Aristeu Araújo lança “Dos Pedaços” na Itiban Comic Shop

Cineasta que transita por várias artes publica seu primeiro romance depois de conseguir mais de 200 apoios em uma campanha de financiamento

Aristeu Araújo é um homem das artes. Ele trabalha com cinema, tem inclusive uma coluna sobre o assunto no Plural, mas também escreve livros e peças de teatro, além de se dedicar também às artes plásticas. “Encontrei o cinema (ou ele me encontrou) em algum momento da vida, mas minha relação com a criação é mais abrangente”, diz.

Neste sábado (23), às 15h, Aristeu Araújo lança seu primeiro romance, “Dos Pedaços”, na Itiban Comic Shop  (Av. Silva Jardim, 845). O evento terá um bate-papo com o autor, mediado pela escritora Vanessa C. Rodrigues, autora de “Anunciação” (Arte e Letra). A entrada é gratuita.

O livro foi publicado por meio de uma campanha de financiamento coletivo que garantiu mais de 200 apoios. Na entrevista a seguir, Araújo fala sobre os temas que o interessam e traça um paralelo entre o livro que lança agora e o cinema.

Você é, primeiro, um cara do cinema. O que te levou a escrever um livro?
Eu, antes de tudo, sou um cara das artes. Eu encontrei o cinema (ou ele me encontrou) em algum momento da vida, mas minha relação com a criação é mais abrangente. Claro que o cinema acabou por se tornar a minha profissão e, por isso, é até surpreendente para algumas pessoas que eu tenha relação com outros áreas das artes. Eu comecei a criar ainda na adolescência, mas na época eu me dedicava a pinturas, coisa que faço até hoje, mas com alguma raridade. Depois passei a fotografar, virei jornalista e a escrita também se tornou um caminho. Ultimamente tenho me interessado muito por teatro e tenho trabalhado para levantar uma peça. Enfim, faço muita coisa.

Se você tivesse de fazer um paralelo entre o teu livro e um filme (ou mesmo uma pintura ou peça de teatro), o que você diria?
Eu acho que em um primeiro momento, a estrutura pode lembrar a de um filme, algo como as primeiras obras do mexicano Alejandro Iñárritu (“Amores Perros”, “21 gramas”), porque conto um história em pedaços quase que independentes. Isso é muito comum no cinema. Se não como Iñárritu faz, outro jeito é juntar diversos episódios que se ligam apenas tematicamente. Lembro agora daquele “I Love New York”, que virou grife. Mas na literatura eu não lembro tanto disso. Tenho uma referência clara nas letras, que até coloco como epígrafe, que é o romance “A Visita Cruel do Tempo”, de Jennifer Egan. Eu acho um dos grandes livros do século 21. É incrível como ela narra a partir dessa estrutura fragmentada e é incrível os lugares em que ela consegue chegar. Não à toa ela ganhou um Pulitzer com esse livro. Mas tem muito mais coisa no livro, porque eu tentei torná-lo uma coisa acessível, meio pop. Então tem muita música. Tem imagens de pinturas de pessoas que nem sei quem são, mas que são imagens que ficaram guardadas em algum lugar e eu ressignifiquei na escrita.

Quais são os temas que te interessam como escritor e como você descobriu que eles te interessam?
Eu não faço uma distinção exata entre temas que servem para uma ou outra mídia, mas posso dizer que há projetos que parecem funcionar melhor em um tipo específico de linguagem. No caso do “Dos Pedaços”, ficou muito claro, e muito rápido, que o que eu estava tentando narrar não servia para um filme, ao menos para o tipo de filme que eu poderia fazer. Talvez porque o que me interessa na história de Dolores, a protagonista, seja muito mais o que não é dito e não narrado. Ou seja, a história em si não me parece o mais relevante, mas sim suas fendas, seus interstícios. Por outro lado, os temas que estão ali: a violência, a vida e sonhos de classe média, o Brasil contemporâneo, poderiam muito bem estar em um filme meu. Porque são temas que me são caros para debater nosso lugar no mundo e, mais especificamente, no nosso país despedaçado.

Livro

“Dos Pedaços”, de Aristeu Araújo. Edição do autor, 121 páginas, R$ 35. Lançamento na Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845), às 15h. Os apoiadores que participaram da campanha de financiamento do livro podem retirar o seu exemplar no local. O bate-papo com o autor será mediado pela escritora Vanessa C. Rodrigues, autora de “Anunciação” (Arte e Letra). Depois do bate-papo, haverá sessão de autógrafos. A entrada é gratuita.

Sobre o/a autor/a

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