Katharina Volckmer faz estreia ousada com o romance “A consulta”

Livro leva a uma jornada verborrágica que vai de mães controladoras e fantasias sexuais até as propriedades medicinais da cauda do esquilo

Primeiro romance da agente literária Katharina Volckmer, “A consulta” é uma estreia ousada. Provoca a leitora a pensar sobre as formas de fazer as pazes com os outros e consigo mesmo no século 21 por meio de um discurso franco e de um humor subversivo.

Publicado originalmente na Inglaterra, a obra custa a ser aceita na Alemanha, terra natal da autora. Lá, quando se trata do Holocausto, silêncio é sinônimo de respeito. (E o “fazer as pazes” citado no primeiro parágrafo tem um pé no passado alemão, que Volckmer não poupa.)

A trama

A trama de “A consulta” tem como ambiente o consultório do dr. Seligman, em Londres. Nele, uma jovem realiza um procedimento inusitado, de pernas para o alto, enquanto narra sua vida e seus desejos. A paciente, nascida e criada na Alemanha, dá detalhes sobre as lutas que trava com a própria identidade sexual, de gênero e nacional.

Vergonha

Em uma espécie de fuga de suas origens familiares e do fardo de pertencer a uma pátria assombrada pelas atrocidades cometidas na guerra, ela se muda para a Inglaterra. Porém, uma herança inesperada mostra que não é simples se desvencilhar da própria vergonha, seja ela física, familiar ou histórica. Ou todas as opções anteriores.

Uma espécie de monólogo que retoma a tradição do romance neurótico, o livro conduz o leitor por uma jornada verborrágica que vai de mães controladoras e fantasias sexuais até as propriedades medicinais da cauda do esquilo, passando pela inusitada ideia de que as mudanças anatômicas podem servir de reparação histórica.

 Livro

“A consulta”. Katharina Volckmer. Tradução de Angélica Freitas. Fósforo, 104 páginas, R$ 54,90.

Sobre o/a autor/a

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