Vereadores abrem mão de R$ 5,7 mi para regularizar lote invadido por condomínio de luxo

Parlamentares confirmam desconto de 75% no preço do terreno da prefeitura usado pelo condomínio para construir lago ornamental e quadra esportiva

Vinte e três vereadores de Curitiba aprovaram nesta quarta-feira, em segundo turno, a regularização de um lote de 8,8 mil metros quadrados de área pública de proteção ambiental invadido por um condomínio de luxo no Campo Comprido. Com a aprovação, a prefeitura abre mão de R$ 5,7 milhões relativos ao valor real da área e impostos não cobrados desde 2008, quando o terreno foi invadido. Mas promete usar um terreno obtido por permuta com o condomínio no Tatuquara para construir um parque.

A operação já havia sido denunciada pelo Plural e pela vereadora Professora Josete por prever a operação de permuta e regularização da área com desconto de 75% no preço da área pública invadida. O terreno de 8,8 mil metros quadrados é de mata protegida, mas além de cercar a área, o condomínio também construir um lago ornamental, quadras esportivas e um salão de festas no local. A invasão é hoje parte essencial do atrativo de venda de casas do condomínio, que têm preço médio de R$ 3 milhões.

Com o apoio em massa da bancada do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), na Câmara, o projeto foi aprovado nos dois turnos com 24 e 23 votos favoráveis. O grupo seguiu a orientação do vereador Tico Kuzma (PSD), líder do prefeito, para aprovar a iniciativa. Mas também tentou justificar a decisão alegando “fiscalizar a incorporadora” para que ela não invada mais terras públicas, disse em plenário o vereador Ezequias Barros (PMB).

Outro vereador, Rodrigo Reis (União) alegou ter feito “trabalho investigativo” e descoberto que a incorporadora teria “salvo” a área invadida pelo condomínio de outros invasores, esses pobres, que teriam construído moradia no local. Os vereadores da base também mostraram em plenário vídeos feitos de dentro do condomínio que mostravam a beleza natural do local.

Os R$ 5,7 milhões que a prefeitura poderia obter na venda do terreno pelo valor real poderiam financiar a implantação de um novo parque. No entanto, sem esse recurso, a prefeitura hoje não tem no orçamento da cidade para 2023 previsão de recursos para uma obra do gênero, o que significa que apesar do terreno no Tatuquara que passa a ser do município, a transformação do espaço em parque ainda precisa ser viabilizado com recursos públicos.

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3 comentários em “Vereadores abrem mão de R$ 5,7 mi para regularizar lote invadido por condomínio de luxo”

  1. Deixa eu ver se eu entendi, uma grande empresa incorporadora pode invadir um terreno público e cercá-lo, pois assim vai proteger a área dos pobres que não tem onde morar e podem querer invadir?
    Pobre incorporadora, ainda vai ter que pagar 1/4 ou menos do terreno, em permuta com outro comercialmente não atrativo.
    O que seria de nossa cidade sem o senso de justiça social da nossa câmara municipal?

  2. Essas doações que os vereadores andam fazendo com o patrimônio alheio deveriam ser melhor investigadas. Quem sabe cruzando informações dos “doadores” de campanha, com a dos votos que os vereadores deram, explique essa bondade repentina e essa vontade de fazer cortesia aos ricos da cidade, com o chapéu alheio.

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