A greve geral do funcionalismo paranaense começou com o governo Ratinho Jr. (PSD) fazendo afagos às categorias policiais, na esperança de desmobilizar civis e militares e enfraquecer o movimento. Por outro lado, os sindicatos se articulam para ampliar a adesão nas demais categorias, especialmente na educação. Ainda não há balanço definitivo do primeiro dia de mobilização.
A conversa entre governo e policiais surgiu depois de uma carreata de policiais na segunda-feira, que deixou claro o acirramento de ânimos da categoria. Os policiais desfilaram com viaturas estragadas e cujo conserto supostamente foi superfaturado. O apoio dos policiais ao movimento, ainda que por meios indiretos, é o maior receio do governo. (Leia mais sobre isso aqui.)
Na segunda à noite, o chefe da Casa Civil de Ratinho Jr. (PSD), também fez uma reunião com o Fórum das Entidades Sindicais (FES), que representa os sindicatos dos servidores, pedindo uma semana para apresentar uma proposta de atendimento às principais demandas dos grevistas.
“Precisamos trazer todo mundo para fazer uma avaliação coletiva [da posição do governo]”, salienta a coordenadora do Fórum de Entidades Sindicais (FES), Marlei Fernandes.
Também pela manhã, uma reunião com os 16 deputados da bancada do serviço público aconteceu na Assembleia Legislativa do Paraná. Os servidores devem insistir no pedido de reunião com o governador Ratinho Jr., que ainda não foi atendido. “Não queremos nenhuma ruptura, o movimento de greve significa que a reivindicação não foi atendida ainda”, esclarece Marlei.
De acordo com a coordenadora, o movimento solicitou o reajuste da inflação dos últimos 12 meses, estimada em 4,94%. “Se não é possível os 17%, porque é um valor muito extremo, zero também é um valor muito extremo”, declarou.
Ainda não há um balanço geral da adesão à paralisação, mas Marlei avalia positivamente o início da movimentação: “A greve está começando, mas ela já começa forte”, pontua.
Até o momento, apoiam o movimento nove entidades ligadas à Polícia Militar; o Sindipol e o Sindespol, atrelados à Polícia Civil, a APP Sindicato, dos trabalhadores de educação; o Sintespo, de Ponta Grossa; o Sindiseab e o Sindipol do Paraná, além do Sinpoapar, dos peritos e do Sindarspen, dos agentes penitenciários.
Nesta quarta, devem aderir à paralisação as entidades ligadas ao ensino superior, como o Sindiprol UEL e representações da UEM. Ao todo, cerca de 28 entidades debatem a questão. Há previsão de que a greve cresça ao longo da semana.
Representantes do movimento estudantil, ligados à UPES e à UNES também estiveram presente e se colocaram favoráveis à pauta dos servidores, em especial, ligados à educação.
De acordo com a coordenação da FES, desde abril foram feitas oito reuniões com o Governo. “Não temos problemas em debater proposta, mas é preciso que tenha uma proposta. A partir de proposta é que vamos levar para as categorias e debater”, salientou Marlei.