“Pandora” é um romance experimental e bem-humorado, com toques trágicos. Narrado em primeira pessoa, o texto mostra a dissolução mental de Ana, uma professora de literatura lidando com o confinamento da pandemia de Covid-19.
Da caixa aberta por Ana (personagem e autora), surgem relatos com alta voltagem sexual, lembranças que trazem à tona a paranóia política, e experimentações literárias, colocando também a autoironia nas páginas do livro. É no epílogo, com uma história real, que está o convite para o leitor repensar a própria ideia de verossimilhança.
Segundo Roberto Schwarz, o romance “é um grande acerto”. “Pandora é uma ficção extraordinária, sem medo de nada, que entra em matérias cabeludíssimas a cavalo da sua prosa clara, enérgica e desbravadora, arriscando o que der e vier”, diz o conceituado crítico literário.
Enredo de “Pandora”
Recém-saída de um divórcio, Ana tenta elaborar o programa da disciplina que deve ministrar, enquanto se divide entre uma relação paranoica com seu gato Felício, um caso com seu psiquiatra e outros três relacionamentos amorosos seguidos. O primeiro deles, com Alice, que ela conhece em uma ocupação habitacional e com quem ela desenvolve uma plataforma de prostituição on-line para garantir a renda das demais moradoras durante a quarentena. Os outros dois fincam pé no absurdo: um pangolim e um morcego são os improváveis parceiros — e vítimas — de Ana.
Autora
Ana Paula Pacheco é escritora e professora de teoria literária e literatura comparada na USP, autora dos livros Lugar do mito, sobre a obra de Guimarães Rosa (Nankin, 2006), A casa deles, volume de contos (Nankin, 2009), e Ponha-se no seu lugar! (Ática, 2020), pelo qual recebeu o prêmio Seleção Cátedra Unesco.
Livro
“Pandora”, de Ana Paula Pacheco. Fósforo, 136 páginas, R$ 64,90 e R$ 44,90 (e-book). Outras informações e compra on-line no site da editora.