Dez livros para ficar de olho em novembro

Lançamentos do mês incluem autoras como Rafia Zakaria e Hella Haasse

Já definiu as próximas leituras? O Plural separou dez livros que editoras brasileiras estão lançando no mês de novembro. Entre biografias, romances e não-ficção, há autores e autoras brasileiros, paquistaneses, bascos e russos, incluindo nova tradução de Dostoiévski que vem com acesso a videoaulas sobre o autor. Há ainda uma obra para pensar o feminismo, e Colson Whitehead traduzido por Rogerio Galindo. Divirta-se!

Lula

Fernando Morais. Companhia das Letras, 416 pp., R$74,90

Para além de juízos ou paixões, Lula está entre as maiores figuras políticas da história brasileira. Desde 2011, o autor Fernando Morais ganhou acesso direto, franco e frequente a Lula. A essas dezenas de horas de depoimentos, somou o faro de repórter e a prosa cativante para compor projeto biográfico que traz um painel do personagem em toda sua grandeza e complexidade. Em narrativa que faz uso de recuos e avanços cronológicos para manter um ritmo eletrizante, neste primeiro volume Morais vai da infância de Lula até o anulamento de suas condenações, em 2021 – passando pelo novo sindicalismo, as greves do ABC, a fundação do PT e a primeira campanha eleitoral.

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João Cabral de Melo Neto: uma biografia

Ivan Marques. Todavia, 560 pp., R$109,90

João Cabral de Melo Neto aparece de corpo inteiro nesta biografia irretocável. Com a leveza de um grande prosador e o rigor da melhor tradição de pesquisa brasileira, Ivan Marques compõe um retrato que vai além da austeridade — na vida e na obra — associada ao grande poeta. Da origem no coração da aristocracia açucareira de Pernambuco à perseguição por comunismo no Itamaraty, dos primeiros versos na esteira de Drummond à consagração como o mais construtivo poeta brasileiro, da imersão na cultura espanhola ao mergulho nas fraturas mais expostas da identidade nacional, o que surge destas páginas é uma trajetória pulsante, colada aos momentos decisivos da cultura do século XX.

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Contra o feminismo branco

Rafia Zakaria. Intrínseca, 305 pp., R$49,90

Contra o feminismo branco é um contramanifesto que insere as experiências de mulheres de cor no centro do debate. Em uma leitura direta e impactante, a autora questiona desde pensadoras como Simone de Beauvoir a produtos culturais como Sex and the City. O resultado é uma obra crítica à adesão do feminismo branco ao patriarcado, à lógica colonial e à supremacia branca. Ao seguir a tradição de suas antepassadas feministas interseccionais Kimberlé Crenshaw, Adrienne Rich e Audre Lorde, muçulmana, advogada e filósofa política Rafia Zakaria refuta a indiferença política e racial do feminismo branco em uma crítica radical, na qual coloca o pensamento feminista negro e marrom na vanguarda.

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O amigo perdido

Hella Haasse. Tradução de Daniel Dago. Rua do Sabão, 181 pp., R$40

Publicado originalmente em 1948, O amigo perdido é a obra-prima de Hella Haasse, chamada de “a grande dama” da literatura holandesa. O livro, que se tornou um dos romances holandeses mais conhecidos no mundo, é um elemento básico da educação literária do país. Narrado em primeira pessoa, o romance se passa nas Índias Orientais Holandesas (atual Indonésia) e conta em primeira pessoa a história de um menino criado numa plantação colonial. Seu amigo de infância, Oeroeg, é um rapaz de mesma idade, mas de ascendência nativa. À medida que o narrador cresce, as circunstâncias políticas e raciais da vida colonial, além da guerra, trarão novas dinâmicas a essa amizade. Numa festa, os pais holandeses e seus amigos decidem mergulhar num lago sagrado, à noite, uma cratera aberta por um meteoro e cheia de água, posta na selva. Quem os guia é o pai de Oeroeg e um acidente, contudo, leva-o à morte.

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Tchevengur 

Andrei Platônov. Ars et Vita. 584 pp. R$86,70

Tchevengur, único romance finalizado por Andrei Platônov, discute a utopia soviética comunista: nos anos 1920, Aleksandr Dvánov, filho de um suicida, e Stepán Kopienkin, acompanhado por seu rocim Força Proletária, erram pela estepe russa em busca do éden comunista e acabam em uma cidade alucinante, Tchevengur, onde seres humanos belos e possessos concebem o inconcebível paraíso. O livro projeta quixotescamente um mundo que poderia ter sido, beirando por vezes o absurdo. Escrito entre 1927 e 1929, só foi publicado integralmente na Rússia em 1988 e, desde então, é apontado como um dos auges da produção de Andrei Platônov. 

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Autobiografia do vermelho

Anne Carson. Tradução de Ismar Tirelli Neto. Editora 34, 192 pp., R$52

Autobiografia do vermelho, livro mais celebrado da premiada autora canadense Anne Carson, recria nos nossos tempos o mito grego de Gerião, um monstro vermelho a quem Héracles teve de exterminar para cumprir um de seus doze trabalhos. Baseada na descoberta, nos anos 1960 e 70, de novos fragmentos da Gerioneida, poema lírico do grego Estesícoro (séculos VII-VI a.C.), Carson compõe este tocante “romance em versos” que transforma Gerião em um menino sensível e absorto e, seguindo o fio de um tempestuoso relacionamento amoroso com Héracles, nos apresenta uma peculiar história de amadurecimento. Este bravo experimento formal de Carson, que também pe professora de grego antogo, rompe as barreiras dos gêneros literários ao fundir ensaio, crítica e ficção.

