Na comédia “Tralala”, a música movimenta a vida

Tralala fez parte da seleção oficial de Cannes e chega ao Brasil como parte do Festival Varilux de Cinema Francês

Durante a pandemia, os diretores Arnaud e Jean-Marie Larrieu se depararam com uma oportunidade inédita: sua cidade natal, a religiosa Lourdes, que recebe milhares de peregrinos católicos todos os anos, estava deserta. A crise sanitária impediu as grandes aglomerações de fiéis e esvaziou vias e comércios, possibilitando que a dupla fosse às ruas com uma câmera na mão, uma ideia na cabeça e um elenco de atores que, em sua maioria, não têm experiência com musicais, mas estava disposto a dançar e cantar na frente das câmeras entre máscaras e álcool em gel.

Assim nasceu Tralala, também roteirizado pelos irmãos Larrieu. Em Tralala, o personagem-título, interpretado por Mathieu Amalric, é um trovador que vaga pelas ruas de Paris até uma noite em que uma jovem misteriosa lhe deixa uma mensagem: “acima de tudo, não seja você mesmo”. Intrigado, ele parte para a pequena Lourdes em busca da garota e de um significado para a frase. Na cidade, Tralala é confundido com Pat, o filho desaparecido de uma comerciante local. O músico aceita esta nova identidade, passando a conviver com a família e os amigos de Pat enquanto procura pela mensageira que o atraiu até ali.

Tralala faz parte da primeira onda de filmes pandêmicos, que deixam de ignorar a crise ou tratar dela diretamente e a incorporam em suas sequências. Segundo os diretores, a decisão de deixar a pandemia transpor para a tela não foi debatida. Eles queriam gravar em Paris e era simplesmente impossível capturar as imagens pretendidas sem que transeuntes – agora personagens – aparecessem com máscaras. A escolha também facilitou a proteção dos atores em cena, já que eles poderiam recolocar a máscara sempre que não estivessem no foco da ação.

Se apresentando como uma comédia musical, Tralala se inclina para o drama quando o protagonista se torna o catalisador para que a mãe e o irmão de Pat enfrentem os sentimentos de perda que os atormentam há 20 anos. Pat, que era querido pela cidade inteira, oferece a Tralala a oportunidade de pertencer a um lugar, de deixar de vagar pelo mundo, e sua família, ávida por seu retorno, o recebe de braços abertos, ansiosa para recuperar o tempo perdido. Apresentado com esta possibilidade, Tralala precisa tomar a decisão de fazer desta família enlutada a sua ou seguir seu caminho errante.

É através da música que Tralala se conecta com o mundo e a esta movimenta sua vida, a de sua nova família e a da cidade. É pela música que a família de Pat lamenta sua perda e também pela música que ela acolhe Tralala. Embora a música tenha um importante papel no enredo, sua execução deixa a desejar, já que os atores não têm treinamento musical.

Com duas horas de duração, Tralala fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes de 2021, e chega ao Brasil como parte do Festival Varilux de Cinema Francês.

Serviço

Festival Varilux | Tralala (2021)

Cine Passeio: 07.12, às 19h30

Cineplex Batel: 03.12, às 14h30 | 06.12, às 18h45

Cinépolis Pátio Batel: 05.12, às 20h45

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