Isolamento forçado pela pandemia mostra como precisamos de arte

Engajamento entre público e artistas deve mudar de maneira definitiva depois da quarentena

Enquanto estamos em casa enfrentando um alto nível de ansiedade quanto à saúde de nossas famílias e em relação ao futuro, algumas pessoas sintonizaram suas antenas criativas e estão nos oferecendo formas de lidar um pouco melhor com o isolamento.

São os artistas, essa classe muitas vezes mal compreendida, mas que tem conseguido romper barreiras neste momento de quarentena. Graças ao trabalho sensível e à interação com diversos públicos, caíram muros de separação relacionados, principalmente, ao preconceito e à tecnologia.

Temos o exemplo da Orquestra Sinfônica do Paraná, que gravou uma versão emocionante para o “Trenzinho do Caipira” de Villa-Lobos, com cada músico em sua casa e a regência do maestro Stefan Geiger, feita diretamente de sua residência na Alemanha. Ao final, a cantora e atriz Uyara Torrente faz um solo da canção escrita por Edu Lobo. O resultado ficou tão bem-acabado que logo viralizou, de forma a alcançar espectadores que jamais estiveram na plateia de um concerto.

https://www.youtube.com/watch?v=Z4yL3kf0AH8

O caso do teatro é ainda mais emblemático. Em sua luta por ampliar audiências e ultrapassar estigmas, grupos como o curitibano Ave Lola iniciaram novas formas de alcançar seus fãs e públicos ainda mais abrangentes. A solução encontrada durante o período de isolamento foi criar a websérie “Viver no teatro em tempos de reclusão”, com depoimentos sobre dramaturgia e o fazer teatral, que envolveram quase 500 visualizações a cada capítulo.

As visitas digitais a museus também têm permitido um vínculo maior com as artes visuais, com destaque para o envolvimento de famílias ao redor do mundo na recriação de obras de arte dentro de casa, em fotografias pitorescas.

Esse papel do artista de agregar multidões, ao mesmo tempo em que fala individualmente aos corações, sempre foi fundamental, mas talvez estivesse um tanto quanto soterrado em nosso dia a dia de correrias pelo mundo. A arte é um dos poucos atalhos para a reflexão, rumo à calma interior que leva à transformação e mudanças de pensamento e comportamento.

Ela tem esse poder. Seja por meio da música, da dança, do teatro, um poema ou uma gravura. E mesmo nesse período tão conturbado, é muito importante que o artista continue ativo. A arte vive disso, ela não entra em “suspensão de contrato”.

Além de essas iniciativas ajudarem quem está em casa com muita ansiedade e, por que não, solidão, o ato de refletir decorrente da experiência artística traz mais calma a respeito do futuro – a vida não será a mesma depois. E o que você vai fazer dela?

É possível dizer que esse engajamento entre público e artistas sairá da quarentena para ficar, com um novo valor para a arte. É importante, porém, que a comunicação e divulgação que estão sendo realizadas neste momento não sejam negligenciadas depois, e nada melhor do que contar com apoio profissional para isso, pensando em um planejamento mais amplo de marketing cultural e digital.

É claro que a arte presencial nunca será substituída, mas a experiência que os próprios artistas estão tendo com a tecnologia tem trazido novos recursos a eles, de forma a agregar para sua criação agora e no pós-pandemia.

Esses são exemplos de como a arte nos ajuda na crise e como ela quebra barreiras – é o momento para a arte virar o jogo e mostrar sua verdadeira cara: da solidariedade, proximidade e engajamento.

Sobre o/a autor/a

5 comentários em “Isolamento forçado pela pandemia mostra como precisamos de arte”

  1. Maria Eduarda Reis Silva

    A pandemia foi uma coisa que ninguém esperava, foi uma surpresa pra todos, pessoas perdendo emprego, perdendo também entes queridos ???

  2. Eliana Maria Cruz Faustino

    Aprendi com essa pandemia que podemos nos inventar a cada momento, olhar melhor para a vida e para o que ela nos oferece, como este ar que respiramos. Olhar com mais atenção a natureza que nos cerca, as lindas florestas, os jardins ou mesmo o nosso pedacinho de terra, nosso quintal.
    Eu percebi com mais atenção a arte em sua plenitude e de como nossos artistas variados segmentos, nos encantam e nos toca a alma!

  3. Eliana Marcelino da Costa

    Quase o ano todo em casa correndo perigo de ficar doente e até mesmo de morrer!
    Horrível isso!
    Quero viver livremente ir pra onde eu quiser e como eu quiser sem medo de viver.
    Fora! Covid.
    Eu preciso sonhar e realizar meus sonhos.

    1. Diante de tantos desafios me incorporo na arte de viver, a cada dia uma vitória, a cada experimento uma experiência única. um antes e um depois dessa pandemia tudo se transforma e recria novos métodos para se viver.

  4. Muito relevante esse conteúdo, somou bastante para meu entendimento de como esse confinamento transformou e agregou aos artistas e sua arte.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima