte, em um esquema meio pró-forma. É a presunção de culpa.

Um dos casos foi um erro flagrante, para não dizer uma perseguição sem fundamento. Walter McMillian (vivido por Jamie Foxx), um homem que trabalhava com extração de madeira, foi preso, acusado e condenado pelo assassinato de uma jovem branca de 18 anos, um crime que comoveu a cidadezinha de Monroeville (terra natal de Harper Lee e o lugar que teria inspirado o livro “O sol é para todos”).

O xerife queria ficar bonito na fotografia, fez o que pôde para incriminar McMillian e conseguiu condená-lo com a ajuda do promotor. Para garantir um novo julgamento para seu cliente, Stevenson precisa encontrar provas que invalidem a primeira sentença.

É assim que ele sai por Monroeville em busca da verdade, ou melhor, das mentiras que envolvem a justiça local. Ele conversa com a família de McMillian, com os vizinhos, os amigos e conhecidos, revira o julgamento anterior e fala com a única testemunha usada para condenar o homem à morte (a acusação não se deu o trabalho de apresentar provas; só a testemunha bastou e ela era bastante suspeita).

No tribunal, o desempenho de Stevenson é OK. A maneira que ele tem de fazer diferença é prestando atenção nas pessoas que quer defender. Os diálogos dele com McMillian são muito bons – mais por causa de Jamie Foxx do que de Michael B. Jordan. Mas ambos têm carisma demais.

Jordan é mais conhecido por ter feito, ao lado de Sylvester Stallone, os dois “Creed”. Jamie Foxx venceu o Oscar por interpretar Ray Charles em “Ray”. Ver dois sujeitos talentosos desse jeito a serviço de uma história importante, já vale o filme. “Luta por justiça” mostra que o verdadeiro trabalho de um bom advogado acontece fora do tribunal.

Serviço

“Luta por justiça” está em cartaz no Cinépolis Batel e no UCI Palladium.

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