A Crônica Francesa é uma encantadora homenagem ao jornalismo literário

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Poucos diretores em Hollywood têm um estilo tão característico quanto Wes Anderson, considerado um verdadeiro auteur e capaz de reunir os maiores talentos do Cinema ao seu redor. Em A Crônica Francesa, filme dirigido, escrito e produzido por Anderson, o cineasta utiliza seu capital para homenageia outra mídia dedicada à Arte e seus criadores: a revista The New Yorker, publicação estadunidense que apresenta crítica, ensaios, jornalismo, poesia e outras formas de literatura.

Em A Crônica Francesa, Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray), editor-chefe da sucursal francesa de uma revista morre e seu último desejo em testamento é que a publicação seja encerrada depois da impressão de uma edição final com seu obituário. Seus editores e repórteres têm a missão de escrever o adeus ao editor e decidir quais crônicas serão inclusas na última edição da revista. Três histórias são selecionadas: a crônica sobre um artista que alcançou a fama mesmo preso por duplo homicídio, um protesto estudantil que se transformou em uma revolução e o perfil de um chef de cuisine que salvou o filho do comissário de polícia de um sequestro.

Ambientado na cidade fictícia de Ennui, na França, A Crônica Francesa narra suas histórias em formato de antologia, com o auxílio de um elenco estelar com nomes como Benicio Del Toro, Adrien Brody, Tilda Swinton, Léa Seydoux, Frances McDormand, Timothée Chalamet, Jeffrey Wright, Owen Wilson, Christoph Waltz, Saoirse Ronan, Elisabeth Moss, entre outros, em papéis de destaque ou pequenas aparições que abrilhantam as crônicas.

Com diversas narrativas dentro de um único filme, é natural que elas se mostrem desequilibradas. Enquanto algumas das seções oferecem uma perspectiva única, como a protagonizada por Owen Wilson, um repórter sobre uma bicicleta que apresenta a cidade ao espectador, outras sofrem com rupturas que interrompem o ritmo da narrativa.

A montagem de A Crônica Francesa segue as seções de uma revista, com letreiros marcando o início de cada crônica e diálogos que aparecem em formato de anotações na tela. A proporção de 4:3 utilizada pelo diretor não se mantêm o tempo todo, mas varia de acordo com a necessidade da crônica narrada. O mesmo acontece com a cor. O filme alterna entre o colorido e o preto e branco. Um verdadeiro exercício de montagem, mesmo que o diretor prefira registrar diversas sequências como dioramas vivos, sem cortes entre as transições de cena.

Com 1h47 minutos de projeção, A Crônica Francesa foge da estrutura tradicional hollywoodiana de três atos e pode ser um desafio para o espectador inexperiente acompanhar. Contudo, os que persistirem serão presenteados com uma encantadora homenagem inspirada no melhor que o jornalismo literário tem a oferecer.

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