“Força e serenidade”: filha celebra a vida de Fernando Calderari

Artista faleceu na semana passada, aos 82 anos 

Professora de história da arte, Maria Fernanda Calderari tinha uma grande referência em casa: o pintor Fernando Calderari, que faleceu na semana passada, aos 82 anos. Discípulo de Guido Viaro e Erbo Stenzel, ele espalhou seu olhar sobre as marinas pelo mundo todo.

Durante a pandemia, a filha estreitou os laços com o pai e passou a fazer arte com as próprias mãos. Foram meses de sinergia e aprendizado até o momento da despedida. Em entrevista ao Plural, Maria celebra a conexão que tinha com Fernando Calderari, bem como o legado que ele deixa para os paranaenses.

Plural: Fernando Calderari foi discípulo de grandes artistas e se tornou outra referência de excelência. Que memória você tem dessas trocas? 

Maria: Além de discípulo dos grandes mestres paranaenses, havia uma ligação afetiva entre todos eles. Encontros semanais nos ateliers, almoços, jantares, troca de presentes (trabalhos). Era uma fraternidade. Nunca existiu competição ou soberba. Era uma troca de experiências e amor pelas artes. Eram, antes de tudo, amigos de verdade. 

Você seguiu os passos do seu pai, sobretudo nos últimos anos. Como ele reagiu a esse movimento? 

Quando finalmente me entreguei à pintura, ele foi meu maior incentivador. Entusiasmado com tudo que eu produzia e me motivando a trabalhar diariamente como ele. Foram momentos maravilhosos e muito especiais que vivemos onde suas orientações sempre foram firmes e assertivas. Muito me honra ter tido o meu pai como único mestre. 

Vi que ele deixou uma tela inacabada. A arte seguiu fazendo parte da rotina dele nos últimos anos de vida? 

Existia uma rotina diária de trabalho. Só existiam dois dias no ano que ele não pintava: Sexta-feira Santa e Finados. Era dedicado à sua arte. Era o ar que respirava. Durante a pandemia o atelier foi adaptado em casa para que pudesse trabalhar todos os dias. E assim foi até o dia 26/11.

A última tela do mestre. Foto: arquivo pessoal

Qual é a herança simbólica que Fernando Calderari deixa para a família? 

A herança ele deixa não apenas para nós da família. Foi um exemplo de ser humano, pai, avô e amigo. Um homem íntegro, justo e de grande sensibilidade. Um profissional exemplar da docência generosa. Seus alunos  podem falar disso melhor que eu. Visceral em tudo que fazia. Incontestavelmente um grande homem. 

E qual é o legado que ele deixa para a arte paranaense?

Ele foi um apaixonado pelo céu, pelo mar e tudo o que estivesse relacionado a eles. Seu legado está em cada horizonte eternizado em suas obras. Está na força e ao mesmo tempo na serenidade do que conseguiu com maestria imprimir. Está no olhar do espectador que consegue interagir e se sentir parte do que se vê diante de um Calderari. A arte tem esse poder. Transformar mortais em imortais. Ele será eterno!

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