Pratos congelados ou para finalizar em casa: o delivery se reinventa na pandemia

Três empresários explicam como se adaptaram, com sucesso, ao boom das entregas

Uma curva em moto em alta velocidade e a sua pizza corre o risco de chegar virada. Um imprevisto ao longo do caminho tem grande chance que faça a batata frita murchar. A explosão do delivery na pandemia – os pedidos no iFood aumentaram 90% entre março e dezembro de 2020, segundo a plataforma – só potencializou problemas que sempre afetaram o serviço de entrega.

Para evitar que o cliente receba comida fria, empapada ou não à altura da experiência gastronômica que o restaurante oferece no salão, alguns empresários apostaram em diferentes estratégias. Uma delas foi criar linhas de congelados e comidas semiprontas para o cliente finalizar em casa.

“Alguns pratos você não consegue preparar para viagem. O risoto, por exemplo, continua cozinhando durante o transporte e o amido se solta do arroz criando cremosidade demais. A cocção do risoto é algo bem delicado”, explica Chico Urban, dono do Grupo Victor.

A iguaria italiana é uma das opções que saíram do cardápio e deram lugar a pratos executivos, servidos durante a semana, e a novas opções de hambúrgueres: camarão, siri, filé de tilápia empanado, e salmão – a partir de R$ 25,90.

Hambúrguer de peixe (110g) empanado na farinha panko com molho de cream cheese dos Restaurantes Victor Foto: Divulgação.

Olhando para os dados que o iFood divulga publicamente, a escolha de Urban faz todo sentido. O hambúrguer foi a comida mais pedida em quatro das cinco regiões do país, em 2020. Só no Sudeste cai para o segundo lugar – quem domina é a esfiha.

Além de apostar em pratos com maior apelo para o delivery, Urban criou ainda uma linha de comidas semiprontas para o cliente finalizar em casa. Uma forma de levar o frescor do prato que seria servido no salão do restaurante para a experiência doméstica.

Os kits chegam com ingredientes pré-cozidos, porcionados e embalados a vácuo. Ao comensal só cabe seguir o passo a passo descrito na embalagem, aquecer o preparo e servir. A opção é prática porque, além de rápida, não suja mais do que uma ou duas panelas.

O cardápio tem quatro opções nesse estilo, que servem bem duas pessoas. Tem o o famoso filé linguado grelhado ao molho branco de camarões e palmito (R$ 84); arroz de siri (R$ 61), bacalhau às natas (R$ 102) e estrogonofe de camarão (R$ 91). Os pedidos devem ser feitos até as 21h do dia anterior.

Pratos mais generosos e congelados

No início da pandemia, o empresário Délio Canabrava, do restaurante Cantina do Délio e da confeitaria Banoffi, também viu o mundo virar de ponta a cabeça da noite para o dia. “Fiquei desesperado, tive que me reinventar completamente”, diz.

Ele, que antes da pandemia servia 100 delivery por mês, passou a entregar 2 mil pedidos. “Eu era cético em relação ao delivery, mas foi o que me salvou”, afirma.

Sua estratégia foi um pouco diferente. Por um lado transformou pratos individuais em porções fartas que servissem bem duas pessoas ou mais. Por outro, lançou uma linha de congelados. Além disso, a esposa dele, Renatta Ferian inventou uma receita de torrone que se tornou um sucesso.

“Para o delivery ser viável economicamente, dobrei o peso do prato colocando mais macarrão, arroz ou legumes. No começo, os clientes reclamavam da quantidade de comida e estavam certos: agora sirvo porções bem generosas”, explica o chef.

Risotos com carnes, bife à parmegiana e lasanha viraram campeões de venda do restaurante. Já a torta banoffi, antigo sucesso da casa, fez o caminho inverso e encolheu. Com menos festas e reuniões familiares, o doce com dez fatias tinha pouca saída. Daí a sacada de criar a banoffinha, com apenas quatro pedaços.

Nhoque à bolonhesa, uma das opções da Cantina do Délio para delivery. Foto: Divulgação.

Canabrava lançou também a marca Empório Cantina do Délio que comercializa, via iFood, uma linha de pratos italianos congelados. Apesar de ser outra empresa no papel, a comida é preparada na mesma cozinha do restaurante.

No cardápio estão ravioli, rondelle, lasanha, nhoques recheados e conchiglione, em porções individuais ou para duas pessoas. Os preços começam em R$ 30. Para completar tem também molhos e sobremesas.

Sem eventos, chef lança delivery

O personal chef Viktor Machado também teve que se reinventar na pandemia. Impossibilitado de realizar eventos há mais de um ano, o empresário não se deixou desanimar e transformou sua expertise na cozinha em um delivery de comida congelada.

Ele lançou uma linha de massas frescas, como lasanha, cannelloni, nhoque e pappardelle, com preços a partir de R$ 18,90 (500 g). Espaguete e fettuccine estão disponíveis também na versão de grano duro. Os molhos também são congelados – sugo, bolonhesa, bechamel e ragu de linguiça Blumenau – e saem a partir de R$ 28 (500 g). 

Quiche de queijo do chef Viktor Machado. Foto: Divulgação.

O cardápio conta ainda com carnes semiprontas para o cliente finalizar em casa – mignon, contrafilé ao molho madeira, e posta branca ao molho sugo recheada com linguiça calabresa, cenoura e vagem, cozinhada na panela de pressão. “Dá para cortar com uma colher”, garante o chef.

Serviço

Restaurantes Victor. WhatsApp: (41) 99708-0672; restaurantesvictor.com.br

Cantina do Délio. (41) 3078-0010; www.cantinadodelio.com.br

Viktor Machado Gastronomia. (41) 99186-1487; viktormachadogastronomia.com.br

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