“Case comigo” cumpre as regras de uma comédia romântica água com açúcar

Filme com Jennifer Lopez e Owen Wilson estreia nos cinemas com a promessa de ser uma (oportuna) fuga da realidade

Comédias românticas tendem a seguir uma fórmula básica: duas pessoas (geralmente brancas e heterossexuais) de universos completamente distintos se conhecem e se apaixonam. A união delas é desafiada e elas se separam, mas logo percebem que, apesar das diferenças, o destino de ambas é permanecer juntas e viver felizes para sempre – não antes de um grande gesto de declaração de amor. Fim.

É exatamente essa a história de “Case comigo”, uma adaptação da HQ homônima escrita por Bobby Crosby que acompanha a vida glamourosa de Kat Valdez (Jennifer Lopez), uma das cantoras pop mais famosas do mundo. A única diferença é que, aqui, o duo romântico se casa antes para depois se conhecer. 

Com direção de Kat Coiro (conhecida por “Disque amiga para matar”, da Netflix) e roteiro de John Rogers, Tami Sagher e Harper Dill, essa comédia romântica entrega exatamente o que é esperado do gênero: um filme água com açúcar, fácil de assistir e que serve como uma fuga da realidade. 

Previsível

A história toda gira em torno de Kat, que está prestes a se casar com o também cantor Bastian (Maluma) durante um show em Nova York, na frente de 200 milhões de pessoas, para promover a canção “Marry Me” (case comigo), gravada pelos dois. Minutos antes da cerimônia, no entanto, Kat descobre que o noivo a estava traindo e, quando sobe ao palco, aponta arbitrariamente para um homem na multidão (Owen Wilson) e lhe pede para ser seu marido.

Depois de aceitar o pedido, o homem, que é um professor de matemática divorciado (e que foi arrastado para o show de Kat pela filha) é convencido pelo empresário da artista a fingir um matrimônio durante três meses. Aos poucos, o previsível romance se desenvolve e se transforma em uma história de amor, como tradicionalmente exige uma comédia romântica. Vale ressaltar que, como de praxe, as tramas e personagens secundários acabam servindo apenas como estepe para as ações dos protagonistas – e não são desenvolvidos o suficiente.

Com raras exceções, como “500 dias com ela”, em que o cara (alerta de spoiler) não termina com a garota, o final feliz é o plot do gênero. E aí entram filmes que vão de “Uma linda mulher” (1990) até “Plano B” (2010), o segundo também estrelado por Lopez.

Sem nenhuma surpresa, a história da personagem de J.Lo que, diga-se de passagem, faz diversos paralelos com a vida da própria atriz, é uma imersão no universo das celebridades, das redes sociais e da superexposição pessoal causada pela fama. Tudo isso é contrastado pela vida mundana de Charlie Gilbert, o professor de matemática divorciado, que ainda usa um celular flip (de abrir e fechar) e defende a ideia de uma vida desconectada da web.

Méritos

Embora não inove na narrativa e continue apostando nos antigos clichês de toda comédia romântica, o filme tem seus méritos, a começar pela conexão divertida entre os protagonistas e o choque entre as cenas que mostram as vulnerabilidades e o empoderamento de Kat. Além disso, apesar das letras cafonas, as músicas originais que embalam o filme combinam com o clima da história e destacam os vocais potentes tanto de J.Lo quanto de Maluma. 

“Case comigo” acaba entregando mais do mesmo quando se trata de comédias românticas, mas consegue divertir e prender o público. Mantendo a fórmula dos filmes do gênero, o filme pode atrair muitas pessoas por proporcionar risadas, amor e fantasia em um momento que se mostra custoso viver apenas na realidade. 

Cinema

“Case comigo” estreia nos cinemas nesta quinta-feira (10).

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