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A família Medeiros

Júlia Lopes de Almeida.Carambaia, 256 pp., R$92,90

Abolicionista, feminista e republicana já nas duas últimas décadas do século XIX, Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi uma das escritoras mais ativas e mais lidas de seu tempo, mas, como muitas outras, passou por um processo de apagamento histórico que ainda não foi de todo reparado. O romance A família Medeiros, que em 2021 completa 130 anos, foi a obra que a tornou conhecida em seu tempo. Publicado primeiramente como folhetim na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro em 1891, tornou-se livro rapidamente graças a uma trama bem arquitetada que passa por uma história de amor e por mais de um mistério a ser desvendado. No entanto é também, do início ao fim, a narrativa do conflito entre jovens abolicionistas e escravistas, estes dispostos às piores crueldades para manter as coisas como estão.

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O sonho de um homem ridículo

Dostoiévski. Tradução de Lucas Simone. Antofágica, 240 pp., R$34,90

Embarque em uma viagem cósmica entre sonho e realidade em um dos mais potentes textos do autor de Dostoiévski. O protagonista do livro é ridículo. As pessoas riem dele, e talvez ele risse junto, se não tivesse pena delas, pena porque ele sabe a verdade, e elas, não. Como é duro ser o único a saber da verdade…

Envolto por uma profunda melancolia, este homem decide tirar a própria vida, mas adormece ao lado de seu revólver carregado. No limiar entre a consciência e o sonho, o homem é levado do abismo do suicídio para as planícies de um paraíso perdido, no qual é introduzido a uma terra utópica em que a harmonia reina sobre o caos. Escrita em 1877, é obra-chave para a literatura do escritor. Essa curta narrativa fantástica condensa grandes obsessões que atravessam todo seu trabalho, sobretudo a oposição entre sentimento e razão, e a contestação à visão científica de mundo, que ele considera autodestrutiva para a humanidade.

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A casa do pai

Karmele Jaio. Instante, 176 pp., R$51,90

Ambientado no País Basco, A casa do pai é um romance profundo e bem construído, que convida a reflexões necessárias. Por meio de capítulos curtos e prosa fluida, alternam-se vozes narrativas focalizadas em três personagens: Ismael, Jasone e Libe. O que os une, para além das memórias compartilhadas da juventude, é o desejo de desconstruir padrões de gênero, de investigar a matéria sobre a qual essas construções se erigem, de resgatar na casa paterna, na figura rude e agora fragilizada do pai envelhecido, o ponto de mutação que os levou a traumas, bloqueios e desencontros. Karmele Jaio consegue abordar temas delicados, como masculinidade tóxica, mesclando tensão e ironia, sem maniqueísmos ou simplificações, e revelar como a dinâmica da opressão de gênero não depende apenas de agressões físicas para se impor, mas se infiltra com sutileza em todas as relações.

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A trama da vida

Merlin Sheldrake. Ubu, 368 pp., R$89,90

O biólogo e escritor inglês Merlin Sheldrake é apaixonado pelo mundo dos seres invisíveis desde criança. Com o tempo, os fungos dominaram sua curiosidade e ele mergulhou de cabeça neste universo singular: ainda na faculdade, fez bebidas alcoólicas a partir de receitas medievais e, depois, se arrastou pelo solo de florestas tropicais coletando espécimes, passou incontáveis horas no laboratório, provou a psilocibina dos cogumelos mágicos, visitou e entrevistou outros pesquisadores e aficionados. A trama da vida, o resultado desse mergulho, contempla ainda uma desconcertante reflexão sobre o fazer científico. Os mais de dois milhões de espécies de fungos desafiam nossas ideias tradicionais de individualidade e inteligência. Graças a seu imenso poder de adaptação – que lhes permite, por exemplo, decompor poluentes e compostos químicos complexos –, os fungos certamente terão papel central na reorganização da vida humana necessária para aplacar a crise climática em curso. De tijolos a chips de computador, há infinitos usos possíveis – e as descobertas são espantosas e promissoras.

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Trapaça no Harlem

Colson Whitehead. Tradução Rogerio W. Galindo. HarperCollins, 416 pp., R$48,29

De Colson Whitehead, duas vezes vencedor do prêmio Pulitzer, uma obra gloriosamente divertida sobre assaltos, golpes e crimes que tem como palco o Harlem dos anos 1960. Ray Carney só queria construir uma vida pacata para a família enquanto mantinha sua loja de móveis usados como uma escolha confiável para seus clientes. Mas, quando seu primo Freddie decide convocar Carney como receptador de um grande assalto, ele se vê em meio a um Harlem muito diferente daquele a que estava acostumado, tomado por policiais corruptos, gangsteres violentos, vinganças elaboradas, produtores de pornografia barata e outros delinquentes.

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