Conheça a história do Baviera, cantina italiana que comemora 50 anos

Desde a inauguração, no centro de Curitiba em 1972, a casa nunca alterou o cardápio, nem a decoração

Nesta semana, o restaurante Baviera, no centro de Curitiba, comemora 50 anos de funcionamento ininterrupto com um cardápio e um conceito fiel a si mesmo: neste meio século, nem o cardápio e nem a decoração sofreram alterações.

Time que ganha não se mexe, diz a sabedoria popular. É com esse pensamento que o empresário Márcio Borges comprou a tradicional cantina italiana e assumiu a gestão em meados do ano passado (ouça a entrevista que ele deu no podcast de gastronomia do Plural, Os Gastronautas).

“Os clientes, sobretudo os mais antigos, me pegam pelo braço, olham nos meus olhos e dizem: ‘não pode mudar nada’. Eles podem ficar tranquilos, não vou mexer nas receitas, nos ingredientes utilizados no preparo dos pratos, nem na decoração, que é o que encanta quem vem até aqui”, garante o empresário, que foi cliente por 20 anos e quando soube que o restaurante estava à venda não perdeu a oportunidade.

Márcio Borges, novo proprietário do Baviera, garante que nada vai mudar. Foto: Tami Taketani/Plural.

Fundada em 10 de maio de 1972 pelo empresário Giovanni Muffone, filho de um banqueiro da região do Piemonte que veio ao Brasil a trabalho, a cantina ficou famosa pela comida farta e bem executada.

A sopa de cebola gratinada no forno à lenha com queijo parmesão uruguaio (R$ 48 individual) – que é servida como entrada, mas de tão caprichada pode fazer as vezes de um prato principal – e o calzone de ricota cremosa, escarola e bacon (R$ 98 para duas pessoas ou R$ 110 para quatro) viraram ícones premiados da casa.

Sopa de cebola gratinada no forno à lenha com parmesão. Foto: Tami Taketani/Plural.

A localização “difícil” – a entrada dá de frente para a trincheira na esquina das alamedas Dr. Muricy e Augusto Stellfeld – nunca afastou a clientela noturna ou impediu que o restaurante prosperasse. Sinal de que se come muito bem.

O ambiente que hoje abriga o salão para 120 pessoas, antigamente integrava o porão da casa, quase centenária, que fica no andar de cima. O salão é dividido entre o piso térreo e o mezanino, espaço de onde se tem uma vista privilegiada da decoração, cujos itens são oriundos da extinta loja de antiguidades de Muffone.

Miguel Gogola comanda o forno à lenha do Baviera há 43 anos. Foto: Tami Taketani/Plural.

As luminárias em estilo Art Nouveau são originais da Tiffany, as mesas têm os pés em formato de coração e nas paredes estão pendurados antigas lanternas que antigamente funcionavam com velas. Na entrada, um antigo alambique de cobre batido a marteladas, cuja data de fabricação é desconhecida, dá as boas-vindas aos comensais.

Neste restaurante que parece viver num tempo suspenso, a equipe da cozinha é, por dizer o mínimo, rodada. Os irmãos Miguel e Valdo Gogola, os dois pizzaiolos que comandam o forno à lenha original, trabalham na casa há 43 anos e 39 anos, respectivamente.

Calzone de ricota e escarola é um ícone da casa. Foto: Tami Taketani/Plural.

O garçom Marco Antônio Bertoldi é conhecido da clientela mais velha há 40 anos e o assistente de cozinha José Renato da Mota, nascido no Ceará, acumula 37 anos de casa.

Como a Baviera funciona 363 dias ao ano – só fecha às vésperas de Natal e Réveillon – o forno à lenha fica aceso 24 horas por dia, todos os dias. “Só foi apagado uma vez, por 15 dias, no começo da pandemia”, diz Borges.

O forno à lenha é um equipamento essencial não só para preparar pizzas e calzones, mas também para finalizar pratos que precisam ser gratinados, como a sopa de cebola, a lasanha e o bife à parmegiana.

Entrada do Baviera: salão do restaurante antigamente era porão de uma casa quase centenária. Foto: Tami Taketani/Plural.

Desde que assumiu, Borges refez a cozinha, revitalizou a fachada e o salão, mas sem mexer na decoração, inclusive no característico enxaimel, técnica construtiva de origem alemã.

À exceção de uma carta de drinques, que está sendo desenvolvida, e uma futura reformulação da carta de vinhos (hoje enxuta), o menu vai permanecer inalterado. “Se você olhar o cardápio, não tem nenhum prato de peixes ou frutos do mar, nem uma sobremesa de chocolate. Mas qualquer mudança deve ser muito bem pensada”, diz o proprietário.

Luminária Tiffany em estilo Art Nouveau é um dos item de destaque da decoração. Foto: Tami Taketani/Plural.

O cardápio foca numas poucas entradas, como o provolone com óleo e alici ao forno (R$ 35), mas sobretudo no filé mignon em diversas variações: frito, à parmegiana, grelhado, no espeto e estrogonofe. Os pratos vêm acompanhados de saladas, batatas e arroz e custam de R$ 165 a R$ 175.

Para aproveitar o romantismo do local, o novo proprietário criou um menu de ambientações românticas em que o cliente pode optar por mesa posta, flores, pétalas de rosa e espumante, além de um menu em três tempos, servido com talheres dourados, sousplats e uma decoração da mesa especial.

Serviço

Rua Augusto Stellfeld, 18, Centro, Curitiba – (41) 3232-1995. Todos os dias das 18h às 0h. Instagram: @cantinabaviera.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima