Alimentação orgânica está em apenas 8% das escolas do PR

Meta do governo é levar alimentos sem veneno para todos os alunos até 2030

Das 2.146 escolas estaduais do Paraná, mais de 90% não oferece alimentos orgânicos a seus alunos. Isto porque, segundo dados do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), apenas 8% das instituições geridas pelo governo do estado têm alimentos sem nenhum veneno na hora da merenda. Na busca de mudar esta realidade, Ratinho Jr (PSD) assinou, nesta terça-feira (3), decreto para o fornecimento de alimentação escolar 100% orgânica para a Rede Pública Estadual de Ensino.

A assinatura regulamenta a lei estadual 16.751, sancionada em 2010. A intenção é levar alimentação orgânica para todos os alunos da Rede até 2030. Hoje, de acordo com o IAPAR, 60% dos alimentos consumidos pelos estudantes vêm da agricultura familiar, nem sempre sem veneno. “Queremos que seja o começo de uma mudança estrutural da legislação e das políticas públicas, para que todas as pessoas possam produzir e ter acesso a alimentos de verdade, sem agrotóxicos”, diz o engenheiro agrônomo e diretor-presidente da Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná, Olcimar da Rosa, para quem o decreto sinaliza o reconhecimento da importância da produção de alimentos sem venenos, em um contexto desfavorável em âmbito federal.

Agricultura verde

Enquanto assinava a nova lei, Ratinho Jr falou em “agricultura verde” e sustentável. “Eu tenho convicção de que nós temos a possibilidade de fazer a agricultura mais sustentável do mundo. Olha a que ponto o nosso estado está chegando. Nós estamos vendo o mundo falar na Amazônia, de questão verde. […] Nós vamos fazer uma agricultura verde para ser exemplo para o planeta. Com um detalhe, respeitando as bacias hidrográficas, as microbacias, respeitando as matas ciliares e nossa Mata Atlântica”, garantiu.

Para alcançar a meta, o governo deve seguir o Plano de Introdução Progressiva de Produtos Orgânicos na Alimentação Escolar, elaborado com participação de representantes de organizações da sociedade civil.

Cooperativismo e Agricultura Familiar

Incentivar o cooperativismo também está nos planos, com o lançamento do programa estadual Coopera Paraná, que investirá R$ 30 milhões para apoiar até R$ 420 mil por projetos de cooperativas e associações da agricultura familiar.

No Paraná, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB) tem cadastradas 175 cooperativas e 400 associações da agricultura familiar e da reforma agrária, que envolvem cerca de 57 mil famílias.

De acordo com a Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA) são 21 cooperativas com sete mil famílias associadas, 51 agroindústrias e aproximadamente 50 produtos industrializados por produtores da reforma agrária.

Paraná tem 175 cooperativas e 400 associações da agricultura familiar. Foto: Leandro Taques

MST na alimentação escolar

As famílias de comunidades de assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também fornecem alimentação para os estudantes. Em 2018, as cooperativas da reforma agrária  atenderam cerca de 900 escolas estaduais e 500 mil alunos em 200 municípios. Elas são responsáveis pela execução de 25% dos recursos destinados à compra de alimentação escolar da agricultura familiar no estado.

A Cooperativa Terra Livre, no assentamento Contestado, na Lapa, é um exemplo. Com 230 integrantes, ela entrega semanalmente oito toneladas de verduras, frutas, legumes e temperos orgânicos em 105 escolas, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Em 2018, foram destinadas 270 toneladas de alimentos orgânicos e agroecológicos para a Rede Estadual de Ensino. 

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