Mortes de faxineiras, vigilantes e motoristas aumentam mais de 200% em Curitiba

Óbitos de trabalhadores de setores que não pararam na pandemia, nem puderam fazer home office, aumentaram

O número de contratos de trabalho de faxineiras, vigilantes, motoristas e outras 9 profissões encerrados por morte do trabalhador em Curitiba, em janeiro e fevereiro de 2021, aumentaram, em média, 225% em comparação a janeiro e fevereiro de 2020. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) sistematizados pela Lagom Data a pedido do Plural.

As faxineiras foram as profissionais com maior número de mortes no período: 11. Em 2020, haviam sido 4 óbitos no mesmo período. Vigilantes e motoristas de caminhão registraram 9 mortes cada. No caso dos motoristas, o encerramento de contratos de trabalho por óbito aumentou 800% em relação a janeiro e fevereiro de 2020, quando só um caso foi registrado.

Isso apesar dos dados só mostrarem a situação em janeiro e fevereiro. Em março, a situação da pandemia piorou muito na Capital paranaense.

A lista das 12 profissões com 5 ou mais óbitos no primeiro bimestre de 2021 mostra uma prevalência de categorias que não puderam parar de trabalhar durante a pandemia. É o caso dos operadores de caixa, porteiros, motoristas e cobradores do transporte coletivo, todos com aumento no número de contratos encerrados por óbito no período.

O caso de motoristas e cobradores de ônibus é emblemático. Em todas os decretos de restrição de atividades não essenciais da Prefeitura de Curitiba desde o início da pandemia, o transporte coletivo permaneceu em funcionamento. E apesar da determinação da limitação da ocupação dos veículos em 50% ou 70%, casos de ônibus circulando lotados permaneceram comuns.

Se considerados os setores de trabalho, o transporte de passageiros teve um total de 9 desligamentos de trabalhadores por óbito em Curitiba em janeiro e fevereiro de 2021, para 2 no mesmo período de 2020.

Para defender a manutenção do serviço, a secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, afirmou em várias ocasiões que a transmissão do vírus nos ônibus de transporte coletivo é baixa, com base num estudo que teria sido realizado pela Prefeitura, mas que nunca foi divulgado. A Urbs, entidade responsável pelo transporte coletivo, também afirmou ter detectado uma taxa de casos positivos de Covid-19 de apenas 4,3% após ter submetido a exames todos os motoristas da cidade uma única vez.

As informações do Caged não detalham a causa do óbito, mas são uma maneira importante de verificar o aumento da ocorrência de mortes entre trabalhadores formais durante a pandemia. Em 2021, só em Curitiba, 229 trabalhadores com contrato formal morreram em janeiro e fevereiro. No mesmo período de 2020, quando não havia ainda registro de óbito por Covid-19 na cidade, foram 125 óbitos, 83% a menos.

O número de mortes no primeiro bimestre de 2021 também é maior que os registrados em 2019, mas a comparação entre os dados não é recomendada, pois em 2020 o governo federal implantou o Novo Caged. Em janeiro e fevereiro de 2019 foram 160 contratos de trabalho encerrados por óbito.

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4 comentários em “Mortes de faxineiras, vigilantes e motoristas aumentam mais de 200% em Curitiba”

  1. NILSON FERNANDO DE LIMA SANTOS

    Boa noite galera!!
    Sou motoboy e passamos pelo mesmo problema, a falta de respeito com o semelhante é triste.
    Ninguém quer respeitar o isolamento e quem respeita e taxado de Ot%$$#

    Cuidem se pessoal…não e fake news

  2. Pessoal que atua nesses setores deveriam ter prioridade na vacinação . A velhacada aposentada tem mais é que ficar em casa…

  3. Eu não consigo entender como ainda existem pessoas que são contra a compra de vacinas pela iniciativa privada. Esses trabalhadores estão colocando a vida em risco, eles deveriam ser vacinados. Muito triste isso.

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Caro Romulo, não existe vacina para todos, por isso a fila deveria ser única, de forma a garantir que chegue primeiro aqueles com maior risco de complicações. A falta de vacinas não é resultado da falta de dinheiro do governo para comprá-las. É resultado da incompetência e falta de vontade do governo federal em agir para garantir as doses necessárias. O país já vacinou sua população outras vezes sem maiores dificuldades.
      A criação da fila dupla é um desrespeito à constituição e uma forma de criar falsa esperança na população. Ninguém no país, com exceção do governo federal, tem condições, recursos para comprar vacinas.

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