Segundo filme da Trilogia da Maternidade, da diretora Joana Nin, Meu Bebê Reborn será exibido e debatido no Cine Guarani, na noite desta quarta-feira (29). O documentário conta histórias de artesãos, colecionadores e pessoas que adotaram os reborns – um universo à parte que já existe no Brasil há quase 15 anos.
“Um dia, no aeroporto, vi uma mulher com um carrinho de bebê na sala de embarque”, relembra a diretora. O movimento da perna da criança foi o que mais chamou a atenção de Joana que, curiosa, foi olhar: “Quando vi, era uma pessoa adulta com um monte de apetrechos (bolsa, mamadeira, brinquedos, fraldas) brincando de boneca na sala de embarque do aeroporto”, relata. A cena peculiar foi a porta de entrada para o vasto universo reborn.
O filme traz recortes dessa arte que cria bonecas realistas, feitas para se parecer – e se confundir – com bebês reais. Dos artesãos, chamados de “cegonhas”, passando por colecionadores, e chegando aos papais e mamães reborns, o longa mostra os bastidores da criação e quem são as pessoas envolvidas nesse processo. Atraída por temas que trazem mundos novos e desconhecidos, a cineasta procurou contar histórias deixando de lado tabus e preconceitos: “Acho muito interessante essa possibilidade que o cinema tem de trazer abordagens sobre esses universos pouco conhecidos”, comenta.
“Não quis ir só pela linha da maternidade dentro daquela sina de ‘mulher é igual a mãe'”, conta Joana ao falar sobre como queria abordar o sentimento e as questões em torno da maternidade. “O filme trata desse universo dos bebês falsos, mas nos faz pensar: o que faz uma pessoa querer fazer, ou comprar, uma boneca que parece um bebê de verdade? É diferente de dar uma boneca para uma criança brincar”, reflete a diretora.
Na contramão dos julgamentos, Joana entende que o filme fala sobre um desejo, compartilhado por muitas pessoas, de ter um neném eterno: “Não vejo nenhum problema em um adulto querer brincar de boneca, ele não está fazendo mal para ninguém, pelo contrário, é uma brincadeira que envolve amor”, rebate. Para a diretora, a materialização desse desejo na forma de uma boneca é um algo meramente curioso, embora possa parecer incomum.
“A gente tende a rejeitar tudo que é diferente”, relata. O medo de ridicularização foi, inclusive, um fator que dificultou a produção. Nas abordagens iniciais, alguns entrevistados preferiam recusar a participação, por receio de julgamentos.
O convite para participar da programação do LabEducine, atividade atrelada à Unespar, caiu como uma luva: “Tenho muita vontade de debater esse filme, justamente porque envolve muito preconceito”, declara Joana. A obra não é inédita no país, uma vez que estreou no mês das mães, em 2018, no canal GNT, mas é a primeira vez que será exibida em uma sala de cinema.
O primeiro filme da trilogia da maternidade, “Ultra Bebê”, trata da relação da gravidez com a tecnologia. O terceiro filme da série está em fase de pós-produção.
Serviço:
Exibição e debate do filme Meu Bebê Reborn, com a diretora Joana Nin
Quarta-feira, 29 de maio, às 19h
Cine Guarani, no Portão Cultural (Av. República Argentina, 3.430)
Entrada franca