A caricatura da arquitetura

Desenhista Simon Taylor lança segundo volume de paisagens urbanas

O desenhista Simon Taylor está lançando seu segundo livro de caricaturas arquitetônicas. Parece estranho: e é. Em geral, caricaturas mostram pessoas. No caso dele, são prédios e pontos conhecidos de Curitiba que viram alvo dos traços às vezes exagerados, às vezes cômicos.

Participante de um grupo de “sketchers” que desenham a cidade semanalmente, Simon reuniu o trabalho num volume

Normalmente a gente não pensa em “caricaturas” de prédios. De onde surgiu a ideia?

Eu tenho um passado de chargista político. Comecei em 1996 e fui chargista da imprensa paranaense durante uns 15 anos. Quando essa fase terminou, descobri o urban skecher e comecei a desenhar de forma muito natural, como sempre desenhei. Como não tenho nenhuma formação acadêmica, não sei nem sequer me interesso em desenhar de forma “correta”. Bom, daí, belo dia, um amigo falou: você faz caricatura de árvores, de prédios, de casas…”.

Numa outra ocasião, outro conhecido falou: “você é um ‘caricaturista urbano'”. Pronto, taí! De forma muito natural, acabei formulando esse termo, “Caricatura da Arquitetura”, e descobri que é esse o meu lance. Há dois anos lancei o primeiro livro com esse nome/conceito. Lanço agora o segundo, com o estilo ainda mais definido e aprofundado.

Tem surgido um grupo e uma cultura do sketch urbano aqui. Por que esse impulso, na tua opinião?

Sim. O Brasil é o 3º país do mundo com mais grupos urban sketchers. E Curitiba é uma das cidades com o maior número de gente nessa. E com certeza a que tem o número de encontros (aqui, semanais) ininterruptos e há mais tempo.

As explicações são várias. Não se trata apenas do desenho. Se trata de uma atividade onde a presença física do desenhista é vital. O ambiente inclusivo (qualquer um pode participar, gratuitamente, com qualquer tipo de material e técnica), o clima de amizade e o desenvolvimento de uma relação com a cidade que, mesmo nascendo nela, ainda não tínhamos.

Descobrimos que apenas passamos pela cidade, não a olhamos de verdade. Então, desenhando um mesmo ponto por duas horas, começamos a perceber um mundo de situações que nunca havíamos percebido antes.

Quantas caricaturas vocês fez? Quais as tuas favoritas?

Difícil dizer, desenhando duas, três vezes por semana há quase 6 anos, tanto aqui como em outros estados e fora do Brasil. Fazendo uma conta rápida, eu diria uns 1.150 desenhos!

E também não é fácil de escolher um preferido, mas com certeza o meu desenho mais lembrado por todos é do do Largo da Ordem em 360 graus. Fiz em quatro papéis diferentes sentado de costas pro bebedouro. Traço em um dia, no local, aquarela em outro dia, já no estúdio. O Fulvio Pacheco, coordenador da Gibiteca, já falou que quando eu morrer vão colocar esse desenho na minha lápide!

Normalmente, quanto tempo você usa para fazer cada desenho? Vai até os locais?

Algo entre uma e duas horas. Sim, ir até o local é essencial. Quando fazemos um desenho a partir de uma foto, é algo já resolvido. Quando estamos no local, tudo conta. A pichação do muro, o “maluco” que passou por ali na hora, o movimento do sol produzindo diferentes sombras, o papo das velhinhas voltando do mercado, a reação das pessoas: o que você está fazendo aí? É aula, é concurso, é um protesto?

Você já pensava no livro desde o começo?

Agora sim, se tornou racional. Tanto é que o plano é terminar a “trilogia” daqui a dois anos com o “livro vermelho” (o primeiro é amarelo. Esse, azul). Mas no começo, nem desconfiava…

Quais os próximos projetos?

Vou tentar viabilizar o livro da exposição que fiz esse ano com dois artistas amigos (Raro de Oliveira e Fabiano Vianna): “Volta ao Centro Histórico em 80 dias”. Vamos tentar pelo catarse.

Em outubro lanço o livro em Portugal, no 5º Encontro Internacional de Desenhadores de Rua. Em novembro já estou tratando o lançamento em Joinville, no Instituto Juarez Machado.

No mais, desenhar sempre. Por prazer, por necessidade e para os desenhos que um dia estarão no terceiro livro da série!

SERVIÇO

A Caricatura da Arquitetura 2 – O desenho e a cidade

Lançamento: 23 de julho, 19h

Local: Livrarias Curitiba do Shopping Curitiba

Sobre o/a autor/a

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