Berlim aproveita fim de aeroporto e faz projeto modelo de urbanismo
Área será usada opara construção de 5 mil moradias, universidade e mil startups

O aeroporto de Tegel sempre foi considerado uma pequena joia pelos habitantes de Berlim. Durante décadas, o lugar recebeu alemães e gente de toda parte que chegava à capital – um espaço pequeno, compacto, dentro da cidade, que permitia viagens rápidas e deslocamentos baratos. No entanto, isso acabou.
Em junho passado, depois de meio século de serviços prestados, o aeroporto foi desativado. Projetado para lidar com pouco mais de 2 milhões de passageiros por ano, estava suportando uma carga dez vezes maior – e obviamente chegou a hora da substituição.
No entanto, os políticos e urbanistas alemães aproveitaram o que seria um problema para criar um projeto de reestruturação urbana que está sendo visto como modelo para toda a Europa. A área do aeroporto servirá para desafogar tanto a parte habitacional da cidade quanto para criar oportunidades de emprego – e ainda servirá para que a cidade avance na criação e desenvolvimento de startups.

Berlim, como a maior parte das grandes cidades europeias, enfrenta uma falta crônica de espaço. Os poucos metros quadrados disponíveis são caros demais, o que acaba cerceando o crescimento e dificultando a existência de espaços novos que possam ser ocupados por empresas.
A área onde fica o Tegel acabou sendo um presente para a cidade: embora para um aeroporto seja um local pequeno, são 500 hectares que ganharão novos usos em plena Berlim. Os dois projetos que ocuparão a maior parte desse terreno são a construção de uma grande área residencial e a formação de um parque tecnológico para abrigar startups com foco em tecnologia urbana.
A parte habitacional, conhecida como Schumacher Quartier, terá cerca de 5 mil unidades residenciais – o que significa uma população de mais ou menos 10 mil pessoas. Além disso, o local terá escolas, creches, lojas e áreas verdes.
Já a Urban Tech Republic inclui duas partes diferentes. Um dos antigos terminais do aeroporto servirá para abrigar um campus universitário, onde cerca de 1 mil alunos terão aulas. Dois outros terminais serão utilizados para abrigar cerca de mil pequenas startups, com expectativa de 20 mil pessoas trabalhando no local diariamente.

O projeto é de longo prazo, e tem previsão de entrega total em 2040. Custará bilhões de euros. Mas não há dúvida de que vai se pagar em mais de um sentido: primeiro porque Berlim vem se transformando em um centro de atração de startups, com investimento anual de cerca de R$ 30 bilhões.
Mas, mais do que isso, a aposta dos responsáveis pelo projeto do Tegel é que a cidade ganhará mais qualidade de vida. O projeto, com plantação de árvores e construções feitas basicamente de madeira, será feito de maneira sustentável, ajudando a capital alemã a melhorar seus índices sociais e a renovar sua fama de inovação em arquitetura e urbanismo.