Homofobia impede estudante de alugar quarto em Curitiba

Dono do imóvel colocou orientação sexual do jovem como empecilho para fechar negócio: “Prefiro alugar para heteros”, disse ele no primeiro contato

Lucas Vasconcelos tem 21 anos é natural do interior de Santa Catarina e está em Curitiba há três anos. Desde que chegou, para estudar Jornalismo, já presenciou situações de homofobia e chegou até a ser agredido na rua. Nesta semana, Lucas voltou a vivenciar o preconceito por sua orientação sexual. Ao tentar alugar um quarto, recebeu do dono do imóvel a seguinte resposta: “Prefiro alugar para héteros”.

A conversa teve início por um site, no qual o proprietário anuncia o aluguel de um quarto em apartamento no Ecoville, próximo das universidades. O valor seria de R$ 1,2 mil mensais, havia dois quartos vagos e estavam disponíveis para “todos os sexos”.

“Procuro um(a) roomate. Tenho um quarto disponível no apartamento onde o condomínio oferece várias comodidades, como academia, carro compartilhado, salão com churrasqueira, etc. Valor de R$ 1.200 com contas inclusas. Apartamento próximo a UTFPR e a UP”, dizia o anúncio online.

O estudante, então, mandou uma mensagem com seu número de celular e logo o anunciante entrou em contato:

“Essa mensagem se caracteriza como homofobia; é uma discriminação, um impedimento de acessar um local por sua orientação sexual, sem nenhum critério de razoabilidade ou respaldo jurídico, pelo contrário, não há justificativa adequada, racional, legal ou constitucional, mas sim discriminatória, o que a classifica como homofobia. É lamentável que essa situação tenha acontecido. O jovem deve acionar os meios jurídicos cabíveis”, avalia a advogada Mariana Paris, especialista em Justiça de Gênero e pesquisadora da Clínica de Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Faculdade de Direito da Universidade de Paris.

Lucas diz que está analisando o que fazer ao lado da família e do advogado. “Sempre tive o apoio da minha família, mas fico muito triste. Sei que acontece comigo, que sou branco e da classe média, mas não da forma escancarada como é com outros colegas, em situações menos favorecidas.”

Ele lembra que o último ataque que sofreu foi na rua, no Campo Comprido, quando dois homens, além de o assaltarem, o agrediram fisicamente. “Eles me batiam e diziam que era pra eu aprender a virar homem, que eu era um ‘viado’”, recorda, com lamento. “Sorte que parou um carro e desceram duas pessoas pra me ajudar; aí os caras saíram correndo.”

Anúncio em um site de aluguel de quartos

Para Mariana, a tentativa de Lucas de alugar o quarto teve um crime como resposta. “Temos aí uma forma típica de manifestação da homofobia, a restrição dos lugares e a violência simbólica por conta da orientação sexual. Algo que vem sendo mais combatido e visibilizado, o que é importante para evitar novos crimes.”

A reportagem entrou em contato com o dono do quarto para locação, porém, ele disse que não tinha nada a falar e desligou o telefone rapidamente.

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