Fellaz trabalha com gentileza e comida boa

Restaurante na Ermelino de Leão conquista com pratos simples como omelete e bife acebolado

Quem anda pelo calçadão da XV de Novembro, na região da Praça Osório, talvez já tenha acostumado os ouvidos. Nas noites de quarta, quinta e sexta-feira, e durante o sábado, sempre é possível escutar os instrumentos que ressoam entre os prédios da Ermelino de Leão, e ocupam a região do Edifício Garcez.

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Na calçada, a entrada do número 26 da Ermelino vira palco de alguns artistas curitibanos. Ali, o escrito em traço de grafite sinaliza o Fellaz, comida e arte – o bistrô, inaugurado em 17 de dezembro de 2018, é um sonho antigo do analista de sistemas, Gerson Rocha Hiromoto, de 46 anos. Ao lado da namorada, a empresária Adriana Vieira, de 42, dona do Cantata Café, Gerson busca trazer vida, e sabores, ao Centro de Curitiba. “A comida tem que ter sabor. Não é simplesmente sentar, comer e ir embora. Você tem que gostar da comida, comer com prazer”, diz.

Apesar de ficar encarregado da cozinha, enquanto Adriana é quem comanda o salão, para o cozinheiro, o contato com a clientela do Fellaz é parte imprescindível do negócio. “Ele gosta de descer aqui e ver as pessoas comendo”, entrega a empresária, rindo. “Não tem como a pessoa esconder, na primeira garfada, se está bom ou ruim”, arremata Gerson.

A simpatia e o acolhimento parecem fazer parte da sintonia da dupla. Antes do início da entrevista, enquanto rememoro todas as vezes em que permaneci em pé, do outro lado da rua, ouvindo às apresentações musicais no Fellaz, recebo um convite direito: “Por que do outro lado? Para aqui!”, emenda o cozinheiro, enquanto serve uma taça de vinho. Esse contato direto, pessoal, é marca registrada do Fellaz.

Do lado de fora, conto pelo menos cinco transeuntes que olham pelas portas de vidro e acenam para a dupla.

O casal se conheceu há pouco mais de dois anos, e viu na inesperada demissão de uma multinacional, a oportunidade perfeita para realizar uma vontade antiga de Gerson. A paixão pela cozinha começou em 1998, quando o analista de sistemas foi se aventurar para fora do país, na Califórnia (EUA). Trabalhando como auxiliar de garçom, foi na saudade de arroz, feijão e bife que Gerson passou à cozinha.

De volta ao Brasil em 2002, a ideia inicial era abrir um restaurante mexicano. “Mas eu nunca tinha trabalhado com cozinha, então fui fazer um curso, ter certeza de que era isso mesmo”, diz. Desde então, não saiu mais de lá, nem mesmo quando teve de desistir de trabalhar na área, por causa do nascimento inesperado do primeiro filho. “Mas eu nunca deixei de cozinhar”, conta.

Em 2011, criou o Burguerfellaz, que atendia amigos, colegas da multinacional na qual trabalhava, e eventos institucionais. “Em 2018, fui mandado embora, peguei todo o dinheiro que tinha e investi aqui”, diz.
No pequeno salão, que comporta até 12 pessoas, uma das paredes é reservada para a exposição de obras de arte. Três artistas já passaram pela galeria do Fellaz: Celestino Dimas, François Muleka e – atualmente – Roberto Pitella.

O conceito, ligado à arte de rua, fazia parte de toda a ideia por trás do bistrô, já a música – ouvida pelos pedestres na XV – não. “A música veio de uma forma muito natural”, narra o proprietário, que já conhecia alguns músicos da Boca Maldita. “Às vezes eu dava algumas cervejas porque curtia o som deles”, relembra ao falar da amizade com Rei (@destemidorei), músico de jazz instrumental, que toca às quartas-feiras. Entre cervejas e amigos, a indicação entre conhecidos é o que garante o preenchimento da agenda musical do Fellaz, e da parede interna da casa. “Amigo de amigo que foi indicando”, comenta Adriana. 

O cardápio não é sofisticado, segundo a dupla, mas rende elogios diários. Entre omeletes, sanduíches e pratos executivos, os dois não se esquecem de um senhor que entrou por mero acaso, e acabou voltando pela omelete. “Ele passou na rua e titubeou para entrar, eu chamei”, relembra Gerson. Quem ouviu o elogio foi Adriana: “Ele não esperava que a omelete fosse tão boa aqui, acabou voltando outras vezes”, diz. “Você come um bife acebolado em qualquer lugar no Centro, mas a gente te convida para provar o daqui”, finaliza a empresária.

Serviço
Fellaz comida e arte
Onde: R. Des. Ermelino de Leão, 26 (Centro)
Quando: de segunda sexta, almoço das 11h30 às 14h30; happy hour e jantar de terça a sexta-feira, das 18h às 23h; e sábados das 12h às 23h30.

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