A diva do k-pop (e agora da autoajuda)

Gaby Brandalise trocou a rádio pelo pop coreano e virou referência no YouTube

Gaby estava um dia dando autógrafo de seu novo livro. Como sempre, o assunto era a Coreia do Sul: fascinada por k-pop, ela se tornou uma referência no Brasil para os fãs do gênero. Em geral, são adolescentes ou jovens adultos. Mas ali, na fila, estava uma senhora de… o qué? Uns sessenta anos ou mais? Coque na cabeça, estilo avó. E Gaby imediatamente achou que ela devia estar acompanhando o neto.

Mas não. Quando chegou a vez dela, a senhora pediu o autógrafo e retribuiu com sua história. Queria contar que Gaby Brandalise, com um vídeo sobre como é ser fã de k-pop depois dos 30, teve um efeito libertador para ela. O marido, a família, achavam engraçado que ela curtisse as bandas coreanas, mas ela decidiu que tinha todo o direito. Era uma nova fase da vida dela, que tinha a ver com cantores do outro lado do mundo e uma escritora curitibana.

Gaby Brandalise descobriu o k-pop com uns 30 anos. Jornalista, trabalhava em rádio, mas estava cansada de apresentar notícias. Um dia, ouviu Psy, o sujeito que quebrou o contador de visitas do YouTube com Gangnam Style. “Achei aquilo curioso, e decidi vir de onde aquilo vinha. Foi minha primeira ligação com a Coreia.”

Em seguida, ela conheceu a banda que até hoje é sua favorita, o Shinee. E ficou vidrada. Começou a mergulhar cada vez mais naquela música que “parecia urgente”, nos vídeos “que pareciam uma bomba”, descobriu os filmes pré-Parasita, que muitas vezes contam com a presença dos ídolos musicais no elenco. E cada vez mais uma pergunta ficava em sua cabeça: “Onde estava a Coreia esse tempo todo que eu não sabia disso?”

Noventa álbuns parta participar de um sorteio? Gaby acha que vale a pena. Foto: Gaby Brandalise/Arquivo pessoal

O vício se espalhou pelo canal de YouTube de Gaby, virou trabalho e logo ela abandonou a rádio. Não demorou e ela estava indo para Seul, comprando dezenas de álbuns repetidos (90 de uma vez!) para ter mais chance de ser sorteada para uma sessão de autógrafos e, quando viu, ela estava virando a cabeça de adolescentes e ensinando velhinhas a se libertar de preconceitos.

Hoje, Gaby Brandalise é autora de um romance em estilo sul-coreano (Pule, Kim Joo So), de um livro de não-ficção junto com outra diva do k-pop brasileiro, Thais Midori (Meu Pop Virou K-Pop) e de um terceiro que logo chega por aí. Seus vídeos chegam a 200 mil visitas. E elas agora querem usar o pop coreano como ponte para outros passos.

“Quando você fala com adolescentes, que são boa parte do público, acabam surgindo outros temas. Eles fazem perguntas sobre vida sentimental. Como eu já vivi essas coisas, tento ajudar”, diz Gaby, a jornalista que virou kpoper que virou consultora sentimental. Nas horas vagas, os vídeos falam também de dicas de como escrever e produzir ficção, entre outras coisas.

Uma tribo como outra qualquer

O que Gaby mais tem gostado de fazer, porém, é a ideia de juntar k-pop com autoajuda. Sim, você leu direito. Claro que autoajuda pode ser um termo em decadência, que nem combina com a ideia de música animada e vídeos em alto astral. Mas sim, ela acha que ser fã do estilo pode ajudar os adolescentes a se encontrarem.

“Tem gente que se sentia muito sozinha e depois de achar o k-pop começou a fazer parte de grupos de fãs, discutir o assunto on-line, achou um grupo, se achou”, conta ela. E lembre que a maior parte dos fãs é de adolescentes, justamente enfrentando o momento de transição mais desafiador da vida.

Como toda tribo, essa também tem seus temas, seus tabus e seu vocabulário. E como em toda tribo, também existem divisões, os fãs dessa ou daquela banda. Mas em geral a ideia é de unir todo mundo em torno dos novos clipes, as novas bandas, os novos idols.

Gaby fala com propriedade para a moçada. Em seus (poucos) anos de fã, ela já fez todo o percurso, inclusive fazendo a sagrada peregrinação a Seul por três vezes, e conhecendo de perto a loucura dos fãs sul-coreanos.

“A coisa lá é completamente diferente. Só indo para Seul eu soube o que é realmente choque cultural”, ela conta. Os shows são muito diferentes daqui: numa banda masculina, por exemplo, só haverá mulheres na plateia. E não estamos falando de 10% de homens. Há 0% de homens. “Quando tem um, os idols até comentam, de tão raro.”

Gaby diz que um dia foi hostilizada simplesmente por dar dois passos para o lado num show. Sem saber (não havia corda separando, pintura no chão nem nada) ela entrou numa área especial para fãs que tinham autorização para fotos. Ela não dominava bem a língua e demorou para saber porque a mulherada estava rosnando – bastou voltar para o lugar, porém, e tudo voltou ao normal.

Em seus vídeos, Gaby Brandalise fala disso e de muitas outras experiências. E a meninada sempre quer mais. Além dela, há mais meia dúzia de youtubers de k-pop de referência no Brasil, e alguns dos vídeos passam de um milhão de visualizações. Um nicho? Sim. Mas também um lugar para as pessoas se encontrarem e descobrirem coisas novas.

Sobre o/a autor/a

7 comentários em “A diva do k-pop (e agora da autoajuda)”

  1. Gaby brandalise Diva do kpop kkkkkk faça me rir , tanto youtuber que respeita o kpop sabe ser fã de verdade vcs vem falar de gaby uma mulher que tem tara pelos idolos taemin ( já viram os vídeos dela puts cara é horrivel , o livro que ela escreveu um idol. inofensivo cara ela transformou o taemin em um cachorro no cio , taemin é tão querido e respeitado …. gente desculpa péssima escolha péssima matéria

  2. Samara Cristina Goulart Sartori

    Gaby é espetacular! Com ela descobri que não estava sozinha nessa vida do kpop depois dos 30. Ela tem o dom das palavras. Pra quem não a segue no YouTube e no Instagram está perdendo muito, pois ela tem muito a oferecer. Te amo Gaby!

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